ENCONTRO DO DIA 17 DE FEVEREIRO DE 2013
Lucía Spivak
Fazia tempo que não acontecia comigo, o cansaço me influenciou muito no último ensaio. Estava cansada e com baixa energia. Isso dificultou muito para mim, especialmente em relação à composição e à criatividade. A partir disso surgem reflexões sobre a relação do “eu cotidiano” e do “eu ator”: até que ponto podemos nos desfazer do “eu cotidiano” na hora do trabalho? Será que quanto mais "experimentado" o ator é mais ele controla essa relação?
ENCONTRO DO DIA 10 DE FEVEREIRO DE 2013
Lucía Spivak
Ensaiar num local arejado, cheio de verde e
com clima de chuva me trouxe automaticamente a inspiração que precisava para
compor a musica do inicio do espetáculo. Saiu de primeira e fluidamente como
saem as coisas que fazem sentido na hora...
O ensaio foi delicioso, nesse local especial
fizemos um interessante exercício de sequência de ações que na repetição foram
mostrando a dificuldade que temos de construir a poética das cenas. Agir não é
tão difícil, mas agir em relação aos outros, agir compondo uma cena, sendo esta
natural e não forçada, é bem mais difícil. Nesse trabalho ficamos um bom tempo,
e o considero muito útil e importante no nosso processo.
Na hora de trabalhar com o espetáculo
propriamente dito, começamos a mexer nas cenas novamente (e pela ultima vez
antes da estreia). Como sempre digo, acho delicioso esse momento do processo,
onde tudo começa a cobrar novos sentidos, novas lógicas, novos jogos aparecem. Ainda
temos o nosso eterno problema, o jogo, a proposta vem sempre do Juliano, nós
ainda não conseguimos jogar tudo o que poderíamos, tenho certeza disso, e acho
que esta na hora de começar a ousar mais, sair do molde, nós mesmos criarmos novas
poéticas e jogos nas cenas. Vamos tentando...
Elton Pinheiro
Em um local bem agradável demos
continuidade aos nossos ensaios/trabalhos. Fizemos um exercício muito
interessante que envolve a percepção para o jogo cênico. Como se relacionar com
o companheiro de cena a partir de uma ação corporal ou verbal? O que a outra
pessoa faz que leva você a se relacionar com ela sem ser forçado e sim sendo sentido?
Parece ser simples de fazer, mas não é. Creio que conseguimos atingir um
resultado satisfatório para um primeiro momento, mas é claro que não foi o
suficiente. Esse tipo de exercício é um daqueles que por mais que você faça,
sempre vai ter algo novo a ser feito e mais interessante. Me agradou muito
fazê-lo
O ensaio do espetáculo foi
dedicado aos ajustes das cenas. Uma cena minha em especial foi muito trabalhada
e mudada. Está sendo complicado lidar com algumas dificuldades. Isso está me
incomodando muito, pois está sendo mais difícil de lidar do que o normal e já
era para ter resolvido. Espero que os vídeos que estamos fazendo me ajudem nesses ajustes. Preciso trabalhar mais!
Jeziel Santana
Um encontro/ensaio num local inédito, visual
e atmosfericamente era agradável. A poeira e frieza do chão, o eco, o vento me
remetem ao período em que começaremos a apresentar, quando estabeleceremos uma
relação com cada local de apresentação, que sempre possui suas particularidades. Qual será a reação? Que jogo será estabelecido?
A vertigem esteve presente no exercício de
aquecimento, o que há muito tempo não se construía: colocar o corpo em um
estado não tão comum, se comparado ao cotidiano, nos permite trabalhar com
outras possibilidades que são mais apropriadas cenicamente. Com o propósito de
jogar com os dados e informações fornecidas pelos parceiros de cena que
começamos o nosso aquecimento corporal. O questionamento durante o exercício
foi provocado, a resposta esperada não foi tão imediata, de qualquer modo a
poeticidade começou a aparecer durante o exercício em alguns
movimentos/partituras corporais.
Remarcar as cenas com outro olhar renova o
espetáculo, nos tira de um lugar, onde quase cristalizamos a atuação, antes
mesmo da estreia. O que não nos permite novas pesquisas? Será medo de arriscar?
Ou acomodação em uma zona de conforto?
A releitura do espetáculo gera um efeito dominó; a
alteração provocada na primeira cena exerce influência diretamente na última
cena. Os ajustes são mínimos, é quase a hora do show, e que se abram as
porteiras, soltem o touro e gritemos – olé!!!ENCONTRO DO DIA 03 DE FEVEREIRO DE 2013
Jeziel Santana
Um
tempo... ausência, reflexão, apropriação, corpo destreinado, instalação... A
sonoridade do espetáculo começa a se estabelecer; ainda há um caminho a
percorrer.
Os
exercícios utilizados para aquecimento foram bastante intensos e necessários. É
preciso colocar o corpo em estado de trabalho para buscarmos o preenchimento de
cena, discutido no dia. Por um instante retomo essa análise, qual a
dificuldade? A falta de repertório, o não entendimento da pesquisa (acredito
que não seja), a falta de resposta do corpo? Muitos questionamentos, a resposta
só virá com a execução, com a prática, com o touro na arena... assim penso.
