PARTILHA

Esse espaço é feito para os atores expressarem suas opiniões sobre os ensaios, apresentações e vivencias do grupo.

ENCONTRO DO DIA 17 DE FEVEREIRO DE 2013

Lucía Spivak


Fazia tempo que não acontecia comigo, o cansaço me influenciou muito no último ensaio. Estava cansada e com baixa energia. Isso dificultou muito para mim, especialmente em relação à composição e à criatividade. A partir disso surgem reflexões sobre a relação do “eu cotidiano” e do “eu ator”: até que ponto podemos nos desfazer do “eu cotidiano” na hora do trabalho? Será que quanto mais "experimentado" o ator é mais ele controla essa relação?


ENCONTRO DO DIA 10 DE FEVEREIRO DE 2013

Lucía Spivak


Ensaiar num local arejado, cheio de verde e com clima de chuva me trouxe automaticamente a inspiração que precisava para compor a musica do inicio do espetáculo. Saiu de primeira e fluidamente como saem as coisas que fazem sentido na hora...
O ensaio foi delicioso, nesse local especial fizemos um interessante exercício de sequência de ações que na repetição foram mostrando a dificuldade que temos de construir a poética das cenas. Agir não é tão difícil, mas agir em relação aos outros, agir compondo uma cena, sendo esta natural e não forçada, é bem mais difícil. Nesse trabalho ficamos um bom tempo, e o considero muito útil e importante no nosso processo.
Na hora de trabalhar com o espetáculo propriamente dito, começamos a mexer nas cenas novamente (e pela ultima vez antes da estreia). Como sempre digo, acho delicioso esse momento do processo, onde tudo começa a cobrar novos sentidos, novas lógicas, novos jogos aparecem. Ainda temos o nosso eterno problema, o jogo, a proposta vem sempre do Juliano, nós ainda não conseguimos jogar tudo o que poderíamos, tenho certeza disso, e acho que esta na hora de começar a ousar mais, sair do molde, nós mesmos criarmos novas poéticas e jogos nas cenas. Vamos tentando... 


Elton Pinheiro


Em um local bem agradável demos continuidade aos nossos ensaios/trabalhos. Fizemos um exercício muito interessante que envolve a percepção para o jogo cênico. Como se relacionar com o companheiro de cena a partir de uma ação corporal ou verbal? O que a outra pessoa faz que leva você a se relacionar com ela sem ser forçado e sim sendo sentido? Parece ser simples de fazer, mas não é. Creio que conseguimos atingir um resultado satisfatório para um primeiro momento, mas é claro que não foi o suficiente. Esse tipo de exercício é um daqueles que por mais que você faça, sempre vai ter algo novo a ser feito e mais interessante. Me agradou muito fazê-lo
O ensaio do espetáculo foi dedicado aos ajustes das cenas. Uma cena minha em especial foi muito trabalhada e mudada. Está sendo complicado lidar com algumas dificuldades. Isso está me incomodando muito, pois está sendo mais difícil de lidar do que o normal e já era para ter resolvido. Espero que os vídeos que estamos fazendo me ajudem nesses ajustes. Preciso trabalhar mais!


Jeziel Santana


Um encontro/ensaio num local inédito, visual e atmosfericamente era agradável. A poeira e frieza do chão, o eco, o vento me remetem ao período em que começaremos a apresentar, quando estabeleceremos uma relação com cada local de apresentação, que sempre possui  suas particularidades. Qual será a reação? Que jogo será estabelecido?
A vertigem esteve presente no exercício de aquecimento, o que há muito tempo não se construía: colocar o corpo em um estado não tão comum, se comparado ao cotidiano, nos permite trabalhar com outras possibilidades que são mais apropriadas cenicamente. Com o propósito de jogar com os dados e informações fornecidas pelos parceiros de cena que começamos o nosso aquecimento corporal. O questionamento durante o exercício foi provocado, a resposta esperada não foi tão imediata, de qualquer modo a poeticidade começou a aparecer durante o exercício em alguns movimentos/partituras corporais.
Remarcar as cenas com outro olhar renova o espetáculo, nos tira de um lugar, onde quase cristalizamos a atuação, antes mesmo da estreia. O que não nos permite novas pesquisas? Será medo de arriscar? Ou acomodação em uma zona de conforto?
A releitura do espetáculo gera um efeito dominó; a alteração provocada na primeira cena exerce influência diretamente na última cena. Os ajustes são mínimos, é quase a hora do show, e que se abram as porteiras, soltem o touro e gritemos – olé!!!

ENCONTRO DO DIA 03 DE FEVEREIRO DE 2013

Jeziel Santana

Um tempo... ausência, reflexão, apropriação, corpo destreinado, instalação... A sonoridade do espetáculo começa a se estabelecer; ainda há um caminho a percorrer.
Os exercícios utilizados para aquecimento foram bastante intensos e necessários. É preciso colocar o corpo em estado de trabalho para buscarmos o preenchimento de cena, discutido no dia. Por um instante retomo essa análise, qual a dificuldade? A falta de repertório, o não entendimento da pesquisa (acredito que não seja), a falta de resposta do corpo? Muitos questionamentos, a resposta só virá com a execução, com a prática, com o touro na arena... assim penso.
Chegou a hora de despertar as vozes que pareciam adormecidas e ao mesmo tempo não houve dificuldade em reorganizá-la; o momento de preparação vocal seguiu sem grandes problemas; por outro lado, não sei se posso dizer que houve um progresso.
Logo chegará a hora de gritarmos: Olé!!!


ENCONTRO DO DIA 16 DE NOVEMBRO DE 2012


Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
No ultimo ensaio gravamos todas as partes cantadas da peça para mandar para o Rafael que vai compor a trilha das cenas baseado nessas gravações. Foi uma boa experiência, especialmente para os meninos que não estão habituados a fazer esse tipo de coisa. Foi bom também para polir o máximo possível os erros e as inseguranças. O mais importante agora é ir deixando esses cantos o mais naturalmente possível nas cenas, especialmente se acostumar com o fôlego que muda muito na cena em relação a quando cantamos parados. Enfim, muita coisa para ir acomodando. O bom é que as cenas estão todas prontas, agora só resta passar o espetáculo infinidade de vezes para ir polindo ele e esperar as mudanças que virão com a iluminação, o figurino e a sonoplastia.


ENCONTRO DO DIA 04 DE NOVEMBRO DE 2012


Lucía Spivak – Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Fiquei dois ensaios sem escrever partilha. Não foi de propósito, teve a ver com a correria da minha vida, mas me chama a atenção um pouco; por isso refleti a respeito. Tive correria, tive preguiça, mas também fiquei sem palavras. Acho que os últimos ensaios foram de alguma maneira uma continuação dos anteriores. Quando pensava em escrever a partilha só conseguia pensar em dizer as mesmas coisas, então desistia. Depois, fiquei pensando que então o silencio talvez não fosse tão ruim, simplesmente era uma forma de continuidade das minhas últimas palavras no trabalho.
O último ensaio foi um pouco diferente. Tivemos que cronometrar as cenas para que o Rafael possa compor as trilhas com essas durações. Foi interessante ficar mais consciente dos tempos de cena, sentir quanto dura cada ação, cada “movimento”. Acho que isso já monta em si uma composição musical. E começo a imaginar a trilha vindo preencher o espaço de cena... Estou bem ansiosa para ver como isso vai ficar.

ENCONTRO DO DIA 27 DE OUTUBRO DE 2012

Jeziel Santana - Ator do Eu-outro Núcleo de Pesquisa Cênica.
Começamos a instituir um ritmo melhor para o nosso ensaio. Dessa vez, para mim, trouxemos a cena para o aquecimento, ao contrário do que costumamos fazer, geralmente os nossos exercícios são utilizados/executados poeticamente em cena, assim como relatado na partilha anterior; agora vimos cenas durante o exercício, os corpos eram pesquisados e doavam-se a pesquisa; ousamos, confiamos, nos entregamos. E ainda que houvesse apenas uma pesquisa vocal acoplada, que não pode ser realizada por fatores externos, ainda acho que em muitos momentos a voz surgia naturalmente do corpo em trabalho.

ENCONTRO DO DIA 21 DE OUTUBRO DE 2012


Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Depois de um longo período sem ensaio, foi um dia de readaptação, o aquecimento com exercícios circulares foram pouco intensos fisicamente falando, porém não menos efetivos. A relação que se estabelece direta e indiretamente com espetáculo é fortíssima; e como já dissemos em partilhas anteriores os exercícios são utilizados em cena de forma poética, isso deixa o nosso trabalho bastante produtivo.
Pudemos constatar que pra mim, ainda há uma grande dificuldade de conexão do corpo com a voz, ainda é preciso uma pesquisa mais intensa ou utilizar outros caminhos para alcançar a naturalidade vocal esperada.

ENCONTRO DOS DIAS 15 E 16 DE SETEMBRO

Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Final de semana de trabalho muito intenso. Foram no total 14 horas de ensaio concentrado e rendidor. Terminamos extremamente esgotados, mas valeu muito a pena. Duas coisas fundamentais aconteceram para mim nos ensaios. Uma mais pessoal, a outra mais grupal e em relação direta com o rumo que o espetáculo está tomando.
Pessoalmente vejo uma evolução constante nas minhas possibilidades corporais. E não só eu vejo, os outros integrantes e o Juliano destacam também. Para mim é muito importante o apoio do Juliano e do grupo inteiro. Sinto que seria muito mais fácil deixar que eu não fizesse certas coisas, as cambalhotas, paradas de mão, paradas de cabeça, e outras coisas de acrobacia que nunca foram o meu forte. Mas não, neste grupo todos experimentamos tudo, todos passamos pelas nossas dificuldade para trabalhá-las e melhorar. Cada um com as suas possibilidades, com as suas limitações. Assim como o Welinton tem dificuldade com a voz e nós o ajudamos na sua evolução (que é constante) a mesma coisa acontece com a minha destreza física. Estou conseguindo fazer coisas que nunca tinha feito na vida e isso, além de ser gratificante e útil para a cena, está transformando o meu modo de ver e viver meu corpo na vida cotidiana. É fascinante!
Em relação à montagem, ficamos mexendo cena por cena até o mínimo detalhe. Pela primeira vez percebemos o quanto é importante trazer o texto para o jogo. Não adianta nada estar jogando com o corpo se o texto está sem relação. É um desafio para todos nós. Mas é fundamental que consigamos essa relação, acho que o espetáculo está tomando um rumo muito interessante e gostoso, é só entrar na brincadeira, se jogar inteiramente e entender o sentido deste grande jogo.

Elton Pinheiro - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Ensaio intenso de dois dias seguidos após uma pausa para o feriado. Foi uma volta maravilhosa. Não pelo fato de sair perfeito as coisas, pelo contrário, devido ao fato de ajustar as cenas, fazer um trabalho focado em todos os detalhes de cada uma. Senti muita dificuldade em passar uma parte minha. Eu pensava a cena de outra forma, me preocupava mais com o corpo e pouco em como dar o texto e foi nesse ponto que trabalhamos muito. Fora de cena consigo entender bem o que o Juliano pede, mas no durante sai diferente mesmo eu tendo a consciência de que estou fazendo “errado”. Mas isso é um processo natural para mim, em todos os meus trabalhos como ator e sei que com dedicação chegarei no caminho desejado. Tenho que ressaltar também os exercícios realizados com o corpo que foi interessante e produtivo. Cada vez mais descubro maneiras de lidar com meu corpo em diversas situações. 


Welinton Machado - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Dois dias seguidos de ensaios bastante intensos. Como já temos o esqueleto do espetáculo, agora é a hora de pesquisar cena por cena, de brincar com cada detalhe e principalmente com o texto. Até esse momento, vínhamos desenvolvendo uma pesquisa corporal extremamente interessante para o espetáculo, e é claro que essa pesquisa continua, mas nesses ensaios, Juliano nos lembrou também da importância e da beleza do texto “O Touro Branco”. Agora acho que entendemos o caminho que iremos seguir e como devemos jogar, e isso só faz com que o espetáculo se torne ainda mais interessante para mim.

Como já destaquei em outras partilhas, todos nós estamos em um processo de crescimento, e essa evolução é nítida e isso me deixa extremamente feliz e orgulhoso. 

ENCONTRO DO DIA 02 DE SETEMBRO DE 2012

Lucía Spivak – Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Felizmente conseguimos. Conseguimos jogar. Com certeza estamos longe ainda do nível de jogo que precisamos no espetáculo e que iremos atingir mais adiante. Mas pelo menos conseguimos jogar um pouco. Foi a primeira vez nos ensaios sem o Juliano que realmente desfrutei de passar o espetáculo inteiro. Foi gostoso, teve tesão, teve jogo, teve encontro... E realmente acho que essa é a maneira em que a criatividade começa a aparecer, em que os muitos jeitos possíveis de estar em cena ganham vida, e portanto ganha vida o espetáculo também. Acho que estamos no caminho certo e espero com ânsias o intensivo de ensaios que vira a continuação.

Elton Pinheiro - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Me atrevo a dizer que nosso último ensaio foi uma grande mistura de sensações e impressões. Experimento, tentativas, cansaço, raiva, diversão, satisfação, frustração, ideias e dor. Isso tudo foi maravilhoso e rendeu um ótimo ensaio. Mas algo me incomodou muito, coisa que eu tinha pensado em fazer antes de passarmos o espetáculo, não consegui realizar. Umas por conta de incompatibilidade com a cena e outras por esquecimento. Tenho agora que me apropriar mais do espetáculo para essas criações extra ensaio começarem a dar certo.

ENCONTRO DO DIA 25 DE AGOSTO DE 2012

Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
 O último ensaio foi inspirador para mim em vários aspectos. Para começar, tivemos uma amostra do que será a nossa iluminação. Saber que além de atuar em cena, criar os nossos figurinos e as nossas músicas, também as nossas luzes serão criadas por nós foi uma noticia boa e gostosa. Acho que quanto mais envolvidos os atores estiverem na produção da peça, mas profundo é o vinculo com ela.
Mais tarde no ensaio, trabalhamos detalhadamente os rituais, especialmente as vozes do Jeziel e do Elton. O Juliano ficou limpando o jeito deles de cantar e os guiando para o que ele quer na cena. Para mim isso é importante, porque apesar do nosso trabalho de pesquisa vocal ser quase igual, e sempre concordamos em tudo, ele tem uma percepção do que se precisa para a cena com uma exatidão do olhar de diretor, que eu não tenho. Isso é muito legal porque complementa o trabalho de voz que eu faço com os meninos.
Para terminar tivemos uma conversa para mim fundamental, em relação à importância do jogo. Mais uma vez tivemos que relembrar o quanto é importante jogar em cena, brincar, sentir o tesão, a adrenalina... Especialmente neste espetáculo onde estamos contando um conto, uma lenda, um mito… é brincar de Touro Branco. O Juliano falou para nós o quanto girar essa chave vai determinar se o nosso espetáculo é bom ou não. Concordo plenamente e só de conversar sobre isso, já me enchi de ansiedade, de vontade de brincar, de fantasia...

Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica.
Um dia de experimentos corporais, alguns aquecimentos oriundos da dança e depois explorar/utilizar/descobrir o corpo do parceiro, foi muito bom realizar os movimentos pesquisando o próprio corpo no corpo do outro, isso resultou em cumplicidade e início de um bom caminho a percorrer.

No momento de mostrar o trabalho do ensaio anterior, fiquei satisfeito que o nosso trabalho teve bons frutos. Os ajustes dos rituais levaram tempo. Ainda acho que a maturação das idéias nos dará melhores resultados, pelo menos pra mim; entender o que se pede para cena e transformá-la em ação corporal/vocal não é tão instantâneo assim. Como disse o Juliano é preciso brincar, e enquanto entendermos o espírito dessa brincadeira encherá mais ainda os nossos olhos.

Welinton Machado - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Nesse encontro testamos a luz do espetáculo, os efeitos que vimos foram impressionantes, e isso só aguça a nossa vontade de apresentar.
Fizemos alguns exercícios voltados para o espetáculo, como de costume. Senti bastante dificuldades em alguns momentos, provavelmente porque meu corpo não estava atenso como deveria estar, principalmente nos exercícios que envolvem ritmo e tempo. Porém, quando fiz um exercício com o Jeziel conseguimos nos ouvir muito bem corporalmente e criar possibilidades de cenas extremamente interessantes.

Estamos focando nas cenas dos rituais, que aparentemente são as mais difíceis do espetáculo e os resultados que estamos conseguindo estão sendo bastante satisfatórios. Começamos também a dar prioridade a cena do grito de guerra, e essa também me põe em dificuldades por ter que lidar com tempo e ritmo, mas acredito que com os ensaios eu consiga lidar com isso. 

ENCONTRO DO DIA 19 DE AGOSTO  DE 2012

Elton Pinheiro - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Nesse nosso ensaio realizado domingo parece que o tempo passou voando. Focamos um bom tempo em cenas de rituais que teremos no espetáculo, por meio de vídeos, pesquisas vocais e pesquisas corporais. Um elemento novo para Jeziel e eu estava presente nesse ensaio, a nossa saia. Ela possibilitou vários movimentos plasticamente, mas também limitou muitos movimentos corporalmente. Precisamos pensar em como utilizá-la sem que esse fator negativo aconteça. Procurei explorar bem a saia durante os rituais que mencionei e durante o espetáculo todo também, buscando novas maneiras de realizar as cenas. Senti-me bem a vontade realizando esse experimento e começo a perceber o quanto pode ficar bom. Novamente senti cansaço demasiado quando terminamos o ensaio e preciso mais do que nunca lidar com isso e buscar meios extra ensaios para melhorar minha forma.

Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Mais uma vez começo a partilha apontando o quanto pra mim é importante os dias de ensaio sem o Juliano, o exercício da criação efetivamente acontece, as propostas vão surgindo e apresentadas ao grupo, até porque será necessário mostrar ao diretor algum resultado que tivemos do nosso encontro.
Começamos a propor novas coisas para os rituais, o Elton consegue aproveitar os elementos que estão disponíveis e utilizá-los muito bem em cena, acho que é um ganho bem grande, afinal está diretamente ligado a nossa pesquisa.
A repetição gera um cansaço, tanto físico quanto mental, que começa a ser desinteressante para o nosso trabalho, a qualidade das cenas começa a cair, o corpo e voz já não respondem de maneira suficiente para sustentá-las.
Durante a pesquisa vocal, não é possível negar que é preciso apurar a técnica para conseguirmos os resultados necessários, independente das situações diversas. Tivemos como exemplo a dificuldade de afinação do Elton, o que normalmente não acontece, no momento de ajustes vocais do ritual, depois do grande esforço físico da cena no momento anterior; tive a mesma percepção quando passamos a nossa cena final, que pra mim já foi difícil encontrar o nível de energia necessária para cena, com música corpo, ritmo e outros elementos.

ENCONTRO DO DIA 11 DE AGOSTO DE 2012

Welinton Machado - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica

Nesse ensaio pudemos perceber a sintonia em que o grupo se encontra. As possibilidades de jogos que surgiram na hora dos exercícios foram incríveis, um corpo completava o outro. Percebo que todos nós estamos num processo de crescimento, mas a evolução do Elton é o que mais nos chama a atenção. Também estamos em um momento de poder verbalizar o que aconteceu nos exercícios, e isso está sendo bastante válido, pelo menos pra mim. 
Focamos em uma determinada cena, a do ritual, que será uma mistura de palmas, vozes e cantos, tudo muito sincronizado, e o resultado ficou muito bonito. E acho importante salientar que na nossa pesquisa vocal estamos começando a compreender a relação corpo/voz, e a meu ver esse espetáculo tem muita influência nisso.

Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica

Começo a escrever esta partilha com um tanto de dificuldade. A proposta é que as nossas partilhas sejam o menos subjetivas possíveis para poder transmitir a quem as lêem, noções diretas e compreensíveis sobre o trabalho. Mas no nosso ultimo ensaio tudo se misturou tanto na minha cabeça que hoje não posso separar. O nível que atingimos no trabalho me provoca uma emoção muito pessoal que não me permite escrever de uma maneira objetiva.
Nos exercícios iniciais do ensaio comprovei o quanto o meu corpo evoluiu no trabalho. Especialmente em relação à entrega, à disposição... a minha eterna preguiça parece estar se esfumando cada vez mais e essa disposição leva automaticamente a resultados mais eficientes. Estou descobrindo coisas que posso fazer com o meu corpo que nunca teria imaginado. O mais importante de tudo isso é que sei positivamente que é um resultado do trabalho em grupo. Quero dizer que, o fato de eu estar conseguindo me desenvolver melhor no trabalho não é um mérito meu, ou somente meu, e sim tem muito a ver com o trabalho em grupo, de como estamos nos relacionando. O fato de sermos poucos no grupo faz com que a intimidade de trabalhar com o corpo do outro seja cada vez mais profunda, então a confiança também aumenta e isso facilita a ousadia para ir além com a pesquisa. Tudo isso vai passando aos poucos para a cena, para o espetáculo propriamente dito e é talvez a primeira vez no processo do Eu-Outro, que consigo imaginar uma relação verdadeiramente estreita entre os exercícios e a cena.
Hoje só posso dizer que anseio a estréia como nunca desde que começamos esta montagem...

Jeziel Santana - Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Realmente foi um dia de ensaio um tanto quanto diferente, e posso dizer que começamos com a passagem de texto durante o deslocamento até o local, o entrosamento já existe a partir daí, é impossível ignorar esse momento.
O frisson do dia ficou por conta do figurino, que nos deixou boquiabertos, com a beleza que se espera para o espetáculo, nos deu outra dimensão de atuação, e agora sabemos qual ação sobre nós, efetivamente o figurino terá em cena, pelo menos pra mim ficou essa sensação.

Encontrar a sonoridade, que será reproduzida pelos atores, necessária para as cenas foi um grande exercício. Entender o ritmo e assimilar com palmas e canto, pra mim, ainda é uma dificuldade, muito mais com o ritmo, que com a reprodução vocal, buscar maneiras de apropriação disso tudo, é uma tarefa que me cabe, ainda acho que o treino pode ajudar.

Dos exercícios físicos que fizemos e que serão utilizados em cena, pudemos perceber desde a evolução do Elton, e que nos dá grande possibilidade de trabalho, até a minha pouca escuta corporal, e que ainda assim conseguimos boas imagens possíveis para o espetáculo. Se em cenas em que a atuação é mais “solitária” o êxito existe como a dança com o tecido – cena citada na partilha anterior – fica uma reflexão; qual o caminho que devo tomar para que haja o mesmo resultado coletivo?


Elton Pinheiro - Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Fiquei feliz e satisfeito por ver minha evolução no meu trabalho e isso ser reconhecido pelos meus colegas/amigos. A cada ensaio eu procuro me dedicar ao máximo nos exercícios e começo a perceber melhor o quanto eles podem ser utilizados no espetáculo. Agora tenho que começar a colocar isso em prática nas cenas e ver até que ponto eu posso explorar tudo que venho realizando. 
O fato de que estar me entregando de fato aos exercícios, sem ficar pensando no que fazer e como fazer, sem ficar questionando e/ou com um pré-conceito sobre o que é proposto está diretamente ligado com esse meu progresso. Sempre soube que esse fato é verídico e já aconteceu isso comigo, mas percebo que nesse processo novo está sendo mais intenso. 