Chegou
a hora de despertar as vozes que pareciam adormecidas e ao mesmo tempo não
houve dificuldade em reorganizá-la; o momento de preparação vocal seguiu sem
grandes problemas; por outro lado, não sei se posso dizer que houve um
progresso.
Logo
chegará a hora de gritarmos: Olé!!!
ENCONTRO DO DIA 16 DE NOVEMBRO DE 2012
Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do
Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
No ultimo ensaio gravamos todas as partes
cantadas da peça para mandar para o Rafael que vai compor a trilha das cenas
baseado nessas gravações. Foi uma boa experiência, especialmente para os
meninos que não estão habituados a fazer esse tipo de coisa. Foi bom também
para polir o máximo possível os erros e as inseguranças. O mais importante
agora é ir deixando esses cantos o mais naturalmente possível nas cenas, especialmente
se acostumar com o fôlego que muda muito na cena em relação a quando cantamos
parados. Enfim, muita coisa para ir acomodando. O bom é que as cenas estão
todas prontas, agora só resta passar o espetáculo infinidade de vezes para ir
polindo ele e esperar as mudanças que virão com a iluminação, o figurino e a
sonoplastia.
ENCONTRO DO DIA 04 DE NOVEMBRO DE 2012
Lucía Spivak – Pesquisadora Vocal e Atriz do
Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Fiquei dois ensaios sem escrever partilha.
Não foi de propósito, teve a ver com a correria da minha vida, mas me chama a
atenção um pouco; por isso refleti a respeito. Tive correria, tive preguiça, mas
também fiquei sem palavras. Acho que os últimos ensaios foram de alguma maneira
uma continuação dos anteriores. Quando pensava em escrever a partilha só
conseguia pensar em dizer as mesmas coisas, então desistia. Depois, fiquei pensando
que então o silencio talvez não fosse tão ruim, simplesmente era uma forma de
continuidade das minhas últimas palavras no trabalho.
O último ensaio foi um pouco diferente.
Tivemos que cronometrar as cenas para que o Rafael possa compor as trilhas com
essas durações. Foi interessante ficar mais consciente dos tempos de cena,
sentir quanto dura cada ação, cada “movimento”. Acho que isso já monta em si
uma composição musical. E começo a imaginar a trilha vindo preencher o espaço
de cena... Estou bem ansiosa para ver como isso vai ficar.
ENCONTRO DO DIA 27 DE OUTUBRO DE 2012
Jeziel
Santana - Ator do Eu-outro Núcleo de Pesquisa Cênica.
Começamos a instituir um ritmo melhor para o nosso ensaio. Dessa vez, para mim,
trouxemos a cena para o aquecimento, ao contrário do que costumamos fazer,
geralmente os nossos exercícios são utilizados/executados poeticamente em cena,
assim como relatado na partilha anterior; agora vimos cenas durante o
exercício, os corpos eram pesquisados e doavam-se a pesquisa; ousamos,
confiamos, nos entregamos. E ainda que houvesse apenas uma pesquisa vocal
acoplada, que não pode ser realizada por fatores externos, ainda acho que em
muitos momentos a voz surgia naturalmente do corpo em trabalho.
ENCONTRO DO DIA 21 DE OUTUBRO DE 2012
Jeziel
Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Depois
de um longo período sem ensaio, foi um dia de readaptação, o aquecimento com
exercícios circulares foram pouco intensos fisicamente falando, porém não menos
efetivos. A relação que se estabelece direta e indiretamente com espetáculo é
fortíssima; e como já dissemos em partilhas anteriores os exercícios são
utilizados em cena de forma poética, isso deixa o nosso trabalho bastante
produtivo.
Pudemos constatar que pra mim, ainda há uma grande dificuldade de conexão do
corpo com a voz, ainda é preciso uma pesquisa mais intensa ou utilizar outros
caminhos para alcançar a naturalidade vocal esperada.
ENCONTRO DOS DIAS 15 E 16 DE SETEMBRO
Lucía
Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Final
de semana de trabalho muito intenso. Foram no total 14 horas de ensaio
concentrado e rendidor. Terminamos extremamente esgotados, mas valeu muito a
pena. Duas coisas fundamentais aconteceram para mim nos ensaios. Uma mais
pessoal, a outra mais grupal e em relação direta com o rumo que o espetáculo
está tomando.
Pessoalmente
vejo uma evolução constante nas minhas possibilidades corporais. E não só eu
vejo, os outros integrantes e o Juliano destacam também. Para mim é muito
importante o apoio do Juliano e do grupo inteiro. Sinto que seria muito mais
fácil deixar que eu não fizesse certas coisas, as cambalhotas, paradas de mão,
paradas de cabeça, e outras coisas de acrobacia que nunca foram o meu forte.