Preciso agora me dedicar mais durante a semana e não só durante os ensaios, e isso inclui exercícios físicos para melhorar meu condicionamento e minha resistência. 

Quero destacar também que senti uma interação quase perfeita com meus colegas. Foi um ensaio que fiquei muito exausto, mas que foi muito bom e satisfatório.


ENCONTRO DO DIA 04 DE AGOSTO DE 2012


Elton Pinheiro - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Estamos avançando com o espetáculo a cada ensaio. Isso é muito bom, é claro, pois além de ver a evolução e as melhoras, nos da um animo extra e uma vontade maior ainda de seguir com a montagem, não que eu estava desanimado e sem interesse. Passei sim por momentos de desanimo, mas não foi com o espetáculo e sim na minha vida pessoal. Nosso ensaio teve uma condução do ator Jeziel na parte de aquecimento. Ele nos passou exercícios de energização que aprendeu recentemente em um curso. Ao meu ver, foi algo bem diferente dos exercícios que vinhamos fazendo, mas nem por isso não foi interessante e válido. Apesar do desconforto que o aquecimento propõe, me senti a vontade em realiza-lo. 
Nosso trabalho vocal continua interessante e evoluindo. Minha percepção está em uma crescente, acredito eu, e acho que em um todo também. Sinto que nosso trabalho de corpo e voz está se intensificando de uma maneira que logo iremos obter ótimos resultados. 

Uma coisa, digamos que curiosa, está acontecendo comigo recentemente. Ao mesmo tempo que parece que não consigo perceber/compreender o que eu e os outros estamos realizando, eu consigo. Na hora de parar para analisar o que foi feito, tenho a percepção de perceber/compreender o meu trabalho e de meus colegas.    


Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Acho que no último ensaio demos um passo importante na pesquisa vocal. Pela primeira vez senti que os meninos conseguiram entender o que há tanto tempo tentamos transmitir, o Juliano e eu: a verdadeira relação corpo-voz. Uma relação onde é muito claro o quanto eles se influenciam mutuamente. Fizemos um trabalho onde eles deveriam cantar individualmente o mesmo trecho de uma musica primeiro parados e depois em movimento. Claramente se viu o quanto os movimentos influenciam na voz. A conclusão foi que devemos ter a consciência absoluta dessa inter-relação para poder escolher as qualidades de movimento sabendo o som que queremos produzir. Continuaremos com este trabalho.
Por outra parte começamos a compor o último ritual e foi muito gostoso lançar um desafio para o Jeziel e o Elton que deverão cantar e bater palmas numa linguagem desconhecida por eles. A primeira impressão é que eles vão conseguir faze-lo muito bem com um pouco de treino, veremos.
Ainda esta difícil lembrar as marcações de luz, especialmente sem ter os objetos reais para trabalhar, mas aos poucos vamos nos organizando e existe no ar uma sensação de caminhada para a frente que é muito boa para o trabalho.

Welinton Machado - Ator do Eu-Outro Nucleo de Pesquisa Cênica
Começamos o ensaio com alguns exercícios propostos pelo Jeziel, exercícios simples, mas que aqueceram bastante e fizeram com que entrássemos em cena com um corpo mais ativo. Lucía também nos apresentou algumas propostas vocais para a outra cena do ritual, coisas bem interessantes surgiram.
Ensaiamos o espetáculo pensando mais na parte técnica, mais precisamente na iluminação, para que possamos nos apropriar dela. O ensaio foi bastante satisfatório, estamos caminhando muito bem, mas nossas pesquisas continuam.  


Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica.
As marcações de luz ainda estão em fase de apropriação, logo estaremos mais livres para podermos brincar com toda essa estrutura que compõe o Touro Branco. A luz pressiona nosso corpo, e nos dá possibilidades para criar, brincar e com ela atuar.
A pesquisa vocal segue com bastante evolução, inclusive surgem observações bastante interessantes do grupo sobre os exercícios, o que pra mim, mostra que a percepção também está mais aguçada, se assim posso dizer. Momentos dos rituais também são marcados, dando mais corpo ao Touro Branco. E é assim que o nosso espetáculo se constrói como um quebra-cabeça que a cada dia uma coisa se encaixa, até o momento em que estiver pronto. Cabe a nós (diretor e atores) saber quais peças utilizar nos momentos certos.

ENCONTRO DO DIA 29 DE JULHO DE 2012

Jeziel Santana - Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Escolhemos alguns caminhos para a nossa pesquisa em busca de um corpo que chamamos de “atenso”; podemos citar as torções e a vertigem, entre outros. Para o Touro Branco, a pesquisa tem se baseado bastante na fluidez dos movimentos “dançados” sem esquecer os já aqui citados, que inclusive estão em cena, por isso o Juliano tem se preocupado em fazer aquecimentos onde possamos pesquisar movimentos possíveis para as cenas, através da dança. O aquecimento deste ensaio, depois de uma breve parada, foi intenso e com resultados positivos. A abertura para um momento em verbalizar as percepções dos colegas é um exercício e foi necessário para autoconhecimento e aguçar a percepção de grupo.
Finalizar a marcação de toda iluminação dá mais corpo, além de nos apropriarmos mais em todos os aspectos do espetáculo; começa a chegar a sensação de que realmente faltam apenas os detalhes para que seja visto por outras pessoas.
Fiquei muito feliz em ver a evolução do Welinton nos exercícios vocais, saber que cada um começa a superar as dificuldades individuais dando mais força ao trabalho coletivo.
Diferente do que havia falado em uma partilha anterior as imagens já têm presença garantida em o Touro Branco. Uma cena em que há uma dança com o tecido (uma das minhas preferidas) a energia que se instaura na cena chega a ser hipnotizante digo com um olhar de dentro da cena, acredito que não é diferente para quem a assiste.
As pesquisas ainda continuam. Será que a fluência e a precisão dos movimentos/espetáculo virão por meio da prática?

Welinton Machado - Ator do Eu-Outro Nucleo de Pesquisa Cênica
Antes de começarmos a ensaiar o Touro, fizemos alguns aquecimentos com danças e alongamentos. Acho esses exercícios de extrema importância, pois no decorrer deles consigo encontrar movimentos que podem ser utilizados no espetáculo, sem contar o prazer pessoal. A conversa que tivemos depois do exercício também foi muito válida, é sempre bom ouvir a opinião do outro sobre o seu desempenho, isso me fez pensar em algumas coisas.
Terminamos de marcar a luz do espetáculo, incrível como isso nos mostra outras possibilidades em cena, embora só tenhamos marcado a luz e não passado com ela ainda. E com isso, mais uma vez podemos ver o nosso jogo com o espaço, a luz, o som e o outro. 


ENCONTRO DO DIA 14 DE JULHO DE 2012

Elton Pinheiro - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
É impressionante como alguns exercícios/aquecimento modificam nossa estrutura de corpo. Tivemos contato com partes do nosso corpo que normalmente não nos damos conta de trabalhar em nosso dia a dia e até mesmo em exercícios. Partes que indiretamente trabalhamos, mas não com foco, como por exemplo, nossa escápula. Mexer com a clavícula, ombros, cotovelos, braços, mãos e escápula, e todas suas articulações, numa espécie de “massagem” sentindo o contato direto com elas, fez com que nosso corpo tivesse outro estado. Em particular eu tive uma dor excessiva comparado com as outras pessoas do núcleo, o que me fez pensar no motivo dessa dor e o que posso fazer para melhora-la. Não sei ainda, mas é caso de investigar. Quanto ao espetáculo, foi interessante pensar junto com o Juliano sobre a iluminação das cenas e ver como estão sendo resolvidas. Isso me despertou uma vontade de investigar novas maneiras, novos meios de se construir a iluminação de um espetáculo, e digo isso para a minha vida profissional como professor e diretor. É gostoso e satisfatório ver a evolução do espetáculo como um todo.

Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Um encontro um tanto quanto reduzido, mas extremamente produtivo. Começar a marcação técnica com passagens de luz e idealizar a sonoplastia preenche algumas coisas que pareciam faltar ao Touro Branco, mesmo sendo apaixonado pelo espetáculo em sua estrutura “crua”.
O que para a Lucìa parece dar uma estrutura, para mim, a marcação da luz deixa as coisas um tanto quanto “amarradas” e pode tirar a “liberdade” que até então vínhamos trabalhando. Como lidar com a liberdade criativa dentro de uma estrutura precisa e necessária?


Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica

Do ultimo ensaio sai com uma firme e interessante convicção: a forma e a estrutura dão uma segurança gigante ao trabalho. Para começar, o Juliano falou como estarão dispostas as luzes, isso já deu uma clara sensação de delimitação do espaço; depois fomos passando cena por cena parando para definir quais luzes serão utilizadas e quem vai ligar e desligá-las. Esse trabalho para mim mudou completamente a sensação dentro de cena. Inclusive sem o ensaio ter sido de “conteúdo” (ou seja que as cenas foram passadas “por cima”) o meu corpo pareceu se achar muito mais em cena, a sensação foi a de uma segurança enorme, a delimitação do espaço e a imagem de como serão as luzes fez com que eu me sentisse muito mais firme dentro de cena, como mais contida, mais em casa... difícil de explicar. Mas o importante é a conclusão à qual cheguei, a forma, a estrutura, a idéia de luz, de som, de direção no espaço, entre outras coisas, são gigantes na hora de montar um espetáculo.


ENCONTRO DO DIA 10 DE JUNHO DE 2012


Clarinha Dianesi - Produtora do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Ensaio com direito a plateia. Odilon Lamego, iluminador profissional que nos auxilia em nossas montagens, assistiu pela primeira vez O Touro Branco. É bom ver como alguém de fora pode nos dar algumas ideias muito interessantes. Como o diretor Juliano Casimiro não estava presente, pouco se discutiu a respeito da luz. Apenas alguns apontamentos foram feitos pelos presentes. Pelo menos agora o iluminador terá alguma base para pensar a luz do espetáculo.
Com relação ao ensaio, muitas coisas que já estavam ganhando forma acabaram por se apresentar perdidas novamente. Acredito que pelo fato de que no ensaio passado apenas montamos novas cenas, sem realizar uma passagem das cenas que já estavam montadas anteriormente. Um encontro sem ensaiar estas cenas, o que representa duas semanas sem visita-las corporalmente, é muito tempo. Apesar de parecer preocupante, acho que foi bom que o que estava se estruturando tenha ficado “esquecido”, pois abriu espaço para novas pesquisas, permitindo que a criatividade dos atores trabalhe intensamente.
Se nas cenas houve um leve declínio, que deve ser bem aproveitado pelos atores, conforme descrito acima, na parte vocal houve avanços, com uma proposição bem interessante para uma das cenas. Resta saber se agradará ao diretor e se, depois das mudanças, esta proposição ainda continuará se encaixando na cena.
Cabe agora aos atores desenvolverem seus “métodos” para que, durante a semana, o espetáculo continue sendo trabalhado individualmente.

Jeziel Santana - Ator de Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Começo a perceber uma evolução considerável no trabalho vocal (coletivo), isso me deixa bastante feliz, um exemplo disso foi o esboço de uma das cenas onde faremos vocalizes (ritual).
Pela primeira vez, começamos um ensaio do espetáculo por completo, afinal na semana anterior, marcamos apenas as cenas que faltavam. Pra mim, foi uma grande dificuldade relembrar muita coisa que já estava marcada, um sinal de que preciso buscar outros meios que não seja a freqüência dos ensaios para gravar as marcações, por outro lado acho que seja natural nessa fase.
Como dito na partilha anterior, o trabalho só está por começar, devemos buscar meios de nos fortalecermos fisicamente para esse trabalho que tanto nos exige.


ENCONTRO DO DIA 03 DE JUNHO DE 2012

Elton Pinheiro - Ator de Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Primeiramente quero falar sobre o nosso trabalho de voz ministrado pela Lucía Spivak. Estou satisfeito com a minha evolução no entendimento da parte mais teórica dos exercícios e consequentemente se reflete em um melhoramento na prática também.
Terminamos de marcar todas as cenas e o espetáculo está fechado. É claro que não está pronto, muitas coisas podem ser alteradas e as cenas ainda vão ganhar ritmo e serem aperfeiçoadas por nós atores. Estou feliz por fazer parte desse processo e aprender mais sobre novas maneiras de construir cenas e consequentemente um espetáculo. É uma evolução tanto na teoria quanto na prática. Já tive uma experiência, quanto à estética, com nosso último espetáculo e com esse estou tendo mais ainda.

Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Em razão de questões pessoais e justas, alteramos o local do ensaio, se fosse programada não teria dado tão certo. Para marcarmos o restante do espetáculo o espaço maior nos ajudou bastante.
Começamos a marcar as cenas de onde paramos, e como tudo foi tão rápido. Mesmo que a repetição das cenas gere um cansaço físico grande, eu tive uma enorme vontade de repeti-las imediatamente após a marcação, pra mim, tem sido sempre um momento único, aproveito cada nova cena. A exploração de cada movimento que virá a partir de agora, as possibilidades que surgirão com o trabalho corporal me deixa num estado de euforia muito grande e logo a minha pesquisa individual tende para o visual, principalmente os vídeos, o que pode gerar lindas imagens para o espetáculo, apesar de não achar que seja o foco (a plasticidade)
Temos passado por um momento, que assim como para o diretor, é também para todos nós um aprendizado, é hora de desapegar do direcionamento e assessoria do Juliano e partir para a criação independente, reunir todo o material, que afinal é utilizado em cena, e transformá-los em uma grande obra de arte. “Quase me atreveria a dizer uma famosa frase – Independência ou morte”

Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Terminar de montar o espetáculo inteiro duas semanas antes do previsto foi muito empolgante. Acho que ninguém estava esperando isso, especialmente pelo fato de ensaiarmos com o Juliano a cada 15 dias. Mas isso aconteceu, e acho que não foi casualidade, acho que foi um impulso que tomamos no último ensaio, como uma inspiração profunda antes de fazer um bom trabalho. Concentramos-nos e fomos, cena por cena, montando até o final deste espetáculo que começa a tomar forma. A sensação que fica é a de um círculo que finalmente se fecha, as coisas terminam de fazer sentido e agora o resto esta em nossas mãos. Construir na montagem o conteúdo profundo do material de cena, a relação do texto do Voltaire com os Diários de Bordo que testemunham a nossa pesquisa, se apropriar dos textos e do trabalho físico, afiançar ainda mais o “entre” com os outros atores, com o texto, com o figurino, com a trilha, com as vozes e as composições... Esse é o trabalho que esta por vir e agora a inspiração é mais profunda ainda, se encher de ar bom para poder fazer um bom trabalho.

Clarinha Dianesi - Produtora do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Espetáculo todo montado! Uma das melhores sensações do mundo, e olha que eu nem estou no elenco ou na direção! É claro que ainda há muito por fazer, mas, pra mim, principalmente quando atriz (o que não é o caso em O Touro Branco), até o esqueleto do espetáculo estar pronto é uma verdadeira tortura. É uma parte do processo que é inevitável, mas sinto-me muito mais confortável quando já consigo entender, ainda que minimamente, para onde se vai, ou para onde se está indo até então com o espetáculo. O espetáculo passa mais para as mãos dos atores nessa etapa do processo, o que me deixa mais no controle da situação, que é igual a, mais confortável.
Considerações de atriz de lado, enquanto produtora, sinto o grupo muito mais maduro ao terminarmos esta etapa. Creio que a partir de agora há uma nova base para o grupo como um todo, onde este poderá erguer suas novas pilastras. Quanto ao espetáculo, agora as lacunas que haviam ficado até então, com relação a como seria este novo processo, foram preenchidas. Como estou fora do processo desde o começo, consigo visualizar mais claramente os limites entre o que é apenas esqueleto e o que é o preenchimento que os atores devem colocar nas cenas. Entramos agora na parte mais difícil, onde é exigido muito mais dos atores do que do diretor e as inseguranças devem dar lugar à pesquisa. Que nosso atores se sintam cada vez mais livres para jogar!

ENCONTRO DO DIA 27 DE MAIO DE 2012

Elton Pinheiro - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Ensaio de pouco tempo, mas de muita intensidade. Explorar novas maneiras para criar as cenas e novas formas com o corpo é o que buscamos a cada ensaio. Mais uma vez o trabalho de uma cena especifica onde os atores Jeziel e Welinton fazem, foi puxado e bem produtivo, foi a cena mais trabalhada também. As outras cenas também tiveram melhoras, mesmo não sendo trabalhadas com tanta intensidade quanto a cena citada anteriormente. Mesmo com os progressos, é nítido que enquanto o texto não estiver decorado por nós atores, as cenas vão continuar avançando devagar. Temos que começar a pensar em avançar com o corpo junto com o texto, pois trabalhar algumas cenas com o texto na mão limita muito nossa criatividade. Mas é claro que tudo isso é uma questão de tempo, estamos avançando muito rápido até pelo tempo que temos, o importante é não deixar cair o rendimento.

Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Começamos o ensaio passando todas as cenas que já marcamos até agora, o resultado não me agradou muito, mas serviu de aquecimento. Repassamos algumas cenas que julgamos ter necessidade de exploração, algumas imagens já agradam aqueles que assistem, acho que é um bom sinal. Realmente como falei na partilha anterior, o texto é um desafio, ainda faço muita confusão com as palavras, reforçar o texto durante a cena, pra mim, teve um resultado positivo.

Clarinha Dianesi - Produtora do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Com o ensaio sem o Juliano, cabe aos atores a pesquisa de como transformar os exercícios em ações naturais; de como executar tudo de maneira poética e transformar a marcação em estética.
Algumas coisas interessantes apareceram, resta saber se caberão nas cenas. Como observadora do ensaio, meu desafio é aguçar o olhar para poder contribuir com o trabalho dos atores. Seguimos então, cada um com seu exercício, rumo ao aprimoramento pessoal.

ENCONTRO DO DIA 20 DE MAIO DE 2012

Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Sai do último ensaio com uma preocupação. O estado físico que eu fico depois de passar as cenas é muito complicado. Por mais que eu saiba que é um caminho para encontrar o verdadeiro corpo de cena, e que é um trabalho interessante, tenho certo receio. Cada vez mais, a exigência física é maior, e o problema não é simplesmente o cansaço, o problema é o enjôo, a ânsia, e a dor de cabeça que dura até o dia seguinte. Tudo isto esta fazendo com que o tesão e a curtição que sempre senti nos ensaios e nas montagens diminuam, me custa mais sentir ou imaginar a beleza do espetáculo. Mas não perco as esperanças e penso em ir até o limite real porque ainda acho que é assim que podemos encontrar e conhecer verdadeiramente as nossas possibilidades.

Welinton Machado - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Dia de montar mais algumas cenas do “Touro Branco”, parece que as coisas vão começando a ganhar forma. Os exercícios vão se tornando cena e algum tipo de beleza vai aparecendo. Acho que para alguns de nós ainda é difícil conciliar o texto com as cenas, que nos exige um desempenho físico enorme. Em uma das cenas que montamos, preciso manter o meu corpo vibrando pelo espaço por um bom tempo, isso me leva a um cansaço extremo, mas esse desafio me agrada bastante. Então que venham os próximos ensaios e os novos desafios.

Clarinha Dianesi - Produtora do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Depois de meses afastada dos ensaios do núcleo, retorno de maneira mais assídua. Entre organizar o texto e tirar fotos, observo a criação do novo espetáculo com entusiasmo. Toda a teoria de como se daria o espetáculo, inicialmente obscura para mim, começa a fazer sentido e percebo quão rico poderá ser O Touro Branco.
Obviamente o que aparece são apenas os esboços do que será o espetáculo e muita coisa ainda se transformará, mas mesmo em meio aos rabiscos iniciais algumas linhas mais definidas começam a aparecer e dar forma a esta maneira de trabalho tão diversa das que seguimos até então. Algumas cenas já se encaminham de maneira satisfatória e é possível visualizar momentos criativos significativos para o trabalho.
Me intriga imaginar como os atores transformarão os exercícios que lhes auxiliam na adequação de seus corpos para a cena, na própria cena, de maneira que nos leve (espectadores) a crer que apenas estes corpos poderiam contar-nos essa história.
Entre tantas incertezas, naturais em todos os inícios de processos, me encanta ver o crescimento corporal dos atores a cada ensaio e como seus corpos reagem de maneira cada vez mais positiva aos estímulos oferecidos.
Resta ainda destacar quão positivo tem sido para o amadurecimento artístico dos atores o afastamento do diretor Juliano. Esta situação faz com que os atores se apropriem ainda mais do espetáculo, resultado que reflete diretamente na cena.

Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Chegou o momento de apresentar ao diretor o que conseguimos desenvolver, sem a orientação dele. Ele já consegue enxergar algumas coisas se estruturando, fico feliz com essa fala. A idéia dos encontros (ensaios) sem o diretor aguça o nosso sentido criativo.
A marcação das novas cenas leva alguns atores a um estado físico bem desgastante, a exigência física e a repetição, são cruéis, se esse é o caminho a ser percorrido para a montagem do espetáculo precisamos nos preparar para isso.
Ainda me intriga alguns momentos dos exercícios vocais, por outro lado, ainda acho que gradativamente evoluímos enquanto grupo.
Particularmente o esboço de uma cena (diálogo ente Mambrés e pitonisa de Endor) já me encanta, a sonoridade, chegava muito bem aos meus ouvidos.

ENCONTRO DO DIA 13 DE MAIO DE 2012

Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
É muito gostoso saber que o grupo consegue, cada vez mais, tirar proveito dos ensaios, apesar da falta do diretor. Mesmo com um ensaio mais curto, clima frio e textos sem terem sido decorados inteiramente, a criatividade e a pesquisa corporal renderam seus frutos. Foi muito bom ver os meus colegas pesquisando e conseguindo achar coisas interessantes para a cena. Mesmo se esses elementos não ficarem na cena depois de apresentados para o Juliano, acho que terá valido a pena a pesquisa. O meu corpo continua se adaptando às exigências e parece que a cada ensaio consigo ir um passo adiante.

Elton Pinheiro - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
O processo está evoluindo aos poucos. Repetir as cenas buscando variar as intenções e as formas, está fazendo com que o trabalho fique mais produtivo e interessante, sem falar que vai se estruturando as cenas e consequentemente a montagem como um todo. Ainda falta muito, a começar pelo domínio do texto, mas já podemos ver progressos nos ensaios, em especial em uma cena de Jeziel e Capela, que começou a surgir coisas interessantes, principalmente no trabalho corporal. Bom, temos que continuar trabalhando e intensificando cada vez mais o nosso trabalho.

Welinton Machado - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Começamos o ensaio com os exercícios vocais. Parece que aos poucos vou conseguindo compreender essa parte que me traz tantas dificuldades. Sei que tenho um grande caminho a percorrer, mas no último ensaio acho que consegui uma pequena evolução, claro que tudo bem devagar, ao meu tempo. Mas isso foi bem importante para mim, pois vi que sou capaz. E agora percebo que estou gostando dessa parte vocal, o que antes era um martírio pra mim, justamente por conta da minha dificuldade, agora está se tornando um prazer. Enfim, espero ir melhorando com o auxílio da Lucía e de todos os outros que me ajudam com tanta paciência.

Depois fomos direto para as cenas, preferimos que o aquecimento fosse acontecendo durante a passagem do “Touro Branco”, já que o mesmo nos exige um grande desempenho físico. Passamos algumas vezes tudo o que já temos marcado e depois focamos em algumas cenas, surgiram algumas coisas bastante interessantes, e me parece que o resultado agradou a todos.

Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Começamos a colocar em prática parte do que foi discutido na semana anterior, antes do nosso ensaio, como todos nós mencionamos nas partilhas. O aquecimento vocal foi a primeira atividade do dia, mesmo com os corpos “desaquecidos” acho que conseguimos uma evolução. Acredito que ainda é um trabalho de pesquisa individual até conseguirmos o resultado coletivo.
O ensaio parecia frio, estávamos um pouco tímidos no início, mas logo conseguimos aquecer os corpos em cena mesmo. Quando resolvermos focar nas cenas que exigiam trabalhos corporais mais intensos, foi tão bom que nem vimos o tempo passar. É muito bom trabalhar com o “Capela”, conseguimos progredir com a cena da serpente, ficamos exaustos, mas felizes.
O texto nas mãos, impede que andemos mais com o espetáculo, portanto tenho uma lição de casa, decorar o texto, que hoje é o desafio, pela forma como está escrito, não é o português que utilizamos no cotidiano e precisamos deixá-lo natural. Desafio lançado, desafio aceito!

ENCONTRO DO DIA 06 DE MAIO DE 2012

Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Ensaio em São Paulo, o local ainda não é o ideal, mas nos adaptamos a ele e o ensaio funciona perfeitamente. Conversamos longamente no início do ensaio sobre questões de organização, participação e envolvimento no grupo. Foi bom e necessário certificar que estamos todos andando pelo mesmo caminho.
As cenas começam a tomar forma quando as personagens ficam definidas. Gosto de saber com que corpos vou trabalhar a cada momento, esse encontro é diferente com cada um e a definição faz com que o meu corpo comece a se encontrar nas cenas aos poucos. Vejo uma necessidade enorme de decorar o texto logo para poder pesquisar a parte física das cenas. Esta é uma montagem onde não podemos construir nada se temos os textos nas mãos. Ao mesmo tempo isso me preocupa porque é bastante texto para decorar em pouco tempo, mas... veremos o que acontece.
Por enquanto o cansaço continua sendo extremo para mim, termino num estado incrível, do qual não me lembro de ter chegado anteriormente, ou pelo menos não com esta freqüência. O Juliano diz que faz parte, que eu vou terminar este espetáculo com o verdadeiro corpo de cena. É uma sensação desconfortável e agradável ao mesmo tempo! Interessante como pesquisa no mínimo!

Elton Pinheiro - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Após uma conversa de esclarecimentos e soluções, partimos direto para o ensaio. Começamos a organizar e definir as cenas e personagens, o que dá uma outra “cara” para a montagem e agrada a todos. Estou satisfeito com essas definições e avanços que estamos tendo nos ensaios, agora é focar em tudo que nós já fizemos e nos doar para acelerarmos, aperfeiçoarmos e evoluir com o espetáculo. Outra coisa que está me agradando muito e vale a pena destacar, são os momentos de trabalho com a voz dirigido pela Lucía. Eu sempre fui no embalo do grupo com os trabalhos de voz, nunca tinha parado pra pensar certinho na nota que estamos e a escala que é pra ser feita, mas agora isso esta diferente, percebo melhor esses detalhes. Bom, espero que tudo isso só melhore com o tempo.

Welinton Machado - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Antes de começarmos a ensaiar, tivemos uma conversa bem importante para esclarecer algumas coisas. Depois disso, passamos direto para as cenas de O Touro Branco, fomos nos aquecendo conforme passávamos as cenas. Como foi dito no encontro, o espetáculo está se costurado. Esse novo projeto nos exige um desempenho corporal gigante. Sabemos que O Touro Branco será um grande desafio para todos nós do núcleo, mas estamos imensamente felizes com esse novo trabalho, porque é justamente esse desafio que nos faz querer ir cada vez longe; e é muito bom ver as coisas progredindo em tão pouco tempo de ensaio. As personagens foram definidas e agora acho que o trabalho vai ficando cada vez mais intenso e compensador. Eu disse isso na partilha com o grupo, e digo novamente aqui: “Fazia tempo que não saía tão feliz de um ensaio como saí desse”.

Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Almoço com um bate papo necessário, foi assim o início das nossas atividades. Chegou o momento de costurar as cenas, isso me deu outra visão do espetáculo, que ainda enxergava algumas cenas fragmentadas. A definição de papéis também facilitou o nosso trabalho, agora será um trabalho muito mais focado de pesquisas direcionadas para preencher a estrutura que está formada, dando continuidade ao crescimento do espetáculo, que como dito na partilha anterior está em fase de crescimento, e que posso dizer, que é um crescimento muito saudável.
Pra mim, as “novidades” geram um turbilhão de idéias, é um momento de euforia em que vou pesquisando e buscando todo o material que já utilizamos para composição das cenas. Mesmo com a dificuldade do texto, o que predomina é a vontade e a ansiedade de ver as cenas compostas e preenchidas por nossos corpos.
O trabalho vocal ainda caminha em menor escala, se comparado ao restante do espetáculo. Acredito que preciso ouvir mais o grupo, de qualquer forma, acredito que atingimos um “som” muito legal em alguns momentos, as percepções vão se apurando e aguçando o nosso lado “musical”.

ENCONTRO DO DIA 01 DE MAIO DE 2012

Elton Pinheiro - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Após 3 ensaios fazendo exercícios de rolamento trabalhando o nosso corpo, percebo melhoras no grupo todo, em especial na Lucia. Não é fácil fazer um trabalho rigoroso e intenso com o corpo. O fato de todo movimento partir da coluna e você se concentrar nisso e perceber o que você faz e o que é proposto, torna o trabalho ainda mais interessante e desafiador. Normalmente buscamos ajuda das extremidades do nosso corpo, como mãos e pés, porém, em alguns casos essas ajudas não devem ser utilizadas. Ai surge uma boa parte da dificuldade, se não a grande parte, e uma pergunta; Como eu consigo sem utilizar mãos e pés? Bom, com muito treino e esforço conseguiremos o resultado que desejamos, é com trabalho que vamos atingir a nossa proposta de espetáculo e alcançar nossos objetivos.

Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Aos poucos o meu corpo vai entendendo do que se trata este novo trabalho. É extremamente gostoso o progresso, perceber mais uma vez o quanto o corpo é maleável, ele só precisa da nossa intenção e perseverança. O grupo inteiro comemorou comigo as conquistas, isso também foi importante para mim, foi compreender mais uma vez que num grupo que funciona como tal, o sucesso de um é o sucesso de todos, a gente caminha junto, transita junto, então qualquer coisa pela qual um integrante passe é o grupo inteiro que passa.
Agora é continuar progredindo e trabalhar com o cansaço, mais uma vez ele toma posse do meu corpo de um jeito muito forte. A exigência física da nova montagem é muito forte para mim ainda, mas estou aí resistindo e querendo ir sempre além. Até o limite não paramos!

Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Continuam as nossas pesquisas e experimentações com o espetáculo; podemos dizer que está em fase de crescimento. Mais uma vez o novo ambiente nos permite novas pesquisas, e agora ter contato direto da pele diretamente com o chão foi a materialidade que mais nos causou “estranheza” no dia. Foi um dia de sucesso para as experimentações individuais, mesmo aquelas que não possuem ligações diretas com o espetáculo, como a invertida da ioga para mim, até a evolução dos rolamentos para a Lucía.
Podemos dizer que estamos evoluindo também com os exercícios vocais, com a escuta do grupo e busca do som coletivo.
Saí do ensaio com uma imagem na mente. Uma das cenas que começamos a passar, em que os movimentos da princesa Amaside (personagem da Lucía) reverbera nos outros atores gerando quase uma dança. A “pressão” que estes movimentos, mesmo sem o contato físico, exercem sobre os outros. Todo o resultado da experimentação me deixou feliz.


ENCONTRO DO DIA 22 DE ABRIL DE 2012

Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Depois de uma atividade física intensa, participar do ensaio foi uma experiência, digamos que particular. A materialidade do dia era: chão frio, espaço reduzido, temperatura baixa, e chuva fina... Tínhamos que lutar contra tudo isso para deixar uma energia suficiente para o ensaio do espetáculo.
A exploração dos corpos vai construindo o espetáculo, e nos fascinando com as possibilidades e dificuldades que surgem. Tudo é material de cena.
Os exercícios vocais vão-nos dando possibilidades de autoconhecimento vocal, assim como apropriação da voz do grupo, com um elenco predominante masculino.
Ainda sinto que fico muito em observação, preciso de mais exploração, pode ser que ainda tenho o texto como apoio para a cena, mas gosto muito quando o ele é ausente, não é verbal e sim corporal.

Welinton Machado - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Os rolamentos continuam, e junto com eles o espetáculo vai rolando também. Até porque exercícios e ensaios agora são um só, como já foi dito na semana passada. A busca pelo corpo atenso continua, mas agora procuro também um corpo mais circular, com movimentos fluídos e não quebrados por conta das tensões.
Na parte vocal, aos poucos vou me sentido mais a vontade, embora eu saiba que preciso melhorar bastante ainda. Mas o fato de termos só vozes masculinas me ajuda bastante.

Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Pela primeira vez no nosso processo, a divisão entre exercícios e cenas é praticamente inexistente. Começar o ensaio com os exercícios é já estar em cena, é já estar ciente de que isso vai pra cena de um modo direto. O meu corpo se encontra constantemente com novas limitações e estou trabalhando para superá-las; vamos ver onde este trabalho me leva. Por outro lado o contato com os outros corpos esta sendo cada vez mais intenso e fluido. Talvez por sermos poucos a confiança mútua está mais firme que nunca.

No trabalho vocal vejo como aos poucos os meninos vão encontrando caminhos para afinar, para soar juntos, para associar a voz com o corpo... Mesmo assim ainda falta bastante. Acho que eles precisam levar mais a sério a pesquisa, trabalhar durante a semana, ou pelos menos pensar a respeito. Mas, estamos trabalhando juntos e com maior intensidade. Veremos como vai se desenvolvendo esse trabalho.

ENCONTRO DO DIA 15 DE ABRIL DE 2012

Welinton Machado - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Rolamentos! Vários tipos de rolamentos. Rolamentos deitados, “rolamentos em pé”, rolamentos com voz, rolamentos que nos dão medo e rolamentos que vão desenrolar um novo espetáculo. Espetáculo que chega até nós com uma força inexplicável. Tão forte quanto um touro, um touro branco. O Touro Branco. O novo espetáculo do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica.
Como chegar ao corpo atenso com os rolamentos? Não sei se consegui ou não, mas durante os exercícios esqueci completamente das minhas tensões, principalmente as dos meus ombros, que são as mais evidentes. Diferente de outros exercícios que enquanto eu fazia, ficava pensando em como relaxar os ombros e pesquisando o meu corpo durante o exercício, mas acho que dessa forma acabava sendo pior. Porque parece que quanto mais eu penso em esconder meu “defeito”, mais eu evidencio. Como eu disse não sei se cheguei ou não no corpo ideal, mas, só sei que os tipos de exercícios e de ensaio que fizemos no domingo me agradam muito, alias não só a mim, ao grupo todo.

Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Volta ao trabalho, energia renovada e o começo de uma nova montagem que cheira como a grama depois da chuvarada. Este novo trabalho apresenta para mim um grande desafio, Juliano propõe uma montagem baseada no nosso próprio processo desses anos. Retomar o trabalho corporal, relembrar com o corpo e com a mente como foi esse processo, como fomos nos transformando, o quê foi absorvido e o quê ainda não terminou de se instalar em nós... Tudo muito interessante e importante. Compartilhar isso com o público numa experiência metalingüística vai ser com certeza uma experiência única. E por último sinto um entusiasmo enorme pela intensidade física que a montagem propõe, tenho certeza de que eu enfrentarei a grandes dificuldades e isso é sempre bom para continuar se auto-superando.

Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Finalmente começamos a colocar em prática um projeto por qual, tanto me apaixonei. Os exercícios para preparação física/corporal são utilizados (literalmente) em cena. A pesquisa enquanto instrumento cênico é encantadora. Levar à cena, aquilo que nos faz chegar ao corpo cênico/atenso, é se desnudar de quaisquer formalidades e tornar o processo tão artístico quanto a obra de arte pronta.
Tivemos início com os rolamentos, até que o nível de dificuldade foi aumentando, o desafio me instiga. As sensações eram inexplicáveis. A partilha que realizamos ao final do nosso ensaio foi curta, as palavras não saíram, ainda havia a necessidade de degustar todo o processo corporalmente, sem a necessidade de expressão por meio das palavras. Que esse silêncio seja ouvindo.

ENCONTROS DOS DIAS 11 E 12 DE FEVEREIRO DE 2012

Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
No último final de semana de trabalho tivemos um dia de ensaio geral e um dia de apresentação na fase regional do Mapa Cultural. No sábado o ensaio foi extremamente difícil. Pela primeira vez desde que remontamos o espetáculo, ensaiamos num espaço maior, em total escuridão e com as lanternas. Assim, mais uma vez nos encontramos frente à dificuldade do novo, da adaptação tantas vezes vivenciada no percurso do nosso trabalho. Mas apesar de não ser a primeira vez que elementos externos modificam a nossa vivencia, eu não consegui me adaptar rapidamente. Gostaria muito de estar pronta para esse tipo de mudanças abruptas, mas ainda não consigo realmente. Quando aparece uma dificuldade pro corpo, a mente fica instantaneamente distraída e aí tudo se perde: a concentração, o foco, a capacidade de jogar com a cena, com o outro...
Domingo, fomos para Salto. A apresentação superou amplamente as minhas expectativas. Acho que ainda não está madura a nova versão do espetáculo, mas já foi muito melhor do que o ensaio do dia anterior. Tem alguma coisa do “ao vivo” que transforma a gente. O público, a trilha em boas caixas, a maquiagem, a adrenalina de estar compartilhando esse momento... Realmente a gente conseguiu jogar e levar ao máximo possível as nossas pesquisas para a cena. Certamente é só o começo, temos muito trilho para percorrer, precisamos nos apropriar muito das cenas, especialmente do texto, mas não tenho dúvida de que continuamos crescendo constantemente como atores individuais e como grupo.

ENCONTROS DOS DIAS 04 E 05 DE FEVEREIRO DE 2012

Ana Antunes - Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Muito cansaço e esforço de todos , queremos um ótimo resultado pra essa reestréia estréia. Este sábado iniciamos com uma conversa longa, mais essencial, daquelas onde acertamos alguns passos que se perdem no meio do caminho, digo isso por mim.
Consegui localizar meu ponto fraco ( preguisoço) deste MOMENTO. Tenho o DEFEITO de não praticar a escrita e muitas vezes a fala também passa desapercebida, então vivo no mundo de SENSAÇOES. Caminho perigoso este para uma atriz, onde tudo tem de ser revelado.
Seguimos com nosso caminhar, caminho para encontrar o corpo ATENSO, sem tensões, preparado pra qualquer ação em cena. E então a massagem CARNE /OSSO, OSSO/CARNE, me trouxe um estado mágico, penso o tempo todo: - É aqui que mora o corpo ATENSO ? Tento sentir cada partícula da minha respiração. JULIANO ESTOU SENTINDO MEU FÊMUR!
Levando tudo isso pra cena fiquei muito confusa, a resistência de segurar um guarda chuvas acima da  minha cabeça por alguns minutos  muitas vezes me deixa desconcentrada, fui perdendo aquele estado que encontrei nos exercícios. Como manter este estado ATENSO? Questão que me lateja desde o ultimo sábado.

Elton Pinheiro - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Novas descobertas sobre o trabalho em cima da coluna surgiram. No exercício de aquecimento proposto pelo nosso diretor, percebi um estado de corpo diferente, não sei exatamente se era o resultado desejado, mas o importante foi que algo estava modificado e meu corpo vivo. Agora é começar a perceber a relação com nosso trabalho em cima da coluna e das torções do corpo.
No exercício proposto pela Lucia, estou me sentindo mais a vontade, não ficar pensando nos movimentos que tenho que fazer, me fez progredir e comecei a buscar, inconscientemente, novas formas de realizar o exercício, senti a necessidade de explorar mais o espaço e os objetos neles presente.
Sobre o ensaio do espetáculo “Favores da lua – O prólogo” percebo que o meu trabalho sobre o corpo atenso evoluiu e a naturalidade com que dou o texto e as represento também evoluíram. Creio que o fato de pegar cenas diferentes das que eu fazia e diferentes entre elas, me ajudou muito.

Welinton Machado - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Semanalmente fazemos diferentes exercícios a procura do corpo atenso, e em quase todos os exercícios sinto uma grande diferença em minha estrutura, não sei ao certo se alguma vez consegui chegar a esse corpo atenso, mas sigo freqüentemente em busca dele. Sempre tento guardar o registro do corpo que “adquiro” durante o exercício para leva - lo pra cena, porque me parece que esse seja o corpo ideal na hora de atuar, mesmo não sabendo se esse corpo realmente é o corpo atenso que tanto pesquisamos. Mas a grande verdade é que vivo em constante discussão comigo mesmo; sei que tenho um corpo bastante flexível, mesmo tendo grandes tensões sobre os ombros. Mas na hora da cena, a tensão supera a flexibilidade e parece que o corpo que foi ganho simplesmente desaparece. Mas minha pesquisa continua…
Passamos o “Favores” cena por cena, atentando - se pra cada detalhe. Juliano me disse que meus movimentos precisam ser contínuos, teoricamente eu entendo, mas estou tentando compreender isso na prática, espero estar no caminho… O espetáculo está ficado lindo, o que era sujo está se limpando e o que não se entendia começa a se esclarecer. Que venha o Mapa Cultural.

Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Final de semana intenso. Para começar, tivemos uma conversa sobre o formato, o conteúdo e o significado das partilhas. Mais uma vez na história do núcleo, acho que estamos frente a uma oportunidade de crescimento pessoal e grupal. A oportunidade de se esforçar mais uma vez para conseguir ir um passo além na própria reflexão sobre o trabalho, é inclusive uma possibilidade de explorar novos caminhos de análise que continuarão acrescentando a pesquisa do grupo fazendo com que a nossa experiência possa chegar cada vez, com mais profundidade às pessoas interessadas nela.
Os exercícios físicos cada vez me são mais importantes, cada vez entendo mais a importância de ir até o limite do possível. O Juliano repete isso freqüentemente desde que comecei a trabalhar com ele há quase três anos. Sempre entendi racionalmente ao que se referia e tentei ir passando essa informação para o meu corpo. Mas só agora estou começando a entender fisicamente a importância do assunto. Levar o corpo ao limite das suas possibilidades, abre novos caminhos inesperados. Quando o corpo chega ao máximo de cansaço, alguma coisa acontece que gera uma energia nova, diferente, e criadora. O trabalho de relação voz-corpo que estamos fazendo me parece de extrema importância também. Acredito que estamos entendendo juntos e aos poucos, coisas de muita relevância para o nosso trabalho.
Passar as cenas do espetáculo parando a cada momento que for necessário é uma atividade que sempre vai me apaixonar. Não é a primeira vez que digo isso na partilha. Parar, rever, se surpreender mais uma vez com o olhar do nosso diretor e com as infinitas possibilidades do jogo teatral... Tudo isso faz com que cada vez me afirme mais neste caminho, no qual entrei tão naturalmente. A pesquisa para se achar em cena, para se apropriar dela e entender mais uma vez que nada esta estruturado para sempre, que a verdade da cena esta dentro de nós, que devemos unicamente não parar jamais de jogar. Coisa simples e difícil ao mesmo tempo, que levo desde o começo do trabalho como um dos objetivos principais...

Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Ensaios pela manhã são mais produtivos, os corpos estão sem interferências das atividades do dia. O Aquecimento proposto pelo Juliano lembra exercícios já realizados, que iniciava de uma estrutura central até chegar às extremidades. A vertigem, elemento que trabalhamos desde o início do espetáculo, é ativada de outras formas. A resposta é diferente daquelas que já encontrei em outros exercícios, mas funciona, o corpo estava presente.
A continuidade dos exercícios corporais propostos foi o momento “Canto com Lucia” ainda um pouco enferrujado do recesso, mas o corpo reage muito bem, há conexão entre corpo, movimento e voz. Isso é bom deixar na memória corporal e orgânica para levar à cena. Poderá me auxiliar em uma dificuldade minha apontada pelo diretor, a relação com o texto em alguns momentos do espetáculo.
Final de semana mais produtivo, depois da reformulação do espetáculo não sei se houve. É natural, depois de organizar as idéias, experimentações, erros e acertos.



ENCONTROS DOS DIAS 28 E 29 DE JANEIRO DE 2012

Lucía Spivak – Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
A importância do trabalho energético-corporal antes do ensaio do espetáculo se viu claramente no último final de semana de ensaios. Guiados por Ana, fizemos um trabalho muito energizante, profundo, de conexão com o corpo, com o outro e com experiências que vem de longe no tempo e no espaço...
Talvez deveríamos poder chegar ao mesmo nível de energia e concentração sem precisar desse trabalho inicial, mas os fatos por enquanto mostram que ele é necessário sim. O corpo fica mais predisposto, a atenção acorda e a conexão com o outro fica aprofundada rapidamente.
Passar as cenas do Favores da Lua minuciosamente, foi muito produtivo. Repensar juntos o que esta faltando, o que não esta funcionando. A ausência do Juliano faz com que nós funcionemos mais como grupo, nos forçamos a pensar juntos qual é o caminho, a experimentar mais sozinhos, isso é bom. Estou com grandes dificuldades na cena da Bosta. É difícil achar a ação em si. Como quase sempre me acontece, fico enchendo a cena com texto, mas a ação fica esquecida e o texto perde o sentido. O grupo me fez ver isso e passamos a cena algumas vezes, esta melhorando. Do resto, o espetáculo já se sente mais em forma, esta gostoso de fazer, estamos nos entendendo com a nova forma dele, aos poucos, mas de vez...

Welinton Machado - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Antes de começarmos a ensaiar o “Favores” Ana nos passou um aquecimento. Primeiro fizemos um alongamento e depois alguns passos de uma dança africana, sempre com a intenção de jogar todas as coisas ruins para a terra. O exercício foi bom para aumentar o astral do grupo, principalmente o meu.
Em seguida começamos a passar a peça e parávamos quando necessário, conversamos sobre alguns detalhes de cena… Os ensaios foram bem melhores que o da semana passada, com mais ritmo e mais energia. Acho que os exercícios que a Ana passou ajudaram bastante. E sinto que estamos começando a nos apropriar do espetáculo, esquecendo-o de como era antes e o construindo agora do nosso jeito.

Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Antes de começarmos o ensaio de Favores da Lua o prólogo, fomos conduzidos pela nossa querida Ana Antunes, para alguns alongamentos e aquecimentos que fizeram tirar uma energia baixa que pairava entre nós... O ritmo africano mandou toda baixa energia para a terra, e lá ficou. Durante o aquecimento consegui perceber espaços de cenas, ritmo, foco e outros elementos que são necessários para o bom espetáculo.
Começamos o ensaio do espetáculo, pensando em pausar quando necessário para ajustar as cenas considerando todos os elementos que já nos foram dados. Pontuações foram feitas pelos atores considerando a visão de dentro do espetáculo, que acredito ser diferente daquela de quem participa somente assistindo.
Houve evolução, tanto coletiva como em cenas individuais. As atividades sem a presença do diretor tem tido um bom rendimento.

ENCONTROS DOS DIAS 21 E 22 DE JANEIRO DE 2012

Welinton Machado - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Depois de um mês de férias retornamos aos ensaios. Vamos dar mais foco por enquanto ao espetáculo “Favores da Lua” por conta da apresentação no Mapa Cultural.
Começamos com exercícios, todos focados no espetáculo. Primeiro fizemos um relaxamento, deitamos no chão e aos poucos fomos ligando nosso corpo; começamos a mexer dedos, pés, mãos, pernas, braços, língua etc.. Em seguida nos levantávamos em giro e depois descíamos até o chão novamente em giro.
Exercício de lançamento: Nós nos lançávamos ao chão a procura de diferentes apoios no nosso corpo. Juliano me alertou para não cair com o corpo duro. Tínhamos que relaxar durante a queda, para chegar ao chão sem nada de tensão. O exercício foi bem válido pra mim, já que na peça tenho algumas quedas e sempre me encontrava em dificuldades com elas. Também fizemos um exercício de giro.
Jogo com a meia: Durante o jogo cada um tinha uma meia em mãos; tínhamos que mantê-la à nossa frente e tentar roubar a meia do outro sem perder a nossa - o jogo lembrava muito a disposição que temos que ter na peça. Elton e Jeziel se deram muito bem.
Ensaio do Favores: Passamos o espetáculo desde a primeira cena e o Juliano foi corrigindo tudo que era preciso. Ele me disse mais uma vez pra eu não entrar com uma pré-forma, mas isso está me acontecendo inconscientemente - ele já havia me alertado sobre isso antes; no ensaio de domingo tentei me lembrar disso e acho que consegui. Ana e Elton estão muito bem com seus textos e cenas. O cansaço e a baixa energia de Lucía e Jeziel com certeza os atrapalharam bastante, tanto no sábado quanto no domingo. Jeziel ainda sofre um pouco com o texto, mas acho que é uma questão de registro, assim que ele se apropriar do texto se dará muito bem com ele.

ENCONTRO DO DIA 10 DE DEZEMBRO DE 2011

Welinton Machado - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Durante a discussão teórica falamos um pouco sobre a “Analise genética da ação” e sobre rituais. Depois fizemos um exercício de apropriação do espaço, tínhamos que sentir cheiro e gosto das coisas/pessoas, isso era bom para aguçar os outros sentidos. Ensaiamos o “Anjo Inacabado”, Juliano me disse que na cena da tourada não é pra eu me transformar em um touro, e sim ter a intenção, terei que pensar muito sobre isso. Passamos o espetáculo “Favores da Lua – O Prólogo” tentei me lembrar do exercício, para poder usá-lo em cena, mas acabei perdendo isso ao decorrer do tempo, ou melhor só me lembrei na primeira cena. E assim encerramos os nossos ensaios desse ano.

Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
A volta do diretor, os planos de pesquisa intensa e inovadora para o próximo ano, a teoria aplicada à linha de trabalho no espetáculo novo, a confirmação de que conseguimos remontar o nosso querido espetáculo anterior, a reconfirmação da maturidade que a crise nos trouxe e a certeza de que, imprescindível para realizar as coisas é a verdadeira vontade... Tudo isso tivemos no último ensaio do ano que me deixou uma sensação de paz para receber o necessário período de descanso com a certeza de que o 2012 será um ano de intenso, gostoso e produtivo trabalho. Até o ano que vem!

Elton Pinheiro - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Ultimo ensaio do ano. Um ensaio com direito a conversas com planos para o futuro e muitas expectativas. Evoluções foram observadas e conquistadas ao longo do processo que tivemos durante o ano todo, tanto com os exercícios de voz, quanto com os espetáculos. Por um lado é ruim parar um processo que está ocorrendo bem, mas por outro é muito bom dar um descanso para voltar com tudo no ano seguinte. Foi um ano muito produtivo para mim, em particular, e o ano que vem será mais ainda.

Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Mais uma vez a pesquisa se concretiza quando conseguimos realizar os links dos estudos teóricos com os espetáculos em trabalho, isso me satisfaz bastante.
Os trabalhos corporais com a direção do Juliano nos colocam em desafio. Perceber o ambiente de trabalho, estabelecer a relação que tanto pregamos, com o “outro” usando sentidos que deixamos esquecidos é romper barreiras e um exercício de redescoberta.
O ensaio do espetáculo – Favores da lua - O Prólogo – me deixa tenso. Enfim! Enfim! Tudo estava cumprido. Só me restava voltar ao trabalho, ainda mais intensamente que de costume, para expulsar pouco a pouco o pequeno cadáver que assombrava as dobras do meu cérebro e cujo fantasma me cansava com seus grandes olhos fixos.



ENCONTROS DOS DIAS 03 E 04 DE DEZEMBRO DE 2011

Ana Antunes - Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Agora já me sinto um pouco mais inserida na linguagem do espetáculo FAVORES, estou ainda com algumas travas em relação à criação, de algo já criado. O treinamento com Lud antes dos ensaios do Anjo, esta nos dando um vigor incrível, esta começando a criar uma “carninha” que envolve o nosso pequeno esqueleto. Estou com algumas dificuldades de não ter presente em corpo físico, o Juliano; tenho que trabalhar este lado.

Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Em “Favores da Lua o prólogo” me aproprio mais do texto. Entendo os corpos que estão em cena, preciso agora, estabelecer o jogo e a relação para a cena.
Brinco mais com o “Anjo Inacabado”, utilizo a materialidade que esteve presente no ensaio anterior. O jogo começa a aparecer.

Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
O corpo demora, mas responde... Ele sabe se achar no caminho da pesquisa. E quando ele não sabe, precisamos esperá-lo, precisamos respeitar o seu tempo e não ficar na angustia da não realização. A pesquisa é o principal, o processo, a busca constante... O meu corpo ainda não entendeu, mas está entendendo, esse tempo presente me basta para estar feliz com a pesquisa e continuar, continuar, sempre continuar.

ENCONTROS DOS DIAS 26 E 27 DE NOVEMBRO DE 2011

Jeziel Santana - Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Voltamos a falar sobre a materialidade, e não há como ignorar. O local de ensaio nos deu possibilidades e novas descobertas, o barulho dos carros, o vendedor de cocadas e muito mais coisas... é preciso aprender a trabalhar com isso.

Welinton Machado - Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Fiquei impressionado com tantas possibilidades de cena que apareceram em um exercício. Tínhamos que manipular o corpo do outro e depois escolher três movimentos que foram feitos em nosso corpo. Por fim, surgiram vários movimentos para a cena da tourada (Anjo Inacabado), o mais engraçado é que enquanto fazíamos o exercício de manipulação não tínhamos a menor idéia do que viria depois, apenas manipulávamos o corpo do colega.

Ana Antunes – Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Que medo de ensaiar na garagem de casa!!! Como se concentrar no treino com barulho do carro de propaganda, com o cara da cocada? Lincar tudo isso com a construção de manipular o corpo de JEZIEL(G)? No ANJO INACABADO, algo começou aparecer... na dança com o JEZIEL(primeira cena), decidimos nos encontrar pra entendermos, como estão esses corpos, um que dança e se diverte e o outro que traz a ira. Senti um clarão de idéias na minha cabeça.

Lucía Spivak – Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Final de semana de fora... por razões de saúde fiquei sentada em quanto os meus colegas faziam os exercícios corporais. Apesar da vontade interna borbulhando para entrar no trabalho, a experiência foi interessante. No trabalho de manipulação do corpo do colega, reparei mais uma vez o quanto somos escravos das nossas extremidades. Porque ficar intervindo no corpo do outro só com as mãos? Acaso a nossa coluna, a nossa cabeça, nossas pernas ou pés não podem mexer o corpo do outro? Faz tempo que estamos trabalhando a idéia de coluna com Juliano, buscando a matriz dos movimentos, e de fora, vendo o trabalho, foi para mim, muito clara essa falta. Será que eu teria feito a mesma coisa se estivesse no trabalho? Muito provavelmente, também eu estou presa ainda ao costume de que o que se mexe, se mexe com as mãos. Vamos trabalhar!!!

ENCONTRO DO DIA  5 DE NOVEMBRO DE 2011

Ana Antunes – Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Poucas vezes senti a dor que chega perto da exaustão. Nesse encontro alcancei esse estado, e quando pensei que iria desistir, tivemos que improvisar com a relação do encontro com o corpo do outro, foi o que ficou mais forte: as respirações, a força, a leveza que cada um trazia de si e doava durante esse encontro. Surpreendi-me em ter esse maravilhoso trabalho com os corpos LUCÍA, CAPELA, JEZIEL, ELTON E JULIANO.

Lucía Spivak – Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Aquela dor deliciosa e inconfortável ao mesmo tempo me acompanhou durante três dias... É a dor do trabalho, a dor da consciência corporal, a consciência profunda de cada músculo que conforma o nosso corpo, de como cada pequeno movimento se produz graças a esses músculos... é dolorosa mas, é deliciosa.Depois, remontar... Mais uma vez os favores da lua nos iluminam para continuar essa (possível) eterna pesquisa do mesmo trabalho. Tenho uma dificuldade gigante para achar a precisão em cena, essa precisão que compreendo tão bem racionalmente quando Juliano me propõe a idéia, e que me custa tanto passar para o corpo. Encontro-me sempre pensando demais em cena, pensando mais no significado das coisas em vez de simplesmente por o corpo de maneira íntegra... Continuaremos trabalhando para isso!

Elton Pinheiro – ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Realizamos exercícios com o corpo que nos exigiu muito. Além de ser importante, eu gosto de trabalhar o corpo em exercícios. Foi um trabalho intenso e que me doei ao máximo, até o momento em que comecei a passar mal, por causa do meu problema de refluxo, por diversas vezes tive que parar um pouco e respirar. Isso me deixou incomodado, porque eu gosto de fazer até o fim sem ter que ficar parando com o exercício, mas aos trancos e barrancos eu fui levando até o fim. Mas creio que o horário que realizamos os exercícios foi perto da hora do almoço, o que pra mim, fica complicado. Bom, preciso pensar como lidar com isso.

Welinton Machado - Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Invertemos a ordem do ensaio, começamos na parte prática e depois fomos para parte teórica. Primeiro fizemos exercícios de rolamento com a nossa convidada Ludmila, senti bastante dificuldade, pois o exercício tinha que ser feito com o corpo mais flexionado e eu fazia de uma forma mais alongada. Mas, mesmo assim durante o exercício pensava como ele poderia me ajudar no “Favores da Lua” pois acho que algumas coisas cabem no espetáculo. Depois ensaiamos o “Favores” e uma das minhas maiores dificuldades é me desprender da forma que o espetáculo era feito antes. Por fim, fizemos nossa discussão teórica, falamos sobre as formas de improvisação e a diferença entre movimento, gesto e ação.

ENCONTRO DO DIA  22 DE OUTUBRO DE 2011

Lucía Spivak – Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Para mim, o mais marcante do último ensaio foi poder associar o que eu estou estudando sozinha, de Stanislavski, com o texto que o Juliano trouxe para ler conosco, e com as próprias experiências de cena. Discutimos sobre a interioridade na cena, sobre como, ao contrario do proposto por Stanislavski, devemos procurar o jogo externo na cena para que isso gere uma nova interioridade. Sempre um jogo novo, com o texto, com o colega, com o público, com os elementos da cena... coisa que para mim é muito importante para conseguir não cair na mecanicidade. É bem difícil chegar nisso e imagino que seja uma das buscas mais presentes no trabalho de qualquer ator. Continuarei pesquisando para isso se tornar cada vez mais possível e verdadeiro.

Jeziel Santana – Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica.
Alternar entre dois espetáculos – Anjo Inacabado e Favores da Lua o prólogo – nos permite um tempo para reflexão e também realizar pesquisas que contribuam para nosso processo criativo.
Ainda passamos por um período de reapropriação do espetáculo. O fato de participar do processo desde o início, ao mesmo tempo em que contribui por conhecer toda a estrutura do espetáculo, me causa uma estranheza, por observar cenas, dentro de cena, por outro ângulo, sem querer reproduzi-las. É preciso encontrar caminhos que nos levem a outra leitura do espetáculo afinal a materialidade é outra, como apontado na discussão teórica, que não se limita ao concreto, mas experiências e sensações, ente outras coisas.

Welinton Machado – Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Durante nossa discussão teórica falamos por diversas vezes em memória emotiva. Será que em algum momento do nosso trabalho é necessário usar essa técnica? No canto com Lucía consigo perceber que o meu medo é de fato o que mais me atrapalha, como já haviam me dito. Mas como superar esse medo? Será que a diminuição do grupo pode de certa forma me ajudar nisso? Afinal agora têm menos pessoas para eu me expor na hora dos exercícios.
Ensaiamos o “Favores da lua”, algumas coisas ainda são bem engraçadas, outras com certeza já estão encaminhadas, mas talvez seja como o Juliano disse, é necessário apresentar o espetáculo para nos apropriarmos dele.

ENCONTRO DO DIA  15 DE OUTUBRO DE 2011

Lucía Spivak – Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Começou... Nosso novo espetáculo teve o seu primeiro ensaio oficial. Novas ansiedades, a imaginação que não para e o prazer imenso de ser guiada pelo caminho da criação que sempre abre novas possibilidades de crescimento artístico. Porém, uma dificuldade apareceu para mim no ensaio. Fizemos a montagem da primeira cena do novo espetáculo sem fazer exercícios prévios. Isso não deveria me atrapalhar, mas me atrapalha. Não consigo deixar meu corpo pronto pro trabalho sem uma “preparação”. Durante o ensaio da cena, sentia o meu corpo mole, pesado, cansado e incluso bocejei em várias oportunidades. Isso raramente me acontece quando fazemos exercícios prévios, mas sei que preciso poder levar meu corpo ao estado de “trabalho” sem necessidade desses exercícios. É certamente uma das questões que mais preciso trabalhar.

Elton Pinheiro – Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Novo espetáculo no caminho. “Anjo Inacabado” deu seus primeiros passos. Após uma leitura e discussão sobre o texto, iniciamos a marcação da nossa nova peça. As ideias surgem e são realizadas. Em principio, o resultado é bem interessante, a expectativa do que foi proposto é realizada e agrada. Com o pouco que montamos, percebo que pode se tornar um espetáculo muito interessante e de grande aprendizado. Fiquei muito feliz com o resultado inicial e espero colher muito desse fruto!

Jeziel Santana - ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Foi o dia de “rascunhar” o momento criativo do Juliano Casimiro, “O anjo inacabado” parte para a etapa de ensaio. Apesar de o meu processo ser um tanto quanto “baiano”, vou experimentando. É bom jogar com a Ana, que realmente responde rápido, como comentado em nossa partilha coletiva.
As mudanças que foram necessárias para a apresentação do “Favores da Lua o Prólogo” em Itatinga/SP, sempre nos rodearão em quaisquer circunstâncias; parece-me que a mudança de estrutura do Anjo, como carinhosamente o chamamos, veio para melhorar, cabe a nós “artistas” nos utilizarmos da situação e tirar o melhor disso.
Com esse novo processo lanço uma questão. Será que com o Anjo, a biomecânica citada por Meyerhold ficará mais evidente nas cenas que farei com a Ana?

ENCONTRO DO DIA  1 DE OUTUBRO DE 2011

Welinton Machado - Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
“Favores da Lua - O Prólogo” em Itatinga. Apresentamos em um teatro, mas não no palco e sim na platéia, tivemos que remover algumas poltronas de seus devidos lugares para criar nosso espaço de representação. Com certeza foi o lugar mais difícil para adaptar o espetáculo. O espaço ficou bem maior do que estávamos acostumados, tivemos que ampliar nossa forma de jogar para que todos que estavam na platéia pudessem ver e ouvir. Pessoas entraram e saíram durante a peça, mais o jogo aconteceu e o publico respondeu. Acho que fechamos muito bem esse ciclo, pois essa foi a última apresentação do “Favores da Lua” com seu grande elenco.

Lucía Spivak – Pesquisadora vocal e atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Momento de mudanças extremas e eu tento achar o melhor jeito de lidar com elas para que o trabalho não seja prejudicado e, quem sabe, até possa se aproveitar do estado emocional. Como se a última apresentação com o elenco inteiro não fosse mudança suficiente, o espaço era absolutamente diferente a todos os anteriores espaços de apresentação. Fizemos o espetáculo numa platéia descendente e gigante que obrigou nossos corpos a se movimentarem de um jeito novo. O espaço e a constante sensação de despedida dentro de mim, chegaram a me confundir até o ponto de errar em cena durante o ensaio. É possível se adaptar com maior rapidez ás situações físicas, emocionais, espaciais, etc.? Acho importante continuar pesquisando estas coisas, já que sempre teremos que lidar no nosso trabalho artístico com o fato de sermos seres humanos.

Elton Pinheiro – ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Um sábado de apresentação em Itatinga. Devido ao problema no espaço que apresentamos e falta de tempo, infelizmente não conseguimos avançar com os nossos ensaios. O que podemos destacar nesse dia, foi a apresentação em um espaço diferente, na rampa da plateia, um espaço grande e inclinado, isso fez com que algumas cenas exigissem mais do corpo. Foi um belo estudo de espaço!

Jeziel Santana - ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Dia de apresentação. Um momento de descontração com coreografias e “atuações”, me levam a crer o quanto é possível brincar no “palco”.Foi necessária uma mudança radical para que o espetáculo fosse apresentado. A situação era dada, as “dificuldades” apareceram e com isso o espetáculo se fez, com belas sombras, corredor largo, carpete que prende, som que se propaga e “atores que atuam, que dançam e vivem sorridentes”.Foi possível se utilizar da materialidade e com ela fazer o espetáculo, arrancar risos e olhares curiosos que acompanharam os movimentos e as sombras. A síntese da arte/teatro ali esteve. E todas aquelas coisas que eles sonharam conosco, tinham, ou não argúcias.

ENCONTRO DO DIA 24 DE SETEMBRO DE 2011

Ana Antunes atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Exploração do movimento, sensações na coluna, alterações na respiração, redescoberta de músculos adormecidos e alguns ossos que estralavam durante toda investigação de ações realizadas. Os exercícios me mostraram o tamanho da ansiedade que carrego, essa dificuldade não me deixa perceber o caminho que o corpo percorre para finalização de uma ação. Foi o que mais me alertou. Onde fica a intenção do movimento?
Muito prazeroso o ensaio do espetáculo (Favores), as passagens foram apenas marcadas para entendermos melhor as substituições. Ainda estou em fase de “entender” todo o processo do núcleo e dos trabalhos.

Elton Pinheiro – Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Um ensaio bem diferente e estranho. Digo isso, devido à quantidade de pessoas que tem agora comparado com o que tinha. Com menos pessoas, o espaço fica enorme e vazio durante a caminhada dos exercícios, mas isso é uma questão de tempo para acostumar. Isso não quer dizer que o ensaio foi ruim, pelo contrario, foi muito bom. Percebi durante um exercício, como eu dou muita atenção para as extremidades do corpo (mãos e pés) e o resto acaba passando despercebido as vezes. Durante o ensaio do espetáculo “Favores da lua – O prólogo”, nas modificações, percebemos o quanto podem ser divertidas e produtivas grandes alterações.

Welinton Machado – Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Depois de um período de apresentações e um tempo de descanso, voltamos com as nossas atividades. Na parte teórica discutimos sobre teatro analítico e sintético, realismo e naturalismo, Stanislavsk e Meyerhold. Por termos um número reduzido de pessoas a discussão se tornou mais interessante para mim. Fizemos exercícios de corpo e voz, Lúcia e Juliano me disseram que preciso perder o medo para fazer os exercícios vocais, então que assim seja. Por fim ensaiamos “Favores da lua – O Prólogo” e algumas coisas já ficaram bem interessantes. Então que venham os novos trabalhos e desafios.

Lucía Spivak – Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
O nosso primeiro ensaio depois de um tempo. Menos corpos, espaço diferente, um ar novo se respira no ambiente e tudo isso modifica, modifica interna e externamente. É uma nova maneira de trabalhar e como tal, é interessante, um pouco assustadora e muito vertiginosa. Do trabalho realizado, o que mais me deixou pensando, é como é difícil entender a verdadeira matriz dos nossos movimentos, como realmente estamos presos às nossas extremidades nos esquecendo de que, quando mexemos um braço estamos mexendo até a menor fibra do nosso ser material. Se conseguirmos perceber, entender e partir da matriz nas nossas ações, elas poderão ganhar uma verdade muito importante para a cena.

Jeziel Santana - ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Depois de algum tempo, voltamos a realizar as nossas atividades intensas. Explorar e pesquisar movimentos “naturais” que ao mesmo tempo são cênicos, me fez perceber o quanto é necessário esquecer os “pacotes prontos” e deixar que as coisas aconteçam, mais uma vez a espontaneidade é um elemento importante que é citado em minhas vivências. A pesquisa aconteceu, a dificuldade apareceu, e sensações foram vividas... é hora de levar essa memória corporal para cena.

ENCONTROS/ APRESENTAÇÕES DO DIA 16 AO DIA 24 DE JULHO DE 2011

Lucía Spivak – Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Nove apresentações em sete dias... E além da felicidade, do cansaço extremo e da sensação estranha de voltar à vida normal, fico me perguntando: o que é que faz com que várias apresentações de um mesmo exato espetáculo possam ter resultados tão diferentes? Nessa mesma semana fizemos, segundo o nosso diretor, a pior e a melhor apresentação desde que estamos em cartaz há um ano. É no mínimo para ficar pensando... É a energia? É o cansaço? É o público? É o espaço?... Gostaria tanto de ter uma resposta! Acho que se conseguirmos entender o porquê, tal vez poderemos chegar a uma realização mais estável do nosso trabalho.

Daniel Marchi – Ator/Audiovisual do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Sem dúvida, a semana mais intensa de apresentações de toda a temporada até agora. Apesar do corpo cansado pela intensa carga física exigida nas apresentações, a rotina quase que diária, coloca em evidência para mim, e acredito que para todo o grupo, as questões como pulso, energia e precisão.Consigo compreender as palavras do diretor quando se refere ao espetáculo como “organismo vivo”. Sabemos exatamente de onde partimos, mas não sabemos onde vamos chegar. Ver a peça se transformando exige do ator uma constante reflexão sobre o trabalho, o que faz do processo algo vibrante.Nesta temporada, consigo entender melhor como manter a energia circulando no meu corpo durante todo o espetáculo. Sinto que isso me faz “estar em cena” o tempo todo, fazendo parte do jogo inclusive nos momentos em que não estou no centro do espaço cênico.

Marina Fazzio - Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Neste ultimo fim de semana senti um amadurecimento do grupo, parece que essa série de apresentações nos levou a um estágio de maior comprometimento, ainda que cobrado e mesmo que nos falte atentar para outras questões, ainda assim esse novo comportamento do todo me trouxe sensações. Nesse encontro senti uma confiança maior no grupo, acho que estávamos todos atentos. Isso me levou a pensar realmente no outro e buscar uma relação. Durante as apresentações, especialmente a de Tietê estava pensando em diversas coisas, porém parecia que estava muito mais atenta ao espetáculo, pelo menos era a sensação que tinha. Passo acreditar com mais certeza que o pré-espetáculo é muito importante, esse momento que antecede diz muito sobre como será a apresentação. Pensando em tudo isso e relembrando a conversa que tivemos em São Paulo antes da apresentação que fizemos, que segundo nosso diretor foi uma das melhores, acredito que isso ocorreu devido nosso grau de atenção que estava muito maior devido às cobranças feitas na conversa. Será que o resultado do espetáculo se deve em grande parte a essa concentração? Ao silêncio? Talvez para mim esta seja uma boa preparação, por outro lado acho que não é o caminho para todos.  Será que necessitamos estar em um mesmo tipo de concentração, já que temos que ter uma energia coletiva?

ENCONTRO DO DIA 09 DE JULHO DE 2011
Essa semana não teremos partilha, pois, os atores do núcleo ficaram em recesso por 15 dias.

ENCONTRO DO DIA 02 DE JULHO DE 2011

Carolina Câmara – Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
“... As apresentações tem sido de grande valia e aprendizado, as pesquisas tem me levado a um estado de pura loucura em busca de respostas e conhecimento sobre o meu corpo.”

Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Dia de apresentação. O grupo parecia um pouco ausente ou com “outra” energia que não era a necessária para a apresentação.
Para que o canto com a Lucía tenha evolução, é necessário percepção do corpo, do som e principalmente autoconhecimento.
Para o local de apresentação que pode ser considerado como “novo” foi preciso redimensionar o espetáculo sem alterar o pulso, um desafio ou uma tarefa que foi cumprida, os exercícios de pulso que praticamos em ensaios anteriores e momentos antes da apresentação foram imprescindíveis para esse momento

ENCONTRO DO DIA 22 DE JUNHO DE 2011

Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Retomamos os exercícios de pulso. Como gosto disso! Apesar de acelerar em alguns momentos me sinto bem à vontade, é muito bom perceber com as palmas o quanto podemos brincar com isso tudo nas cenas. O dia com os exercícios de canto é mais prazeroso, mesmo achando que tenho algum problema com respiração, pois mesmo com o corpo relaxado me falta o ar para alcançar algumas notas. Acredito que aí está o problema identificado pelo Juliano em algumas falas da cena da Mulher selvagem.

Leila Azevedo – Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Nessa semana tivemos um longo dia de trabalho especificamente voltado para “voz”. Após um tempo de exercícios em espaços delimitados, foram inseridos ao longo do processo de trabalho exercícios do “canto com Lucía”. Partindo de um “pressuposto” relaxamento, onde tínhamos que fazer nada além do que deitar e sentir o corpo, a respiração, sem movimentação, sem raciocínios; íamos escutando os enunciados através do nosso condutor e tentávamos, respeitando nossos limites, reproduzir o exercício dado. Disse anteriormente “pressuposto relaxamento”, pois para mim, causou depois um tempo, certo desconforto em estar na mesma posição sem poder se mexer, sem ir para outras posições; comecei a sentir no decorrer dos exercícios que estava tencionando boa parte do meu corpo; pescoço, coluna, etc.; e que talvez por esse fato, eu havia perdido a noção de algumas coisas, como por exemplo, o fato de respirar corretamente para conseguir chegar até o final de uma frase; coisa que eu só fui perceber mais tarde, e vi que eu era capaz de reproduzir com perfeição. Acho fundamental este tipo de trabalho que começamos a desenvolver no grupo, não só para nosso futuro trabalho, mas para nossos futuros trabalhos.

Marina Fazzio - Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
No ultimo encontro trabalhamos intensamente a voz, e acho mais difícil que trabalhar o corpo. Não encontro ou talvez na verdade não perceba quando e como posso ter minha voz relaxada. Provavelmente isso se de por conta da não materialidade que ela apresenta. Esse tipo de exercício me faz ficar racionalizando o tempo todo, muito mais do que os outros, os meus pensamentos estão para o que deveria ser ou acontecer, fico procurando a maneira ideal de realizar, diferente dos outros exercícios em que busco me reconhecer neles. Será que essa tensão em atingir o que chamamos de ideal não permite que execute ou mesmo relaxe minha voz? Ou é a falta de conhecimento e domínio que fazem com que não reconheça? Talvez a resposta esteja nas duas questões, resta agora encontrá-las na prática.

ENCONTRO DO DIA 18 DE JUNHO DE 2011

Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
“ta ta ta ta, ta ta ta ta...” o som das palmas foi quem nos conduziu no início da tarde do sábado, para perceber o pulso. De certa forma não precisaríamos de qualquer outro auxílio já está dentro de nós, afinal a batida do coração tem um pulso; cabe a cada um de nós entendermos esse pulso e brincar com ele dentro do espetáculo e das cenas. A manutenção do espetáculo “Favores da lua - O prólogo” me deixa com a sensação de que estamos cuidando da criança que cresce. Alguns problemas reaparecem como a emissão das falas, neste caso além de percepção é necessária uma ação direta como exercícios de respiração. Acredito que seja uma solução.

Daniel Marchi – Ator/Audiovisual do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Durante a semana me atentei sobre uma advertência da Lucia em relação à minha voz; uma tensão desnecessária no meu pescoço enquanto eu canto poderia prejudicar meu aparelho vocal.
Na verdade, nunca tinha me atentado para isso, senti uma dificuldade enorme para encontrar essa tensão e buscar caminhos para eliminá-la. Seguindo algumas recomendações e realizando alguns exercícios durante a semana, encontrei algumas possibilidades para eliminar essa tensão e manter a qualidade vocal.
As novas substituições do espetáculo me fazem crer que nós temos algo grandioso nas mãos e nós, talvez, não tenhamos consciência disso. Eu gosto quando precisamos fazer substituições no elenco. Por mais cansativo que seja este trabalho, podemos pesquisar em outros atores do núcleo as infinitas possibilidades de jogo, a criação de novas cenas e a releitura de cenas já montadas.
Estou bastante ansioso para as apresentações do mês de julho. Acredito que com uma rotina mais intensa de apresentações o grupo se fortalecerá ainda mais.
                                
Lucía Spivak – Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Será que todos os artistas têm a noção de quanto o jogo é infinito? Fiquei pensando nisso depois do nosso ensaio do último Sábado. Primeiramente penso na importância dessa descoberta. Cada vez que refazemos alguma cena do espetáculo e ela ganha um novo significado, ou uma nova atmosfera, ou adquire novos elementos, novos corpos, novos jogos, etc. fico impressionada de não ter pensado até então que essas mudanças fossem possíveis. Porque será que ficamos estagnados no que realizamos e não vamos além? Porque nos esquecemos dessa possibilidade? Ou se não esquecemos, porque nos é tão difícil experimentar? De que temos medo? Ou é preguiça de sair do conforto? E mais uma vez, porque precisamos sempre do diretor para nos guiar nessa pesquisa? Acho todas essas questões muito importantes no nosso processo, e me pergunto como musicista também como será pensar isso na música ou em qualquer outra arte. Ficarei pensando...

ENCONTRO DO DIA 11 E 12 DE JUNHO DE 2011Sexta-feira

Thiago Leite – Ator do Eu- Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Sensações distintas. Dois dias de trabalho bastante intensos. Principalmente por conta dos diferentes estados de energia que foram percebidos em cada dia. Outro público, outro espaço. Como nos adaptamos? Como ouvimos o que o espaço nos proporciona? Quanto de luz ele suporta? Quais os sons que ele faz quando pisamos no chão? Como minha voz ressoa nesse espaço? Qual o cheiro desse lugar? Perguntas que, por vezes, passam em branco quando nos colocamos no espaço para o jogo, e que sem duvida fazem toda diferença na composição da cena. Pensá-las na prática requer um amadurecimento que, me parece, ainda está em processo, o de compreender que nosso ofício apresenta necessidades básicas e que é preciso ouvi-las.

Quinta-feira
Welinton Machado – Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Em cada apresentação nos deparamos com um espaço diferente, um clima diferente, e um publico diferente. Apresentar em Itu numa uma sala com chão de madeira nos fez pensar em algumas coisas, como por exemplo: Como andar sem fazer muito barulho? Como descer dos cubos para que eles não escorregassem? Também tivemos que mudar algumas coisas na iluminação por conta do espaço. Por esses e outros motivos consigo perceber o nosso jogo, o jogo com o espaço, com o publico e a relação eu-outro.

Quarta-feira
Daniel Marchi – Ator/Audiovisual do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
As apresentações em Itu me lançaram um novo desafio. Por problemas pessoais me senti muito disperso e ausente do grupo. Sentia minha energia muito baixa e esforçava-me para mantê-la, ao mesmo tempo em que ela se desprendia de mim de forma quase instantânea. É natural que todos passem por um “revés” emocional. Sorte a minha que não sou mulher para não sofrer de cólicas! Mas foi a primeira vez que isso influenciou meu trabalho, e foi a primeira vez que realizei essa pesquisa nessas condições. Desventura! Não saí satisfeito das apresentações. Mas de qualquer forma, foi válida a experiência de como lidar com a instabilidade emocional durante o processo. Os resultados insatisfatórios em cena podem denunciar, ainda, uma imaturidade para lidar com certas condições do meu trabalho. Devo pensar sobre isso.

Terça-feira
Jeziel Santana - Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Agora foi a vez da cidade dos exageros nos acolher. Um centro cultural, pinturas que fizeram parte do espetáculo, o assoalho que fazia pressão e reagia de outra maneira a partir daí precisamos nos reorganizar para que o espetáculo tivesse os sons que foram criados com e para o espetáculo.Algo novo aparece “a frieza do texto”, como trabalhar com esse feedback? Utilizei-me das circunstâncias e provavelmente houve uma melhora. Pra mim, ainda falta essa percepção, como utilizamos de tudo que é dado para realizar o espetáculo?Temos uma nova cena. Um peso diferente, uma mulher, a relação que volta a ser coma filha, todos esses elementos me modificaram na cena. Foi bom.

Segunda-feira
Marina Fazzio - Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Começamos a pensar alguns elementos novos para o espetáculo “Favores da Lua - O Prólogo”¸ discutir e refletir questões sobre a força centrifuga e centrípeta que podemos gerar durante o espetáculo me faz entender melhor a questão da energia de que falamos em nossos encontros. Talvez esta força aconteça porque concentramos nossas potencias e direcionamos a para um ponto determinado, acredito que mesmo sabendo dessa possibilidade e fazendo exercícios sobre isso não conseguimos atingir o limite máximo de energia, aliais penso que passamos um pouco longe.  Por outro lado durante o aquecimento tudo era muito claro. Por que será que mesmo após termos realizado atividades sobre força centrípeta e centrifuga ainda não realizamos com êxito na apresentação? O que nos faltou? Começa agora mais uma busca em nosso processo artístico/pedagógico

ENCONTRO DO DIA 04/06/2011

Elton Pinheiro – Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Apresentação em Itaquaquecetuba. Viagem com discussão teórica durante o percurso. Uma discussão muito significativa para mim, diretamente, pois dúvidas minhas foram tiradas e esclarecidas. Com um publico jovem, alunos de teatro da cidade, realizamos nossa apresentação, uma apresentação diferente em relação a ator-espectador. De fora, dava para perceber reações interessantes, como um olhar mais admirado, um olhar de assustado. Fiquei pensando depois, voltando para a casa, como esse espetáculo é louco, em cada cidade, em cada publico, as reações, por muitas vezes, são completamente diferentes e o resultado disso tudo, para mim, é muito significativo.

Lucía Spivak – Pesquisadora vocal e atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Do nosso dia em Itaquaquecetuba , várias impressões ficaram em mim. Especialmente fiquei pensando o quanto o ambiente influencia no nosso trabalho. O trato das pessoas, o tipo de espaço para o trabalho e o clima, entre outras coisas, nos dispõe de um jeito diferente para apresentar. Isso é para mim, mais uma vez, a experiência de entrar em jogo com esse “Outro” no nome do nosso núcleo que pode ser qualquer “outro”, e não exclusivamente outras pessoas.

Janaina Sizinio – Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Chegamos a Itaquaquecetuba, ao encontro de nosso “público jovem”. Meninos e meninas, estudantes de teatro, sorrisos tímidos, olhos convidativos, expectativas... Vamos jogar? Iniciamos o aquecimento e como estava difícil de acordar este corpo, partimos para o ensaio de Favores da Lua – O diário de bordo – “a luz exerce pressão sobre meu corpo”. Percebo a dificuldade de manipular a lanterna, de dialogar com a vela que ao passar pelo meu rosto aquece, com o som e a luz da lanterna e o outro em cena.

Carolina Câmara – Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Manhã fria de sábado e uma alegria imensa, primeira viagem longa.Como preparar o corpo em uma tarde fria para estar pronto para o jogo?
Como ensaiar apenas o espetáculo de dança e algumas horas depois entrar em cena com o Favores da Lua o Prólogo, inteira? Como não perder a energia em um espaço tão amplo?O suor, acredito que não me domina mais! Alguns questionamentos e algumas respostas.Assim se deu o sábado, com um público desejando o espetáculo e um espetáculo desejando o público.

Jeziel Santana - Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
A temperatura baixa era o nosso elemento do desconforto.
Passar a cena do espetáculo de dança Favores da Lua – Diário de bordo, me causou o desconforto de ficar parado em uma posição apoiado no chão frio, daí surge um elemento que já estamos trabalhando há alguns encontros, a pressão que os elementos exercem sobre nós, luz, cubos, corpo do outro ator, o som, o chão, assim como tantos outros elementos.
O abraço – a precisão e não a força, a coluna, o abdômen, o contato com o parceiro, dois corpos e um bloco, a tentativa existiu, o acerto não sei, pois neste momento eu me entreguei, foi o momento em que não pensei em acertar, apenas joguei.
Gosto muito do nosso processo de aquecimento, de reconhecimento do local, da apropriação para apresentação do espetáculo, me sinto a vontade. Um elemento novo nos deu outra perspectiva da cena, fazer a iluminação do espetáculo de um patamar, nos articulou em movimentar nossos corpos de outra maneira para conseguir o resultado da iluminação.Dançar com a coluna em parceria com a Janaina foi excepcional, apesar de me faltar a precisão, acredito que movimentos como base já surgiram.



ENCONTRO DO DIA 28/05/2011

Thiago Leite - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica

Enraizamento. Qual a importância dessa palavra para nossa composição em cena? Nesse encontro nos foi proposto dedicar atenção a nossos pés. Perceber o quanto é possível manter um corpo livre à medida em que pressionamos o chão. Me fez pensar em vetores e como esses vetores modificam e reorganizam a composição cênica. No contato dos pés, seja com o chão, seja com os cubos, é possível perceber uma reorganização do corpo e uma materialidade da propria ação de pressionar e sentir-se pressionado. Retomando reflexões passadas, me questiono também sobre o que esse enraizamento traz de benefícios para a voz? Sustentação? Equilíbrio? Um menor desgaste? São indagações a que pretendo me atentar em nossos próximos encontros.

Jeziel Santana - Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
O canto com Lucia, nos fez perceber e/ou entender o pulso da cena, ainda que na tentativa do acerto buscássemos outros artifícios para cumprir a atividade proposta, como chamamos entre nós, o velho “truque”. Como parece difícil dissociar os sons graves dos movimentos lânguidos, ainda assim busquei outras maneiras de experimentar os sons que surgem com os movimentos, mesmo que racionais.      Pra mim a palavra da tarde foi “pés”. Como conseguir ter raiz e não ser pesado? Como se utilizar da nossa estrutura física em cena e em exercício? Como ter o corpo “atenso” como não esquecer os elementos do Gauguin com a torção proposta e tudo isso precisa ser orgânico? Hoje preciso concordar com a minha parceira de cena, a grade rainha Marina que a prática (ensaios) pode me levar ao estado necessário.

Janaina Sizinio - Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Tenho dificuldade em escrever e organizar as idéias sobre os ensaios, perceber as sensações, mas as duvidas me travam, tenho ficado rouca com freqüência. Por que estas travas? Tento me sabotar quando percebo evoluindo a cada ensaio? Romper com os truques em cena e partir para o jogo efetivamente, me coloca em uma área de desconforto ou conforto? Quero agradar o público ou jogar com ele? Ai ai ai Janaina, quantas dúvidas menina !

Daniel Marchi – Ator/Audiovisual do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
          Um dos comentários que ouvi depois das apresentações na UNISO foi que nada se tinha entendido do espetáculo e que não fora possível estabelecer uma seqüência lógica entre as cenas, mas que de qualquer forma, tudo era muito sensibilizante. Eu me lembro que quando entrei para o Núcleo, ainda não tinha tido nenhuma experiência em cena, embora já tivesse estudado alguns textos do Baudelaire e algumas imagens do Gauguin, o que me causava uma sensibilização empírica. Durante o processo, eu percebi que a experiência em cena e a constante tentativa de acerto me fez perder essa sensibilidade de algumas sutilezas do meu próprio repertório e dos artistas na qual pautamos nosso trabalho.
Se abrir novamente meus sentidos para essas sutilezas, como isso pode me sensibilizar, e qual seria o resultado disso em cena?
Nos exercícios de montagem do “Diário de Bordo”, me atentei para isso. Parece-me que meu corpo respondeu melhor às propostas de cena e que Baudelaire e Gauguin se tornam mais vivos durante a pesquisa. Todavia, compreendo que essa abertura à sensibilidade deve passar longe do envolvimento emotivo com o trabalho, e que devo me preservar para que não caia num “francesismo inútil”.

Carolina Câmara – Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Se deu a manhã de sábado com muito entusiasmo e vontade de ir pra cena.
Algumas respostas encontradas, porém novas dúvidas lançadas. Sinto-me muito mais tranquila em relação ao suor, acredito que estou sabendo dominá-lo! Sinto-me mais preparada para estar em cena, mais segura, mais exata! Pergunto-me como me relacionar com o espaço, com os corpos, com os buracos a mostra no figurino, com os meus pés sem deixar a energia fugir, sem pesar, sem fazer caras e bocas?
Mais uma semana de descobertas, teatro x dança, dança x teatro. O mesmo corpo? Outras dúvidas, mais inovações.
Sábado intenso e de muita alegria e prazer!

ENCONTRO DO DIA 21/05/2011

Sexta-feira
Rafael Simão – Ator / Assistente de produção do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
“... Pra mim vai ser interessante e delicioso pesquisar a dança que acontece pelas ações realizadas, explorar o contato com o outro através do não contato e, e corrigir certos vícios do meu repertório de movimentos, que para esse trabalho não cabem.” (Sobre os exercícios preparatórios para o Espetáculo de Dança.)

Quinta-feira
Carolina Câmara – Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
“... Como me questionar menos na hora do jogo? Dever, poder e querer são palavras que não saem da minha cabeça.”

Quarta-feira
Jeziel Santana- ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Dia de treinamento” – acredito que é possível plagiar o título do filme para o encontro do núcleo nesse sábado. Caminhar foi o enunciado da atividade, daí surgiram algumas “coisas” enquanto os atores se propunham em explorar o espaço para a caminhada. O desdobramento das atividades chegou até o momento em que poderíamos dançar, e não foi surpresa quando me percebi executando movimentos plásticos demais, ao invés de ser o movimento, de realizá-lo de forma simples sem exageros.
Um questionamento levantado em vivências anteriores foi o de como é possível esquecer as formas e se entregar ao que é proposto no exercício e/ou cena sem deixar o caminho mais longo na tentativa de acertos ou de “representação”. Lembro-me de um momento qualquer, fora de cena ou exercícios, na tentativa de fazer parada de mão com uma evolução, minha reação foi espontânea, explosiva e de felicidade, pra mim, é uma boa referência para estar em cena, inteiro, sem mostrar e SER o que é proposto.

Terça-feira
Thiago Leite – Ator do Eu-Outro núcleo de Pesquisa Cênica
Inicio levantando um ponto acerca de nossas apresentações na UNISO, no que diz respeito ao trabalho vocal. Constantemente tenho notado um desgaste muito grande de meu aparelho vocal após as apresentações. Muito disso por querer colocar uma energia excessiva na voz que o corpo e a cena já dão conta de significar. O que me ocorreu nessas últimas apresentações foi exatamente o contrário. Ao terminar a segunda sessão percebi que não estava rouco ou com a voz exausta, de alguma maneira experimentei um equilíbrio na utilização de minha voz que não me machucou. Revisitando as ultimas experiências com “Favores da Luz – O Prólogo” e a que vivenciamos nessa quarta tentei ir ao encontro do que poderia ter movido esse equilíbrio. Acredito que a sequencia de apontamentos com que venho tendo em relação ao trabalho vocal em nosso processo tem proporcionado pequenos frutos, principalmente depois do último ensaio dia 17/05. Nesse encontro, véspera da apresentação na UNISO, uma questão levantada pelo Juliano foi, pra mim, a grande propulsora para essa mudança: “Por que queremos dar significados ao texto que os elementos que compõem a cena já o fazem? Apenas digam.”
Sobre esse sábado. Produção de energia, de jogo, de estados físicos, de reflexão.
Caminhamos e a partir da caminhada estabelecíamos o jogo entre nossos corpos com o espaço e com o outro. O que me pega nesse dia é o tempo para que as coisas se dêem. Que bom ter um dia para caminhar e dessa caminhada iniciar a relação com o outro. Como esse simples caminhar vira uma dança?
O que me pega desse dia de exercício é sua ligação direta com a cena:
Temos um espaço, temos uma ação, o que fazemos com isso? Jogamos fora ou tornamos potente quanto espaço de criação? Como?

 Segunda-feira
Daniel Marchi – Ator/Audiovisual do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Trabalhar em outro processo nos faz refletir sobre uma série de vícios que adquirimos na montagem anterior.
Neste último encontro, ao realizar exercícios para o novo espetáculo me atentei para encontrar novas formas de trabalhar com o corpo. Estes me fizeram sentir, novamente, as dores nos meus sóleos, o que me faz desconcentrar um pouco.
A repetição me fez abrir os sentidos para as possibilidades de jogo, mas ainda fica uma questão: qual é o momento para entrar ou abandonar o jogo com o outro?

ENCONTRO DO DIA 14/05/2011

Sexta-feira
Lucía Spivak - Pesquisadora vocal e atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
JOGO. Essa é a palavra que levei embora do nosso último ensaio. Essa é a palavra que disparou dentro de mim varias questões nas quais se pensarem para o trabalho. Por que muitas vezes nos é tão difícil jogar? Acertamos muito mais quando jogamos em cena do que quando estamos pensando em acertar em cena. Isso ficou muito claro num ensaio no qual conseguimos jogar do começo ao fim. No jogo surge a possibilidade, a criatividade, o convite e a relação Eu-Outro que nos guia no nosso Núcleo. Outra questão que ficou comigo é: por que conseguimos jogar mais na ausência do diretor? Será que na sua presença nos é mais difícil não querer acertar? É uma questão muito importante, já que tenho quase certeza de que para ele é muito mais interessante nos ver jogando do que tentando acertar. Paradoxos que surgem no trabalho. Fundamental levá-los sempre consigo.

Quinta-feira
Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
A manhã com as discussões teóricas começam e quando os links são feitos com as nossas práticas, pra mim, aí está à efetividade da discussão, a razão de ser do núcleo se faz presente.
Início das atividades práticas, a caminhada que toma um ritmo coletivo e logo se inicia a corrida curta e a intensidade da corrida aumenta gradativamente, percebo que grande parte do grupo se mostra cansado, isso me preocupa, somos um grupo que tem uma linha de trabalho com teatro físico.
A manipulação com o objeto que remetesse alguma coisa da infância me deixou livre de qualquer paradigma, por mais que tenha “infantilizado” a manipulação me senti inteiro, sem preocupação de qualquer de reprovação dos olhares alheios, eu estava presente, brinquei como criança, que coisa boa!
Começamos o ensaio pela cena da “mulher selvagem” prefiro chamá-la assim, como o título do poema.  Ouvimos o “ok”, sinal de que devemos parar e recomeçar. O Bernard já nos dá uma diretriz com base em minha partilha da semana anterior- “deixa a métrica de lado, agora é hora de experimentar, chuta o pau da barraca”. Nova tentativa e começam a surgir novas coisas, apesar de que, pra mim, ainda permanecer uma métrica, a brincadeira começou aparecer em cena. Tentei me aproveitar mais dos elementos que a cena oferece como o próprio figurino o jogo com os parceiros de cena entre outras coisas, isso deixou a cena mais divertida, conforme palavras de Lucia. Estou louco para jogar de novo em cena para as apresentações na Uniso Sorocaba.

Quarta-feira
Carolina Câmara - Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Ensaios e mais ensaios, assim foi do começo ao fim o nosso sábado. Hoje acredito que consegui me controlar melhor e jogar muito mais, o suor não me dominou! Experimentei várias maneiras de estar em cena e isso foi prazeroso demais. Mas me pergunto: Como jogar, pesquisar e fazer que isso seja algo bom para o todo?
Este é o meu questionamento e acredito que ainda não possuo uma resposta.

Elton Pinheiro – Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Ensaio muito produtivo. Essa é a impressão e o sentimento que sai do nosso ensaio desse sábado. Acho que as cenas que foram trabalhadas semana passada e nesse sábado, tiveram boas melhoras. A minha cena, em particular, apesar de não ter sido trabalhada antes do nosso passadão, teve uma melhora do meu ponto de vista e de modo geral também. Mesmo ainda tendo dificuldades de brincar mais durante a cena, por conta da disposição corporal que a cena impõe obtive um avanço na questão da métrica que tinha sido apontada e trabalhada. Agora é buscar novas maneiras para melhorar ainda mais.

Terça-feira
Janaina Sizinio – Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Tenho me questionado sobre “Ensaiar” o que é o local do ensaio? Ensaiar é treinar? E hoje ensaiamos Favores da Lua - O prólogo. A cada ensaio tenho tentado levar para cena toda a pesquisa e investigação que vem surgindo ao longo do processo de Favores: corpo atenso, corpo cotidiano, corpo tridimensional, a coluna que move e a pressão que a luz exerce sobre o corpo, dialogar com espaço... E percebo que o local do ensaio é o local onde posso experimentar, jogar com estas dúvidas e questionamentos, que ensaiar é permitir experimentar, jogar, estar, perceber meu corpo, como ele reage e dialoga com os elementos da cena, é ousar, é um treino para ativação do corpo? Mais uma questão, enfim é o local do experimento.

Segunda-feira
Thiago Leite – Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Entre discussão teórica sobre o Drama Burguês, exercício com objetos, com figurino, trabalho com cenas e ensaio geral de “Favores da Lua – O Prólogo” quero destacar alguns pontos que reverberam desde a última semana e outros que surgiram desse encontro.
Meus primeiros comentários tratam da reflexão sobre o falar o texto, sobre métrica, sobre mecanização da fala, que ficaram latentes durante o encontro anterior. Acredito que no ensaio desse sábado pude experimentar uma pequena evolução, talvez o apontamento de um caminho para essa problemática. Em grande parte esse pequeno desenvolvimento se deu pela percepção do OUVIR. Atentei-me, dias antes de nosso ensaio, para ouvir o que falava atentar para o sentido das coisas que dizia da forma que dava ao texto de Baudelaire. O apropriar-se de um texto passa inevitavelmente por compreendê-lo, e esse compreender não está apenas no que está escrito, mas sim na ação de dizê-lo. Exercitar a escuta de nossas próprias ações me parece ser um primeiro passo importante.
Outra questão que levo desse encontro é sobre nosso “esquentar” para o jogo. Tenho a impressão de que chegamos para o ensaio e, por vezes, “pegamos no tranco”, levamos certo tempo para estarmos “disponíveis”. Por que isso ocorre? Como dinamizar nosso estar pronto para o jogo? Essas perguntas me remetem a exercícios que já fizemos, e a orientações durante esses exercícios: Qual o pulso do grupo? Qual o ritmo coletivo? O que, individualmente, precisamos ativar para que esse “tempo” coletivo se faça presente?
Ao fim, saio satisfeito por notar princípios de evolução no dizer o texto, no jogar com ele e, principalmente, em ouvir melhor o outro, o que o outro diz e o que eu mesmo digo.

ENCONTRO DO DIA 07/05/2011

Sexta-feira
Daniel Marchi- Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Mais uma vez trabalhamos as substituições do elenco no espetáculo “Favores da lua”, um trabalho cansativo para a direção e para todo o grupo de modo geral. No entanto, é interessante percebermos como um novo ator, com suas características particulares, corpo, voz pode criar novas significações para uma cena que já existia. Neste último encontro, Wellington Machado, o “Capelinha”, entra na montagem do espetáculo e torna claro o trabalho com os elementos de “materialidade”.
Com as substituições, meu novo companheiro para a cena do pão é Bernard Nascimento. Durante a criação de uma nova coreografia, por descuido de minha parte, acabei o machucando. Isso me fez refletir sobre o quanto eu me ausento da responsabilidade de “cuidar” do meu parceiro e como eu o “deixo só” na cena sem entregar-lhe elementos para que possa jogar.
Será que é por estar sozinho em cena que a cena Galinha é tão “bem sucedida”?
Enquanto criávamos, percebi que eu parava quando cumpria as indicações da direção, enquanto Bernard continuava com o jogo. Preciso encontrar caminhos para me desvincular das orientações como “ordens”, e entende-las como simples orientações. Talvez isso me impeça de me colocar em estado criativo, resultando todas essas deficiências.

Quinta-feira
Andreza Tagliaferro - Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Acredito que quando estamos inteiros para aquilo que nos propomos a fazer e com atenção e precisão; não nos colocamos em situação de risco. Este pensamento vem, ao me deparar com a construção de uma cena do espetáculo “Favores da lua – O prólogo”; onde atores se machucaram em uma cena de "luta" pelo pão. Neste momento retorno a questões que discutimos bem no começo do processo: precisão, corpo atenso, percepção (do objeto, do espaço), como é importante estar ligado a tudo e praticar muito para que isso se torne como uma segunda pele. Além desta questão, me atento ao fato do canto em cena, que em alguma proporção se tornou um desafio, por menor que seja. Isto me traz de volta a vitalidade, sair da zona de conforto, algo que de certa maneira me instiga, atrai. Ainda não é o desafio que busco em cena, mas vou trabalhar o melhor com o que tenho hoje.

Quarta-feira
Bernard Nascimento – Assistente de Direção/Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Bem, já faz um bom tempo desde minha última partilha que foi uma foto, do ano passado. O que significa que faz tempo que não dou noticia e sinceramente, não sei como resumir tudo pelo que passei até aqui, mas vou tentar. Desde o carnaval, quando me deparei com o medo de altura sem a sensação de segurança é que várias questões relativas ao meu trabalho de ator começaram a pipocar dentro da minha cabeça. Também não sei o porquê desse “start”, mas agradeço o fato dele ter acontecido. Voltaram a me incomodar muito questões mais antigas pra mim como “porque eu vou além do que preciso em cena?” até questões que juntamente a essa, baseiam hoje a minha pesquisa enquanto ator sobre o processo que vivemos na companhia como: 1º “Como minha percepção deve me auxiliar a levar os conceitos trabalhados na teoria para a cena?”  2º “Como encontrar as micro-ações e ações que dão balizas à minha cena?” 3º “Como entender o JOGO em exercício e em cena, como perpetuação e não como emulação?”  4º “Como combinar as minhas balizas com as balizas do jogo proposto pelo meu colega de cena?” 5º “Como ir além da cena sem romper suas balizas?” ( está quinta e ultima questão até o momento surgiu do último ensaio e as questões estão numeradas por que surgiram nesta ordem). Pois é, no último ensaio eu com duas sensações contraditórias, felicidade pelo ótimo ensaio do Núcleo em geral e tristeza pelas contusões. Contusões que já estão sendo rapidamente reparadas por não serem graves, mas o que me preocupa é a frequência com que elas tem acontecido pois estive contundido a duas semanas atrás por descuido meu, e nessa por uma fatalidade de cena, e espero parar por aqui esse ano. Mas ainda falta-me lhes compartilhar uma última questão e que não vou numerar por acreditar que esta deve ser uma das que deve nortear quaisquer questões que apareçam no trabalho de um ator, “Como levar as respostas encontradas para a cena?” essa questão fundamental acorda comigo todo dia de manhã e vai pra quase todo lugar, só deixo ela em casa aos sábados quando vou aos ensaios, onde acredito que não posso levá-la para não intimidar as possíveis respostas que eu possa encontrar lá enquanto tento deixar minha cabeça trabalhar após o meu corpo, ao contrário do que normalmente faço no dia-a-dia, e assim acredito estar cada vez mais perto de achar minha “chave de cena”, mas prefiro acreditar que ainda a procuro para poder modelar sua curvatura ainda mais, pois sei que quando eu souber que a encontrei vou me deparar com outra questão ainda mais crucial. “Como não deixar que minha chave se limite a abrir apenas uma porta para a cena?”
Bem, como resumo de 5 meses de trabalho, acho que por aqui está bom, e como me sentia em falta com isso espero me exercitar para estar aqui nesta partilha com mais frequência.

Terça-feira
Marina Fazzio - Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Porque esta minha dificuldade em dizer o texto? Porque será que mantenho sempre a mesma métrica? Neste último ensaio o Juliano sinalizou esse problema antigo e são varias as questões que surgem; desde não conseguir dar uma grande risada, a dar uma fala muito rápida. Sinto necessidade de mais ensaio e acredito que seja um bom caminho. Agora que me sinto um pouco mais livre para estar em cena, acho que posso tentar brincar com o texto. Quando comecei com cena do pão era tanta informação que congelei o texto para me preocupar com o corpo tridimensional, com o corpo que sofre pressão, o olhar e agora que consigo estar mais tranqüila e atenta na cena imagino poder me soltar para dar este texto. Embora eu saiba que não vai ser muito fácil estou com gana para tentar e tenho minha atenção virada para isso.

Elton Pinheiro – Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Se fosse pra dizer em uma palavra o que foi nosso último ensaio, eu diria acerto. O estudo teórico não foi realizado por causa dos acertos, mudanças e substituições que precisávamos fazer dentro e fora do espetáculo “Favores da lua – O prólogo”. A minha parte foi uma das que trabalhamos, uma cena que já vinha me incomodando e que eu queria muito focar e trabalhar em cima dela isoladamente. Um texto que foi passado de uma atriz para mim, e que acabou se tornando uma cena “nova”, a meu ver. Como trabalhar o texto junto com o ator-objeto que tenho em cena de uma forma mais natural, sem ser mecânica e determinada? Essa é a questão que eu levo para trabalhar.

Segunda-feira
JEZIEL SANTANA - ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
           As discussões no período matutino tomaram uma dimensão que pelo menos pra mim, causam uma reflexão sobre o nosso papel dentro no núcleo e acabo fazendo comparações com o mundo corporativo, que de certa forma faz parte de minha realidade.
A cena do pão é retomada para quem sabe, a última substituição. É muito bom o desenrolar da cena, o Juliano se agrada do resultado. O Bernard se machuca e mais tarde durante a partilha o Daniel verbaliza que poderia ter cuidado do colega de cena, o que tomo como exemplo para uma das cenas que faço.A primeira cena também é “reformulada”. Os momentos em que é interrompida para ajustes sobre a condução, leveza, precisão e outros elementos que são recorrentes em nosso espetáculo, são necessários para a minha reflexão.
Ao chegar à cena da lua, parecia que algo me conduzia para o chão, ver a cena ser trabalhada é um imenso exercício pra mim, até que o Juliano pede que eu substitua o Dado para que o Elton tenha um elemento diferente e reagir a este novo elemento. É incrível como também me vejo determinando uma métrica para algumas falas do espetáculo e penso em como devo me utilizar do material de cena, deixando tudo mais orgânico.


ENCONTRO DO DIA 30/04/2011

Rafael Simão – Ator/Assistente de produção do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Uma  energia gostosa, com um público gostoso de ter. Fazer a concentração diante do público fez a diferença na “presentação” do Favores em Capela. Senti todos nós, atores e público, inteiros, jogando um com o outro. Em um espaço aparentemente pequeno, o intimismo estava ainda mais presente, mas de forma alguma senti um desconforto da platéia, que, pelo contrário, estavam totalmente entregues aos encantos dos FAVORES DA LUA.

Carolina Câmara- atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Capela do Alto, chegamos!
Dor no corpo, na boca, no olhar, foi assim que eu amanheci, mas
a vontade de apresentar era superior a tudo.
O desespero de não saber o que poderíamos encontrar me invadia positivamente, no fundo estava adorando aquela sensação de saber que a qualquer momento poderíamos ser surpreendido com uma bengala na cabeça, mas, a surpresa não poderia ser melhor, o público foi irreverente, único, basicamente formado por homens, tínhamos apenas 3 mulheres na platéia.Sorrisos sinceros, olhares singelo, foi assim que vi o nosso público inteiro na peça.
Quanto ao meu trabalho de atriz, as minhas cenas particularmente, eu acho que não evoluíram desde a apresentação de Iperó, mas no geral foi uma ótima apresentação. Ah, quanto ao cheiro de queimado que exalava na primeira cena, era por conta do meu cabelo que eu
estava queimando durante a cena com a vela...(Bem que eu estava escutando um shuac, shuac...kkk).

Daniel Marchi – Ator/Audiovisual do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Quando entrei no elenco este espetáculo já estava montado, precisei buscar muitas coisas sozinhas durante o curto período de adaptação da peça para a reestréia. Me lembro do Juliano, por muitas vezes, dizer que o “Favores da Lua – O Prólogo” não era um espetáculo para ser compreendido, mas sim apreciado. Eu sinceramente imaginava que poucas pessoas se colocariam neste lugar de “apreciador.”
Nesta última apresentação em Capela do Alto percebi que o público não estava preocupado em teorizar o espetáculo e nem muito menos criar alguma relação de sentido com nosso texto tão fragmentado. Estavam ali apenas como apreciadores.
O público vibrava, ria, comentava, atendia celulares, mandava mensagens. Foi à apresentação mais deliciosa que fiz com o Núcleo. Eles nos enchiam de energia e jogavam conosco como se estivessem em cena com o elenco.
Francamente, quero isso para toda vida !!

Janaina Sizinio - Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Chegamos a Capela , estamos no Bairro do Porto , um bairro bem afastado do centro da cidade .
Em frente à escola , uma igreja , algumas crianças olhavam curiosas .No final da tarde comecei a ficar tensa , pois não havia nenhum movimento próximo ao local da apresentação , comecei a me movimentar , exercícios para aquecer .
Começamos a cantar, a música inicial do espetáculo, e como um mantra cada ator ia se aproximando e assim íamos criando uma estrutura , um movimento coletivo , que nos conectava uns aos outros e com o publico tímido que ia se aproximando .
Enfim é chegada a hora da “presentação”, de estar com o outro , dialogar , jogar . E que venha “Os Favores da Lua".
Um Jogo ímpar , Maravilhoso ! 27 homens e 2 mulheres compõem a platéia.
Um corpo ativo , comentários peculiares ,celular que toca , risos tímidos , gargalhadas , Aplausos! Quero jogar de novo , agradecida a todos pelo momento compartilhado .

Marina Fazzio – Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Foi incrível. Acho que uma das melhores apresentações do Eu Outro.  A energia estava bem, o espetáculo era a soma da platéia com a cena. Senti o aquecimento, a apresentação, a platéia e comprovei que o espetáculo é sensível. O público não queria entender, ele simplesmente estava lá para assistir e se encantar. Ele sentia a cena, não buscava entendimento racional. Afinal “Favores da Lua- O Prólogo” esta aí para ser recebido.
A concentração/aquecimento foram bons e nos levaram para dentro do espetáculo. E há minutos antes de começar ainda tentava entender muitas coisas sobre meu corpo. A minha inquietação com o texto pulsava, não sabia se durante o aquecimento havia achado o lugar de dar minha fala, mas essa busca me motivava. Ainda não encontrei a melhor maneira, mas mesmo assim fico ansiosa para pesquisar mais. No fim dos exercícios o Juliano passou um exercício que parece ser um bom meio para achar o que procuro.

Jeziel Santana – Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Dia de apresentação. O cuidado para que tudo saia conforme planejado é grande, o nervosismo “natural” começa a dar as caras, por meio da inquietação, do cuidado em falar pouco para poupar a voz. Ao arrumar o local da apresentação, uma torção se estabeleceu que por sua vez gerava vertigem, utilizar dessa situação para fazer um bom espetáculo coube a cada um de nós. O momento espontâneo de aquecimento gerou boas energias, os saltos de coelhos, o alongamento da bailarina, a canção do espetáculo, e todas outras atividades que foram realizadas sem a preocupação de “esconder” o processo, deixou os nossos espectadores como participantes da nossa arte.

Leila Azevedo- Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Dia de apresentação do espetáculo “Favores da Lua” pelo interior de São Paulo.
Depois de identificado o local de apresentação, e solucionados problemas técnicos, iniciamos alguns exercícios e jogos lúdicos para aquecer copo-mente. Obtivemos sensações incríveis e novas, principalmente quando o público nos acerca no momento “preparatório”, de concentração, antes de entrarmos em cena.
Vivemos uma experiência antes não vivida, de estarmos diante de um público que fazem uma leitura do espetáculo diferente da qual estávamos habituados; leitura esta, que nos deixa surpresos e satisfeitos em saber que realmente é possível as diferentes respostas do público (respostas estas, muito positivas) diante de um espetáculo não realista.

Larissa Bassoi - Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Dia de apresentação e todos estavam juntos, se mobilizando para arrumar o que era preciso, assim o tempo foi bem aproveitado.
Alguns exercícios foram importantes para revermos certas coisas, de como jogar com o outro, entrar no jogo do outro, jogar em ritmos diferentes, achar o ritmo (caminhar) do grupo. Percepção.
Descontração.
Ensaio, nos organizarmos perante as lanternas.
Após tudo preparado, tínhamos um longo tempo para começar, bom ver como algumas pessoas iam se mobilizando para um “aquecimento”, cada um em seu tempo, seu trabalho, assim outros iam surgindo, e sem perceber acabávamos jogando com o outro.
Exercício realizado entre eu, Thiago e Marina, pés em uma rampa e um esforço gigante em se manter em equilíbrio/desequilíbrio através do abdômen, em seguida falávamos os textos, íamos descobrindo outras maneiras, mesmo com dificuldade o texto tinha que ser orgânico.
Como utilizar isso em cena?
Alguns exercícios energéticos, canto com Lucía, música do início do espetáculo, todos juntos, volume, volume e volume era o pedido, público já estava ali. Fomos para a sala, demos início ao espetáculo.
Entro em cena com energia, energia internalizada, como uma panela de pressão, fervendo por dentro, era tanto que às vezes até excedia.
Como se utilizar dessa energia em cena? Quanto é necessário dessa energia?
Foi um grande dia, com um publico de 27 homens e apenas 3 mulheres, suas reações foram às melhores possíveis, e ajudou no decorrer da apresentação.
Saio feliz.

Welinton Machado - Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
E chega mais um dia de apresentação, eu como sempre extremamente ansioso e junto com a ansiedade uma preocupação imensa que carreguei comigo a semana inteira, afinal a apresentação era em Capela do Alto, minha cidade. Tinha medo de varias coisas, como por exemplo, a do fato de não termos publico, ou se tivéssemos qual seria a reação deles, até porque a cidade é pequena, o bairro é bem distante e as pessoas não estão acostumadas com “isso”. Eis que chega à hora do espetáculo, para nossa surpresa uma seção com vinte e sete homens e apenas três mulheres. A peça foi maravilhosa e a reação do publico foi incrível, totalmente diferente do que eu imaginava, depois disso conversamos e chegamos à conclusão de que o nosso trabalho é voltado para todos os públicos e não apenas para intelectuais como já disseram e que esse foi o melhor publico que já tivemos.

Elton Pinheiro – Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Sábado de apresentação em Capela do Alto. Após a realização de alguns exercícios, fizemos uma “brincadeira” para descontrair, um exercício para aliviar uma possível tensão pré-apresentação. Algo, a meu ver, que foi de extrema importância para a apresentação, é sempre bom quebrar o gelo.
Momentos antes da apresentação o publico foi chegando, chegando e entrando no clima do nosso espetáculo, com o nosso canto em roda. E foi muito interessante apresentar para um público praticamente masculino!

ENCONTRO DO DIA 23/04/2011

Jeziel Santana - ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Não é fim de tarde, mas, é outono. A discussão teórica nos coloca a repensar sobre ação e microação, retomamos como exemplo a cena em que a Jana veste o Felipe, como referência da ação principal e as microações que compõem a cena, é preciso repensar as cenas a partir deste olhar. Os jogos propostos são deliciosos, é bom colocar o corpo em movimento, de certa forma ainda temos uma tendência em racionalizar ao invés de jogar, de ser o jogo, mais um ponto para pensarmos e deixar que o jogo se instaure em cena.

Marina Fazzio –atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Neste sábado voltamos com exercícios mais pesados, sentia falta, começamos a tentar entender o contato (não me refiro apenas ao contato físico. Parece que o mais difícil foi compreender o que se pedia, e também entender como o outro te “tocava”. Ainda estou organizando meus pensamentos, acho que me falta o “start”, e talvez ele só aconteça com novos encontros.

Daniel Marchi – Ator/Audiovisual do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Dois times: polícia e ladrões. Ladrões matam e polícia prende.
Objetivo:
Pegar a bolinha do time adversário e trazer para o seu time.
Como a tentativa se sistematizar as prisões e as mortes, e a ansiedade de cumprir o objetivo de pegar as bolinhas atrapalham o jogo.
Como estabelecer o contato e a relação de pressão entre os corpos se não conseguimos nos desvincular da vontade de vencermos?
Nessa ansiedade de encontrar soluções objetivas, deixamos de lado inúmeras possibilidades de jogo.
Como é difícil não ser objetivo!

Welinton Machado - Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Como de costume no período da manhã fizemos nossa discussão teórica, uma conversa muito clara da qual consegui acompanhar o tempo todo. Na parte da tarde fizemos exercícios já pensando no espetáculo de dança. Durante os exercícios percebemos o quanto é importante “jogar” e não querer resolver as coisas o mais rápido possível, isso vale também para a cena. Fizemos exercícios vocais com a Lucia e depois ensaio do “Favores da lua - O Prólogo”.

Thiago Leite – Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Saio com uma satisfação muito grande. Primeiramente, porque as discussões acerca da teoria caminham e, me parecem, evoluem. Segundo, porque os exercícios práticos me fazem pensar muito no que é estar em jogo, presentificam a estrutura Substantivo-Verbo-Verbo-Substantivo e principalmente me fazem ver que nosso discurso, quanto proposta de investigação, se materializa na prática. Permitir-se ao jogo é permitir-se à experiência, respeitando seu tempo e seu desenvolvimento. Encerramos o dia com o ensaio de “Favores da Lua – O Prólogo”. Como é importante deixar instaurar o jogo em cada uma das cenas.

Experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. (Jorge Larrosa Bondía)

ENCONTRO DO DIA 16/04/2011

Jeziel Santana - ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Que lindo sábado! Incrível como o isolamento de Baudelaire se fez presente por vários momentos em nossa discussão teórica, enriquecedor! A precisão que permeia nosso espetáculo, mais uma vez é o instrumento da vez para a gravação da trilha do espetáculo. É assim que caminhamos com os favores da lua.

Marina Fazzio – atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Novamente vejo a teoria na prática. Tudo que discutimos sobre onde esta o pensamento no momento em que estamos em cena, ficou comprovado no domingo, quando realizei um trabalho que imaginava ser mais complexo do que era. Trabalhando descobri que estávamos certos, que qualquer ação que precisasse realizar em cena era necessária manter o pensamento dentro dela. Não precisava trazer outras lembranças. Reforcei o que já tínhamos concluído: o ator não precisa pensar em seu passado ou futuro para “representar”. Fiquei bastante satisfeita com o caminho que encontramos para realizar o nosso trabalho.

Elton Pinheiro – Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Início de uma longa conversa. Muitas coisas foram resolvidas, decisões foram tomadas e um grande debate foi feito no nosso estudo teórico. Com um estudo feito sobre o TCC do João, é muito interessante discutir o seu trabalho na sua presença, quase como uma banca. É um assunto bem pertinente que rende longas discussões gostosas.

Welinton Machado – Ator do Eu Outro Núcleo de PesquisaCênica
No encontro de sábado não tivemos a parte prática, apenas conversamos. Conversas de extrema importância para o grupo. Também comentamos sobre os erros e acertos da apresentação em Iperó e esclarecemos algumas coisas.

Felipe Giovanetti- Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Seguros? Um dia grande e produtivo, não se da pela quantia de coisas feitas, mas pela qualidade de cada alto seja ele um ou cinquenta.No ultimo sábado tivemos um ensaio diferente dos de mais desde o início da companhia, onde tomamos decisões importantes, conversamos, expusemos opiniões.Esse ensaio nos foi de extrema importância, optamos por expandir nossos horizontes e pudemos notar que há diversas formas de se preocupar e se doar a um grupo e qual clara se faz a seleção natural e qual obrigatória se faz a tomada de decisões e o decisor em um espaço onde haja mais de duas cabeças pensantes. A balança serve para apontar erros e aperfeiçoar atitudes. Após o bate-papo sobre a apresentação na cidade de Iperó pudemos ver quão incomodo é o “desrespeito por cargos” e quão difícil é tomar as decisões e ponto. Mas tudo foi de estrema valia para percebermos como somos um grupo unido e capaz de vencer obstáculos.

ENCONTRO DO DIA 09/04/2011

Darlison Barros -Pesquisa Teórica/ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
A primeira apresentação sem nosso diretor e devo admitir que um certo nervosismo me domina e percebo que o restante do grupo encontra-se  também neste mesmo estado. Chegamos ao local e notamos as dificuldades do novo espaço. Procuramos incessantes soluções, quando após um start chegamos à conclusão não devemos modificar o espaço e sim jogar com ele a partir desse momento focamos nossa energia para pesquisa que estamos desenvolvendo a respeito de utilização de espaço.
Minha reflexão hoje passa por questões antigas do grupo, como o espaço é capaz de transformar os corpos e impõe novos desafios ao elenco, há um tempo não sentia essa sensação, pois ensaiamos seguidas vezes no mesmo local, porém estamos voltando a ensaiar em novos espaços o que modifica completamente as cenas e consequentemente o espetáculo.

Rafael Simão – Ator/assistente de produção do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Apresentação em Iperó: João conduziu alguns exercícios. Exercícios para aquecer a coluna e para dar energia ao corpo antes de entrar em cena, faz toda a diferença. Coluna bem acordada, certeza de um corpo presente. A apresentação foi maravilhosa.

Carolina Câmara- atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Sábado de apresentação, mais do que isso, dia de estréia.
Momentos tensos, momentos leves, primeira passada:
-Não esqueça do corpo tridimensional...Aiiiiii (Gritava para mim mesma e pensava: você sabe disso NÃO esqueça!)
-Segunda passada...Agora o corpo permaneceu a cena toda tridimensional, mas Carol cuidado com a xícara..rs
Aiiii(Gritei mais uma vez...Quando pulei no Jeziel meu companheiro de cena, a xícara voou de suas mãos, chegando ao chão. Ainda bem que não quebrou!)
Neste momento eu me encontrava gelada, uma mistura de prazer e medo borbulhando pelo corpo e pensamento.
Me sinto feliz agora por compreender as necessidades do espetáculo, acredito que as minhas cenas tenham saído melhor na apresentação
do que nos ensaios, pois ali sentia e compreendia o conjunto, luzes, espaço, plateia, figurino, música, enfim.
Agradeço a todos os envolvidos direto e indiretamente, pois todos contribuíram para mais um dia de compreensão.
As palavras estão nas coisas, e foi assim, com essa frase que começamos mais um sábado. Hoje colocamos alguns pontos nos is, pontos essenciais e que irão fazer muitas diferenças.Meu corpo se encontrava dolorido por conta dos exercícios que havia praticado na quinta-feira 14 de abril,exercícios que irão me ajudar tanto na parte de resistência física quanto na precisão do meu trabalho.O sábado findou com muita alegria e realização por tudo que estamos desenvolvendo e que vamos ainda desenvolver.

ENCONTRO DO DIA 02/04/2011

Carol Câmara- atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
A luz no fim do túnel brilha cada vez mais em minha direção.
Sexta-feira ensaio extra,que prazeroso é sentir, estar - estando em cada cena,sinto minha própria evolução,por mais pequena e boba que ela pareça, eu agora rio com ela. Saltos certeiros, precisão pensada, analisada e aos poucos sendo utilizada em todo o espetáculo.

Thiago Leite – Ator do Eu- Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
No encontro desse sábado nos dedicamos à gravação de pequenos fragmentos de “Favores da Lua - O Prólogo” para um vídeo de divulgação. Um dia cheio de trabalho, que faz saltar aos olhos várias relações do olhar para a cena.
Pensar na construção de uma cena para o vídeo demanda uma reorganização do próprio olhar. Uma nova composição. Nele, luz, som, ângulo, quadro, movimento, se estruturam de maneira diferente do que na cena sem mediação da câmera, se faz necessário ainda mais precisão. Compor com precisão. O distanciamento que é colocado pelo próprio mecanismo de gravação talvez possa ser levado para a cena teatral como possibilidade de reflexão e compreensão do rigor que o processo de criação exige e da atitude, que se faz imprescindível, do ator que cria/age.

Daniel Marchi – Ator/Audiovisual do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
No último encontro pude experimentar a necessidade da precisão fotográfica e na atuação dos atores.
Como um ator “grandão” em cena deve se “diminuir” para caber no ponto focal exato das lentes? Como sua “super voz” deve aparecer com um microfone bem próximo à sua boca?
Quando ainda trabalhava nos estúdios da UNISO resmungava quando alunos de artes cênicas traziam seus materiais em vídeo. Tudo grande, dilatado, barulhento !!
Agora entendo toda essa dificuldade.
Seria o ator de cinema e vídeo, um outro ator que não o de teatro ??

Jeziel Santana - ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Almoço com conversa e um longo dia de trabalho pela frente. A precisão é a palavra do dia, a experiência mexe com todo o elenco e agora temos um elemento novo (a câmera), que sem sabermos faz pressão sobre nós. É incrível como o objeto nos manipula, isso deve permanecer em cena – PRECISÃO e MANIPULAÇÃO.

Elton Pinheiro – Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Sem ter apresentação, foi dada a largada para nosso trailer. Com isso tivemos uma ideia de como será nosso curta. Adoro ver as cenas sendo gravadas e o resultado que nos impressiona. Mesmo sendo um trabalho cansativo, em que os mínimos detalhes são analisados e ficamos horas para fazer uma pequena parte da cena, eu adoro e me sinto mais tentado a explorar esse universo.

Welinton Machado- ator do Eu Outro Núcleo de pesquisa Cênica
E mais um sábado começa, depois de algumas conversas necessárias decidimos que iriamos gravar o trailer do espetáculo “Favores da lua – O Prólogo”. Oito horas, esse foi o tempo que levamos para finalizar mais um trabalho, e pelo que podemos ver no vídeo um excelente trabalho, pois as cenas ficaram lindas.

Clarinha Dianesi- Produtora Cultural do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Um dia intenso com a gravação do “teaser” do espetáculo. Desta vez posso observar meus colegas trabalhando num outro âmbito: o do “cinema”. A repetição exaustiva, a gravação não seqüencial...
A cada cena a beleza de nosso espetáculo se destaca. A câmera é capaz de relevar detalhes ainda não observados.
Parece que a cada ensaio do núcleo a equipe pode experimentar novas formas do fazer artístico, outras vivências.
Resta a questão: como esta experiência “cinematográfica” poderá influir no trabalho cênico de cada um deles?

Leila Azevedo- atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Dia de gravação. Começamos a produzir os teasers do espetáculo. Foi um processo bastante longo, que exigia certa compreensão do grupo na forma da realização deste trabalho, pois, nos causou certo estranhamento, por não estarmos habituados com este tipo de exercício de cena. Particularmente, acredito que temos muito que aprimorar nossa visão de disciplina e doação no que diz respeito ao “novo”.

Samira Albuquerque- atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
A ansiedade, que me acompanhou durante a semana toda, teve seu lugar ocupado pela decepção em decorrência do cancelamento da apresentação em Capivari. Disso, ficou para mim a sensação de impotência. Quantas vezes nos deparamos com situações em que, embora haja muita disposição e seriedade de nossa parte, nos vemos à mercê de decisões alheias? Volta a ansiedade que aguarda comigo o próximo sábado em Iperó.
Da decepção, partimos para os trabalhos produzidos de um modo peculiar nesse encontro.
O teatro no cinema. Primeira vez que participo de uma produção nesse sentido e as impressões que ficaram dessa vivência foram a precisão na composição das cenas e o poder da iluminação para a confecção artística, seja qual for.
Claro que existem diferenças gigantes entre as duas artes, mas solidificou em mim a importância da microação, o detalhe que enriquece absurdamente uma cena, e a luz que dialoga diretamente com os atores na proposta do trabalho.
Cansaço e produtividade caminham de mãos dadas num processo de criação. Muito curiosa para ver na telona o resultado da gravação.


ENCONTRO DO DIA 26/03/2011
Welinton Machado- ator do Eu Outro Núcleo de pesquisa Cênica
Feliz e ansioso.

Thiago de Castro Leite – Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Como os fins de tarde de outono são penetrantes. Grande delícia essa de mergulhar o olhar pela imensidão do céu e do mar. Solidão, silêncio.
A lua, que é um capricho em si...
Lua! O público quer mais! Ole!
Quero passar, experimentar, compreender melhor. A cada vez que a cena se constrói, mais coisas fazem sentido, mais dúvidas saltam. O exercício do ator: Criar escritas na cena, para que o leitor (espectador) apreenda, (não) compreenda, codifique. Quais os exercícios? Quais os caminhos? Continuar à procura de uma ação mais justa.

Elton Pinheiro – ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
É noite, janelas e portas cobertas, tudo escuro. Estamos prontos para um ensaio completo. Com luz, figurino, disposição e muita vontade de ensaiar. As horas vão passando e como num piscar de olhos passamos duas vezes o espetáculo. Detalhes na maquiagem foram feitos e ainda tivemos tempo para aproveitar um pouco mais da noite gostosa e produtiva que tivemos.

Daniel Marchi – Ator/Audiovisual do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Somos tantos e tantos lugares que é quase impossível de acreditar que o Eu-Outro NPC consegue reunir todos esses profissionais.
Cosmopolita seria o termo correto?
De qualquer forma, seguimos viagem com os Favores. E que Capivari abra nossa temporada!

Samira Albuquerque- atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Somas.
Ações.
Pesos. Pontuações.
Balança que pende e pesa nos ombros.
Ombros que carregam por muitos.
Instituição. Fusão de objetivos pessoais.
Cobrança – ação se cobra?
Pré-posições estáticas.
Coerência, escrita e agida.
Pronomes pessoais e determinados.
Nomes qualificados, mas desconhecidos.
Então, é pelo suor. Não de uma. Mas de todas as camisas.
Lavadas à mão. Com sabão de coco.
No breu a pressão das cores amarela, vermelha, verde e azul.
O pão que deixei de dar.
O preto e o branco que deformam. Acentuam e apagam.
Dores.
Meu possível.
O transporte perdido.
Caminhar distraí o corpo da mente. Mas a mente não se distrai das inquietações.
São tantas.
Minha quimera me acompanha entre ruas e rostos desconhecidos.
Garras cravadas no meu peito há quantos anos que já nem incomodam mais.
Se ela fosse embora eu poderia sentir saudade.
Procuro a Lua no céu e rogo a ela, a Deus, ou a quem puder me atender.
Não peço fortunas. Não peço paixões. Não quero conforto e nem quero entender.
Elaborar. Re-significar. Não. Nada disso. Cansada de tudo isso.
Esquecer. Só quero esquecer.
Dá para abrir os olhos e não lembrar de mais nada?
Quando se é criança, tem-se a falsa idéia de que adulto não sente medo.
Medo. Medo do Medo. Horror. Pavor. Pânico.
Leva-me a crer, nessas horas, que a ignorância chega a ser uma virtude.
No meu universo espero.
Sento e espero.
Só eu escuto as batidas do martelo?

Carolina Câmera- atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
A lua chegou com o ensaio, com o ensaio chegou espaço novo e ponteiros fora do lugar comum.
O novo que não é novo se apresentava de uma outra forma, mais bonito porém menos aconchegante. Quero agarrar, quero sentir, quero estar já estando. Desejosa pela estréia!

ENCONTRO DO DIA 19/03/11

Daniel Marchi – Ator/Audiovisual do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
1)Sinto um frio na barriga [e nem é Gelol! – piada interna] com as apresentações chegando!
Eu tento sempre olhar para o Favores da Lua – O prólogo com um olhar profissional, sem me deixar levar pela beleza das palavras do Baudelaire. Mas eu realmente fico deslumbrado com a beleza e a força gigantesca deste espetáculo.
Em breve, Capivari. E eu vou me deixar levar por todas essas sensações !!

2)) No nosso último encontro passamos um bom tempo falando sobre nossas angústias pessoais. Isso me levou a uma série de reflexões sobre o grupo e sobre o cuidado que temos uns com os outros na companhia. Isso muito me comove.
Não sei ao certo se este espaço me permite discutir essas coisas, mas entre as discussões, falávamos dos nossos relacionamentos e a dificuldade dos nossos companheiros(as) em compreender nossas escolhas profissionais e nossas escolhas de vida.

Esta semana escolhi ficar perto da minha família. Meus pais sempre me ensinaram que a maior riqueza de um homem é a sua sabedoria, o que fazem deles pessoas extraordinárias.
Eu compartilhei este desabafo na mesa do jantar, e minha mãe, muito sábia, me disse:
Não existe felicidade onde outra pessoa decide seu destino, não há felicidade onde seu companheiro escolhe o que você vai fazer, o que você vai vestir e com que você vai andar.
Não existe felicidade onde existe a constante ameaça de rompimento caso você não jogue o jogo proposto por uma das partes.
Isso está longe de ser amor, e muito perto de ser doença.
O amor nunca aprisiona, o amor liberta...”

Acredito que as palavras da minha mãe possam nos servir nesta partilha.
Um forte abraço.

Clarinha Dianesi- Produtora Cultural do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Falo hoje sobre a partilha mais do que sobre o ensaio, já que foi ela quem mexeu comigo. Ver as pessoas se abrindo, se expondo e confiando inteiramente em todos e o quanto o grupo é importante para cada um. Percebo que nosso núcleo é mais que um trabalho, apesar de todos o tratarem como tal e o respeitarem. É um projeto de vida que acrescenta nas nossas vidas pessoais e principalmente nas nossas vidas pessoais. Por isso a cada dia a dedicação para a realização deste grande projeto se torna mais forte e intensa. É muito bom trabalhar com todos vocês. Obrigada.

Larissa Bassoi – Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica.
Encontro branco...
Sonho interrompido pelo toque nada sutil de um despertador.
Manhã com gritos selvagens de Leila em descoberta, assim começamos, revendo a cena, e encontrando novas possibilidades para; enquanto eu revia anotações que utilizaria à tarde. Nervos.
Ao chegarem todos, Baudelaire nos levanta questionamentos, novas formas de enxergar algumas cenas. Mudanças para tarde.
Almoço.
Duas e quinze, ao receber um sim no dia anterior começo a parte da tarde com um aquecimento corporal, me senti muito a vontade e feliz com essa primeira vivência, poder experimentar junto com meus companheiros um pouquinho do aprendizado adquirido na oficina do lume, algumas relações que fui fazendo durante com a nossa peça. Risos, canções, coluna, abraço.
Ensaio Favores da Lua – O prólogo, cena do pão com a nova visão sobre a parte da manhã, ensaio completo. Partilha.
Frios na barriga, agradecimentos, cobranças, sorrisos, dúvidas, medos, silêncio, sutilezas, não, decisões, choros, franquezas, declarações, apoios, união. Palavras ocorridas no final, e tudo seguido de uma leveza gigante. Juntos.
Mais um dia feliz. Realizada.


João Armando Fabrro- ex-ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Corpo em Colapso...
Turista, sim, sou um turista em mim... Estrangeiro naquilo que julgava conhecer tão bem. A casca é forte, agüenta varias passadas, batidas, tombos certos e errados que formam calos e calombos. Uma, duas, dez vezes se preciso e até mais, a casca é forte... No entanto o aquilo que é guardado é novo, sempre novo, e não quer mais ser guardado, precisa ser compartilhado, partilhado, mesmo que contraditório a todo dia, o distanciamento faz se necessário, uma vez que guardá-lo já não é mais possível.
Fácil seria se não me movesse estar junto; fácil seria se eu simplesmente não quisesse ser outro, tantos outros que me movem silenciosamente com suas tão sinceras e felizes presenças, angustias, sonhos e vontades... Seria tanquilamente fácil se fosse apenas um passa tempo momentâneo, apenas mais uma tarde de sábado, apenas pessoas e não seres sendo...
No dia seguinte o corpo acordou febril, dolorido, fraco e sem vontade de viver. Na segunda um desmaio logo pela manhã, mais febre, mais dores, ânsias feitas e desfeitas. Quando se colocam muitas coisas para fora de uma vez só, corre-se o risco de não ter mais estofo...
Hoje é nada, e como Manoel de Barros, gostaria de ter profundidade sobre o nada... Agradecido!


Felipe Giovanetti- ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu”
As minhas manhãs são sempre flores no Eu-outro núcleo de pesquisa cênica, contudo às vezes até as flores mais cativantes possuem espinhos.                                       Nesse momento de discussão teórica, troca de pontos de vistas, vivencias, em especial nesse sábado, foi para um tapa na cara com luvas de pelica, como já diria o proverbio. Quando analisamos cenas aonde a falsidade de vida, o mimo, os ideias conversam e a conclusão a qual chego é para quem eu estou vivendo revolto em tantas capas rebuscadas?                                                                                                Nesses momentos vemos qual material é nosso trabalho a ponto de interferir claramente na vida pessoal de cada um.                                                                             Um dia repleto de emoções desde a manhã ao ensaio e para finalizar a partilha por palavras de diversas pessoas, que nos ajudam, nos põem a refletir, a discordar e a entender.                                                                                                                              Por dias como esses fica obvio a família em trabalhos que somos, mediante a tanto profissionalismo, atenção ao trabalho, ainda sobram espaços preenchidos por compromissos profissionais que lhe permitem experiências para vida pessoal.


Jeziel Santana - ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Parece uma orquestra inteira o som do celular que nos desperta, em seguida recebo um tratamento sutil de minha querida lua (Larissa) os risos se manifestam logo pela manhã, engraçado como o isolamento do Baudelaire está presente até em nossos sonhos. É necessário um ensaio extra para a cena que já teve vários nomes – piquenique, chicote, mulher selvagem, show de horror e etc.
Assistir o ensaio aberto de um espetáculo de dança foi incrivelmente inspirador e reflexivo, como a arte é transcendental, como quebra qualquer barreira que a sociedade constrói. Manter-se distante das análises dos poemas é difícil, é incrível como há um envolvimento, a empatia toma conta de alguns atores, a discussão se prolonga.
As cantigas de roda me fazem um bem danado, o Felipe com sua criatividade e poesia as deixa muito mais divertidas.
O retorno do almoço com as atividades conduzidas pela Larissa é incrivelmente delicioso. Favores da Lua, suor, luzes coloridas, figurinos, um público, partilha, tensão, emoções, reflexões, medos, angústias, carinho, declarações públicas, e decisões.

ENCONTRO DO DIA 12/03/2011

Clarinha Dianesi – Produtora Cultural do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Manhã de sábado: estudos voltados ao Favores da Lua – O Prólogo. É impressionante o tanto de coisas que ficam esquecidas, passam batidas. Voltando aos originais do Baudelaire vejo quantas nuances ficaram para trás na correria de fazermos o melhor. Esse tempo de amadurecimento do espetáculo tem sido de grande valia. Todos crescem muito com isso.
Tarde de sábado: casa! Não agüentei de dor. Fiz o fluxo de caixa em casa mesmo, com o pezinho para cima e com muito gelo. Senti muita falta de estar no ensaio. Cresço muito vendo o trabalho de todos evoluindo. Ansiosa para sábado.


Welinton Machado - ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Essa foi a primeira vez que assisti "Favores da Lua - O Prólogo", mesmo sendo um ensaio e com mudanças técnicas pude compreender porque o grupo gosta tanto da peça. Realmente a peça é apaixonante e como foi comentado no ensaio é possivel ver a teoria na prática. Mesmo estando sentado só assistindo me sinto como se estivesse participando de um exercício, acho que isso se deve a forma com que o nosso diretor conduz o ensaio. Agora é só aguadar as apresentações e desejar muita merda para nós.

Leila Azevedo- atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Está difícil...Pra mim essa palavra está fazendo parte da minha vida essa semana – em muitos sentidos, (*desculpe acho que isso deveria ser dito na partilha e não aqui, mas é que realmente está difícil; até a minha capacidade de raciocinar e colocar as idéias no lugar está complicada!)
Mas, faço um esforço, afinal tenho responsabilidades para com o grupo e para comigo  mesma. Acredito que foi super importante analisarmos novamente e sob uma nova perspectiva os poemas...pra mim em específico, depois de um longo tempo afastado  de Baudelaire e de  todo o universo que envolve nosso espetáculo,  ta  sendo valiosíssimo relembrar e re-analisar, sua estrutura suas dificuldades, enfim...realmente é um novo espetáculo, e como eu disse na partilha, me sinto uma nova integrante,  minha pesquisa agora é outra, não enquanto ao espetáculo mas enquanto a personagem, está sendo uma delícia, é gostoso essa reestruturação, é gostoso eu falo enquanto ao trabalho de ator, parece que a todo momento a gente é colocado em “xeque”, ou seja, sempre aparece novos desafios, a gente nunca chega a permanecer na zona de conforto, mesmo aqueles que não passaram por personagens diferentes no espetáculo sofreram mutações durante o percurso, e isso é maravilhoso.


Carolina Câmara- atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Confusa,perdida,nervosa,mas,FELIZ!
Estar no Favores da lua é um grande desafio e uma grande honra!


Darlison Barros Pesquisa Teórica/ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Finalmente após meses de trabalho meu corpo começa a entender praticamente a questão da coluna.
Fiquei muito animado neste sábado, pois nossa apresentação se aproxima, tenho certeza que será especial, pois além do amor que todos nós do Eu-Outro temos por esse espetáculo, será também a primeira estréia na peça de alguns integrantes do núcleo, e com eles novos corpos novas maneiras de se realizar uma ação, a passagem do subjetivo ao verbo começa a ficar mais clara em alguns dos meus companheiros isso me incentiva a buscar e a compreender cada vez mais essa transição.Saio deste ensaio com um pensamento, Como dizem os grandes artistas para se obter sucesso é preciso 1% de inspiração e 99% de trabalho/suor.

Elton Pinheiro – ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Após uma semana de carnaval intensa, dedicada e animada que o núcleo nos proporcionou, o retorno aos ensaios foi muito esclarecedor. Com estudo mais detalhado, uma analise mais profunda sobre o espetáculo, novas mudanças e perspectivas foram acrescentadas ao “favores da lua – o prologo”.
A cada semana, a ansiedade das apresentações e do projeto começar aumenta e é uma ansiedade muito boa de se sentir, pois acredito no nosso trabalho.

Jeziel Santana - ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Mais um dia chuvoso, a água que cai precisa levar consigo o cansaço, que de alguma forma toma posse dos corpos. O momento de análise dos poemas de Baudelaire nos faz olhar para o nosso espetáculo e retomar algumas coisas que ficaram perdidas, isso me faz bem. Retomar o ensaio do espetáculo Favores da Lua: O prólogo me deixa feliz quando revejo a cena da Janaína... “enfim sós”.

Daniel Marchi – Ator/audiovisual – Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Após o carnaval, corpo ainda cansado, dores de uma gripe que ameaça se manifestar em breve.
O rendimento do ensaio visivelmente foi baixo, o que me prova que minhas horas de descanso são triviais para o trabalho. Talvez tenha sido minha primeira experiência neste sentido.
Como lidar com a fadiga e as dores no corpo quando se está em cena?
O que posso extrair deste corpo gripado que me possa ser útil?
Poderia sim me descobrir mais nesta pesquisa, mas sinceramente, espero estar muito bem para o próximo ensaio!

ENCONTRO DO DIA 05/02/2011

Por João Armando Fabrro- ex-ator do Eu Outro núcleo de Pesquisa Cênica
Manhã confusa. Muitas informações que não convergem no meu desconexo sábado: carnaval, festa, favores, bebidas, conversas, compromissos, agilidade... Falas são atropeladas e meus pés gelados não querem pisar o chão que temos...
A volta é rápida também. Atropelo-me em processos e me percebo cansado, sonolento. Fixar o olhar significa ir longe na translucida visão daqueles que estão prestes a cair no sono. Estou letárgico...
Algumas mudanças, risos, clima leve e chuva fria que se mistura à delicada e fina sonoplastia. Os pés, ainda gelados incomodam profundamente. Inquieto, apenas observo. Quando solicitado o cansaço parece se dissolver. Corpo desperta e busca ser ágil, mas não está concentrado, está longe e disperso... Uma inquieta sensação de insatisfação para comigo me toma antes do fim... Não houve fim, e está sensação se sentiu no direito de se estender ao longo da semana... Talvez sejam os pés gelados, ou uma nuvem de chuva, ou qualquer outro talvez insólito...

Welinton Machado - Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
O sábado foi bem corrido, de manhã conversas necessárias sobre o carnaval. Durante o período da tarde ensaio do "Favores da Lua - O Prólogo". Adorei assistir o ensaio, afinal nunca havia assistido à peça. No domingo a ansiedade me dominava, era o dia de desfilarmos com o nosso bloco. O desfile foi demais, sentir a energia do povo não tem explicação, a festa depois do desfile também foi ótima. Na terça lá estávamos nós de novo pra mais um dia de desfile, imaginei que tudo seria bem mais fraco, mas me enganei totalmente, a quantidade de pessoas e a energia era praticamente a mesma, ganhamos muito merecidamente o premio de animação e melhor fantasia. Quando acabou fiquei com a sensação de dever cumprido.

Marina Fazzio- atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Me vejo a espera de um novo e ainda presa ao velho. Todos nossos projetos me deixam agitada, quero fazer tudo sem parar. estou morrendo de vontade de apresentar nossos espetáculos. É tudo muito gostoso. Fico muito feliz por ver todos com vontade de trabalhar\apresentar.

Por Dalison Barros-  ator do Eu Outro núcleo de Pesquisa Cênica
Foi um dia bem corrido, voltamos nossa atenção para o espetáculo favores da lua-o prólogo.
No outro dia uma grande ansiedade me consumia não parava de pensar em nosso desfile que ocorreria a noite. Mas no fim tudo saiu como esperado e a sensação de desfilar e ver crianças e pessoas cantando nosso enredo ou pelo menos pulando conosco foi incrível.
Na festa que realizamos tenho que partilhar com todos uma surpresa feliz, Andresa me surpreendeu positivamente em vários sentidos. D muito Obrigado!
Agradeço também outros integrantes como Jana e Ber que com muita paciência se disponibilizaram a fazer não apenas minha maquiagem, mas a de outros integrantes.
Leilinha a você um grande abraço a nossa maravilhosa princesa, seu sorriso sua simpatia conquistou a todos na avenida de modo que alguns momentos lhe chamavam de rainha, e a voz do povo é a voz de Deus.
Apesar de não citar todos os integrantes do núcleo aqui, muito obrigado se não fosse por cada um de vocês não haveria um desfile tão belo, então a todos os que fazem parte e que contribuirão diretamente ou indiretamente para o sucesso do nosso bloco meu MUITO OBRIGADO!

ENCONTRO DO DIA 26/02/2011

Por Jeziel Santana - ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
A vertigem
Na cidade de Tatuí, um grupo de pessoas sai para reconhecimento do local de trabalho. As estratégias de ataque e defesa começam a serem desenhadas, parece que os vilões planejam raptar alguns integrantes do Eu Outro Núcleo de Pesquisa, é preciso colocar em prática o corpo atenso, a vertigem se manifesta; um vilão não suporta e é derrotado por ela. Os heróis precisam defender a cidade, lutar nas alturas, voar, escalar andaimes, dilatar os movimentos e vencer. Ufa!!! Felizmente os heróis possuem sua sede num país tropical onde o samba é sua música, os heróis comemoram a vitória ao som de Favores da lua, o estado de corpo agora, mesmo estando em solo, também é vertiginoso, será a vertigem uma aliada dos heróis/atores?

Por Darlison Barros - ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Entre heróis e Vilões...
Bolhas nas mãos
Hematomas pelo corpo
Dores na garganta
Cansaço
Tudo isso me causa uma grande alegria, pois volto para casa com o sentimento de dever cumprido.

Por Leila Azevedo- atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Nossa! Tivemos um dia de trabalho bem diferente! Acredito mais divertido que penoso; contudo, apesar da diversão, todos estavam focados em obter um bom desempenho, pois, estavam todos diante de uma situação nova, inédita ao nosso trabalho corriqueiro, porém, não era inédita a disposição do trabalho do ator diante da dificuldade com o espaço, afinal, este fator tem sido a base que nos move em nossas pesquisas e estudos enquanto corpo-ator.

Por Larissa Bassoi- atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Em meio a devaneios busco certo entendimento, certa compreensão.
Caminho entre símbolos, sonhos, luzes, certa tridimensionalidade nas coisas, no outro, na relação com o outro seja ele pessoa, seja ele objeto, espaço.
Deparo-me com torções, essas que podem funcionar em cena, e torções que bagunçam aqui dentro.
Pesquisas, filósofos, teorias, me intrigam e me perturba, a sensação de não saber como “linkar” uma coisa na outra, como deixar isso orgânico, e levar isso para cena. Ao mesmo tempo em que tenho certeza que chegaremos a algum lugar; adquirimos confiança no trabalho, uns nos outros, o que fortalece o grupo.
Assim vou me deparando com certezas e incertezas, questionamentos, vou descobrindo a cada dia uma nova possibilidade, uma nova maneira, de como ser e estar sendo, uma explosão aqui dentro, às vezes contida às vezes gigante, mas sim, me descobrindo, me realizando, e saindo feliz a cada encontro...

Por Érica Azevedo- atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Poder ser parte disso nesse tempo me provoca um emaranhado de sensações que, felizmente, vão na direção contrária do que eu considero confortável. Felizmente porque desconforto, nesse caso, tem a ver com estar em movimento, assumindo riscos, encontrando dificuldade... e dessa forma  ganho a possibilidade de crescer e me superar.
Pra tentar vivenciar o grupo e todas as propostas o mais plenamente possível eu me dôo, e faço isso com a tranqüilidade de saber que nem um pingo do meu suor e do meu tempo são mal utilizados. Presencio o tempo todo evidências da acuidade e da responsabilidade do Núcleo com o próprio trabalho. Por trás dos resultados há estudo, reflexão e experimentação. Pequenas características individuais são percebidas e utilizadas, o que requer grande sensibilidade e torna o processo ainda mais proveitoso. E faz ainda mais sentido quando constato que os princípios do Eu-Outro são os meus princípios.
A cada descoberta me convenço de que o caminho que estou iniciando é mais árduo e delicioso do que pensei, e isso me dá uma baita fome! Preciso lidar com esse apetite, já que me frustra não conseguir alcançar o prato principal... mal comecei a saborear a entrada.
Enfim, no que eu puder estar, vou estar. No que não der, é porque outro processo pede pra acontecer primeiro... e como resultado dessa ordem que se estabeleceu, talvez em um próximo momento eu esteja / seja(!) mais...

ENCONTRO DO DIA 19/02

Por Felipe Giovanetti – ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Estar no Eu-Outro é como estar em um sonho, contudo um sonho palpável. Um sonho onde cada loucura se passa nos exercícios, nas atividades, onde nossos esforços são tidos em cada movimentação corporal, em cada limite superado.O alimento para esse sonho acontece no momento em que os estudos sobem ao palco, no instante em que o grupo se reúne e troca experiências, compreende melhor a trajetória da arte que tanto prezamos e amamos e que nesse tempo se mostra tão infinita, tão carente de atenção e a cada nova aprendizagem o sentimento de não conhecer nada só aumenta e isso nos instiga a ser um grupo de pesquisa cênica com mais força a cada novo encontro.Esse grupo se descaracteriza como um grupo quando estamos juntos e se torna uma família em trabalho, em carinho, em apoio e em respeito.

Thiago Castro Leite- ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
COMPOSIÇÃO É A PALAVRA

Dois braços, três pernas, cinco pescoços.
Por favor, dois cubos de diferentes tamanhos...
Um corpo tridimensional, mais 9 lanternas...
Mais pressão, a luz amarela pressiona.
Um pé, outro pé... Uma boca... Palavra.
Qual som preenche e pressiona essas imagens?
Um barco se move no mar...
Penteie seu cabelo... Penteie seu cabelo...
Um corpo atenso... um corpo atento...
Prolongamento...
Na liberdade do movimento do samba
A princesa atensa, atenta esbanja um corpo cênico.
É preciso esforço, é preciso reforço, é preciso estar inteiro e relaxado...
E ao fim o herói se reconcilia,
Depois da falha trágica, do pathos,
O mito, universal.

Por João Armando Fabbro – ex ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Peso e dor de um ciclo inquieto...
Hoje a cabeça parece não me pertencer, é a cabeça, não a minha cabeça. Pesa, dói, pensa mais do que eu gostaria que pensasse. As palavras nela se perdem e em mim busco olhos mais presentes, mas não há. Os textos propostos atacam minha ética e minha moral: acho-os chato, mas deveria achar interessante – hoje não – então me acho burro e me conforto.
Ao final da manhã uma pouca conversa que propunha outra no começo da tarde. Almoço aflito e chego trinta minutos antes. Conversamos. A confusão explode e a angustia por não ter tido oportunidade de mais tempo para falar me toma mais e mais... Descontraio-me sumindo de mim, desligando-me com pensamentos desconexos, pensamentos coisas que fogem a qualquer substantivo... Começamos a cantar. Meu relaxamento é tenso e meus ombros parecer tencionar o dobro quando me preocupo. Ainda não me acostumei com as diversas pausas ao longo das propostas, isso me leva a crer que estou em outro tempo de trabalho, um tempo de experimentação que talvez necessite do erro para possibilitar um acerto mais meu – mesmo não crendo nos erros muito menos nos acertos – tempo este que não temos com apenas um encontro na semana. Coloco-me em xeque, não temos tempo e o pouco que tenho não estou sabendo utilizar. Cobro-me daquilo que gostaria de ter. Mais encontros na semana? Mais tempo? Ou talvez fosse mais comprometimento no curto tempo? Estar junto estando distante? Fazer-se presente por interesse e compromisso? Talvez sim, talvez não... Os exercícios e as novas propostas hoje são menos dissociados do trabalho “cantado”. Pregamos a não separação do corpo e da voz, mas separamos o trabalho, estabelecemos está dicotomia. Como ser uno, como corpo e voz ser “corpoemvoz”? Não sei, e é justamente ai que bate a angustia do tempo, da necessidade de mais tempo de pesquisa, de trabalho, estudo... Não sei... Belas propostas, boas idéias, lindas imagens, mas quero estar em tudo isso de forma mais concreta, ser a imagem e não apenas contemplá-la. Grande parte de tudo ainda me é elucubração. Preciso tornar minha imaginação orgânica transformando as imagens em ações... Em fim, é só o começo, de um novo recomeço...


Por Clarinha Dianesi - atriz e produtora do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Tem sido muito agregador nossos estudos teóricos, fazendo com que o sábado já inicie-se produdivo e estimulador. Em seguida adentramos na parte prática de nosso trabalho e eu, que não participo dos exercícios e das montagens, prendo-me ao trabalho de todos, vendo florecer diante de mim novos espetáculos (O Touro Branco e Favores da Lua - O Diário de Bordo) e o aprofundamento do trabalho com Favores da Lua - O Prólogo. Cada novo movimento contém uma ramificação de significados que estão embasados pelos estudos teóricos e pelos exercícios realizados.
Resta-me apenas iniciar os projetos dos próximos espetáculos para iniciarmos parcerias para realizá-los e ir em busca das novas apresentações.


Por Thiago Castro Leite – ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
P-O-R U-M C-O-R-P-O  T-R-I-D-I-M-E-N-S-I-O-N-A-L

Estar em cena, mais que um estado físico e corporal pressupõe principalmente o diálogo. E ao falar em diálogo não se pode pensar apenas na emissão de um texto, falado ou cantado. Quer-se dizer, aqui, de um momento em que os criadores da obra, ao estarem prontos para a cena, estão prontos para ouvir, para falar, para iluminar, para pressionar. Favores da Lua, mais que uma obra de arte nascida a partir dos textos de Charles Baudelaire e imagens de Paul Gauguin, é o diálogo entre seres humanos consigo e com os elementos que compõem a cena. Um ponto convergente que necessita de espaço para a respiração, para que o pensamento ganhe corpo, para que as ações se clarifiquem e se propulsionem no outro (ator/público). Durante nosso processo, vários foram os temas de discussão e de proposições para o estar em cena. Buscamos um corpo que responda aos estímulos que são lançados ao espaço cênico, por meio da pressão da luz, dos atores, das palavras ou da música. Esse corpo que se constrói em uma relação dialógica com esses elementos, que se configura como a argila pronta para ser modelada e remodelada, tanto aos olhos do encenador quanto daquele que atua como espectador, que confere à obra uma leitura única e singular devido a todo histórico que o levou àquele momento, é o que chamamos de C-O-R-P-O  T-R-I-D-I-M-E-N-S-I-O-N-A-L.

Por Lucía Spivak - Pesquisadora vocal e atriz do Eu Outro NPC
Eu nasci do outro lado da fronteira. Lá onde a rua cheira a tango e as manhãs e tardezinhas transcorrem com o chimarrão de mão em mão... Depois, fui crescendo e comecei namorar a arte. Primeiro foi a música, que me escolheu de um jeito irrecusável.  Logo depois, o teatro que sempre ficou aí, me paquerando sem definir nada muito certo. A dança ocupou sempre o seu posto certeiro de ser a que me da felicidade ao mexer o corpo... Mas foi através da música que acabei atravessando a fronteira e cheguei com as minhas malinhas cheias de sonhos a essa terra na qual me apaixonei na hora.
O que eu certamente não imaginava era que seria aqui, no Brasil, nesse lugar estrangeiro, com uma língua diferente e longe da família, aonde o teatro chegaria para se plantar de cheio na minha vida... Ela é assim essa vida, nos leva por onde menos pensamos (aí que esta a graça da coisa). E assim foi que conheci ao Juliano Casimiro e, por pura intuição, peguei a mão dele e me deixei levar. E o bem que fiz! Ele me levou com muita doçura, eficiência, profundidade e prazer a entender que não sou uma musicista que quer brincar de atuar, se não uma atriz com todas as letras. E depois, foi além e me mostrou como ser profissional e humano ao mesmo tempo, e como melhorar a própria experiência da vida através da arte. E como se tudo isso não fosse suficiente, o caminho nos levou (com bastantes pedras no meio!) a formar esse maravilhoso grupo que é o EU-OUTRO, onde acontece algum tipo de magia louca, de vontade comum de criar, jogar, estudar, melhorar, crescer, inventar, experimentar, amar, ajudar entre tantas outras coisas...
Então aqui estou hoje, desse lado da fronteira, assobiando baixinho algum tango, tomando um chimarrão sozinha ou com algum brasileiro corajoso. Feliz de ter achado esse grupo de pessoas para caminhar juntos até onde seja que o caminho nos levar...

Diário de bordo de ensaios de Jeziel Santana -ator do Eu Outro NPC
Depoimento 1:

Olá, meus queridos!

Hoje baixou a “Dita” em mim, e resolvi lavar o meu carro e como todo virginiano sou detalhista, portanto é claro que vou demorar mais que qualquer outra pessoa pra limpar este bendito carro... hehe
Alguns devem se perguntar, porquê resolvi falar isso. Durante o meu processo de limpeza do carro comecei a perceber como minha coluna conduzia meus movimentos para conseguir limpar os cantos, que só os virginianos vêem, alguns momentos eu me contorcia todo. Outra coisa que percebi, era o quanto eu forcei o meu abdômen para limpar o carro, principalmente quando fui encerar, até porque eu troquei de braço (usei por várias vezes o braço esquerdo, para não cansar muito) e como eu percebi os músculos do abdômen “presentes” de certa forma estavam contraídos, mas havia certa agilidade em meu corpo para conseguir o resultado, que era o brilho do carro.
Comecei a pensar, sobre a pergunta que o Ju fez no diário de bordo que depois eu também fiz o meu, para estudar um pouco mais sobre o corpo atenso, e aí, a pergunta volta a minha cabeça. Será que é este corpo que deve ir à cena? Este que está presente, que não tenciona, que é guiado pela coluna, que é orgânico, afinal eu não tinha preocupação alguma em mostrar nada a alguém, pois acredito que este é um grande problema meu; parece-me que as vezes, de forma inconsciente, quero sempre mostrar ao invés de ser o substantivo.
Mas, ao mesmo tempo em que encontro a resposta para a minha pergunta e do Juliano, continuo o questionamento se este corpo pode estar em cena.

Depoimento 2:

Substantivo – verbo – verbo – substantivo

Exercício que devemos utilizar a cena em que o artista “trabalha” em sua obra de arte.
Em dupla deveríamos explorar a atividade de um artista plástico com seu respectivo material de trabalho. Em princípio a atividade deveria ser explorada individualmente, até cada dupla definir quem seria a obra de arte e o artista; este deveria ser “moldado” a partir da coluna do artista.

Comentários sobre o exercício:

Observado que havia um esforço muito maior no rosto, que na coluna de onde deveria partir o movimento para realizar as ações.
Há uma diferença entre o corpo cotidiano e o corpo “atenso”. Em exercícios anteriores eu já fazia a pergunta a mim. Qual a diferença destes corpos? Já que preciso entrar em cena com o corpo que tenho, este corpo que não precisa tencionar, não precisa relaxar, é o corpo com o qual me relaciono com família, amigos e colegas de trabalho, este corpo que corro, caminho, pratico esportes, durmo, como, etc. Será que por pensar desta forma que o Juliano não vê a diferença entre os dois corpos, em mim, na execução do exercício?
O corpo “atenso” não deve ter o olhar para dentro, não precisa tencionar os ombros ou qualquer outra parte do corpo que o ator venha escolher, mas é preciso prontidão, agilidade, sentidos aguçados (os cinco sentidos) e que este corpo “atenso” seja natural e verossímil para quem o assiste.
Acredito que ainda há uma grande preocupação em mostrar e não de ser a ação. É necessário encontrar um estágio de plenitude de ação, onde não há preocupação com o resultado, mas há uma atenção com o processo, que o objetivo torne-se o processo e por este processo o resultado seja uma conseqüência.
O que é necessário para despertar o corpo “atenso”?
Como é este processo?

Por Karine Andrade ( ex- atriz do grupo)
Para mim foi um prazer único fazer parte desse espetáculo. Onde a magia, o encanto, e os sonhos, se misturavam com a realidade. Num trabalho de extrema competência, maturidade, comprometimento, responsabilidade e amor à arte, que é fundamental para que a peça tivesse o resultado que teve e a importância que ainda tem.Um trabalho que marcou minha vida e que acrescentou na minha experiência como atriz e fez que eu amasse ainda mais o que faço e tivesse ainda mais certeza de que é possível um teatro de qualidade e paixão onde quer que a gente se encontre. Basta que estejamos com gente que vale a pena, para que o trabalho e o resultado valham a pena também.

Por Marina Fazzio - atriz do Eu Outro NPC
Com o núcleo descobri que todas aquelas experiências que muitos dizem que o teatro pode dar, são possíveis. Através dos exercícios e ensaios começo a descobrir o homem e a profissão. Nele me encantei com plenitude pelo teatro.




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