Mas não, neste grupo todos experimentamos tudo, todos passamos pelas nossas
dificuldade para trabalhá-las e melhorar. Cada um com as suas possibilidades,
com as suas limitações. Assim como o Welinton tem dificuldade com a voz e nós o
ajudamos na sua evolução (que é constante) a mesma coisa acontece com a minha
destreza física. Estou conseguindo fazer coisas que nunca tinha feito na vida e
isso, além de ser gratificante e útil para a cena, está transformando o meu modo
de ver e viver meu corpo na vida cotidiana. É fascinante!
Em
relação à montagem, ficamos mexendo cena por cena até o mínimo detalhe. Pela
primeira vez percebemos o quanto é importante trazer o texto para o jogo. Não
adianta nada estar jogando com o corpo se o texto está sem relação. É um
desafio para todos nós. Mas é fundamental que consigamos essa relação, acho que
o espetáculo está tomando um rumo muito interessante e gostoso, é só entrar na
brincadeira, se jogar inteiramente e entender o sentido deste grande jogo.
Elton Pinheiro - Ator do Eu-Outro
Núcleo de Pesquisa Cênica
Ensaio intenso de
dois dias seguidos após uma pausa para o feriado. Foi uma volta maravilhosa.
Não pelo fato de sair perfeito as coisas, pelo contrário, devido ao fato de
ajustar as cenas, fazer um trabalho focado em todos os detalhes de cada uma.
Senti muita dificuldade em passar uma parte minha. Eu pensava a cena de outra
forma, me preocupava mais com o corpo e pouco em como dar o texto e foi nesse
ponto que trabalhamos muito. Fora de cena consigo entender bem o que o Juliano
pede, mas no durante sai diferente mesmo eu tendo a consciência de que estou
fazendo “errado”. Mas isso é um processo natural para mim, em todos os meus
trabalhos como ator e sei que com dedicação chegarei no caminho desejado. Tenho
que ressaltar também os exercícios realizados com o corpo que foi interessante
e produtivo. Cada vez mais descubro maneiras de lidar com meu corpo em diversas
situações. Welinton Machado - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Dois dias seguidos de ensaios bastante intensos. Como já temos o esqueleto do espetáculo, agora é a hora de pesquisar cena por cena, de brincar com cada detalhe e principalmente com o texto. Até esse momento, vínhamos desenvolvendo uma pesquisa corporal extremamente interessante para o espetáculo, e é claro que essa pesquisa continua, mas nesses ensaios, Juliano nos lembrou também da importância e da beleza do texto “O Touro Branco”. Agora acho que entendemos o caminho que iremos seguir e como devemos jogar, e isso só faz com que o espetáculo se torne ainda mais interessante para mim.
Como já destaquei em outras partilhas, todos nós estamos em um processo de
crescimento, e essa evolução é nítida e isso me deixa extremamente feliz e
orgulhoso.
ENCONTRO DO DIA 02 DE SETEMBRO DE 2012
Lucía Spivak – Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Felizmente conseguimos. Conseguimos jogar. Com certeza estamos longe ainda do nível de jogo que precisamos no espetáculo e que iremos atingir mais adiante. Mas pelo menos conseguimos jogar um pouco. Foi a primeira vez nos ensaios sem o Juliano que realmente desfrutei de passar o espetáculo inteiro. Foi gostoso, teve tesão, teve jogo, teve encontro... E realmente acho que essa é a maneira em que a criatividade começa a aparecer, em que os muitos jeitos possíveis de estar em cena ganham vida, e portanto ganha vida o espetáculo também. Acho que estamos no caminho certo e espero com ânsias o intensivo de ensaios que vira a continuação.
Elton Pinheiro - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Me atrevo a dizer que nosso último ensaio foi uma grande
mistura de sensações e impressões. Experimento, tentativas, cansaço, raiva,
diversão, satisfação, frustração, ideias e dor. Isso tudo foi maravilhoso e
rendeu um ótimo ensaio. Mas algo me incomodou muito, coisa que eu tinha pensado
em fazer antes de passarmos o espetáculo, não consegui realizar. Umas por
conta de incompatibilidade com a cena e outras por esquecimento. Tenho agora
que me apropriar mais do espetáculo para essas criações extra ensaio começarem
a dar certo.
ENCONTRO DO DIA 25 DE AGOSTO DE 2012
Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do
Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
O último ensaio foi inspirador para mim em
vários aspectos. Para começar, tivemos uma amostra do que será a nossa
iluminação. Saber que além de atuar em cena, criar os nossos figurinos e as
nossas músicas, também as nossas luzes serão criadas por nós foi uma noticia
boa e gostosa. Acho que quanto mais envolvidos os atores estiverem na produção
da peça, mas profundo é o vinculo com ela.
Mais tarde no ensaio, trabalhamos
detalhadamente os rituais, especialmente as vozes do Jeziel e do Elton. O
Juliano ficou limpando o jeito deles de cantar e os guiando para o que ele quer
na cena. Para mim isso é importante, porque apesar do nosso trabalho de
pesquisa vocal ser quase igual, e sempre concordamos em tudo, ele tem uma
percepção do que se precisa para a cena com uma exatidão do olhar de diretor,
que eu não tenho. Isso é muito legal porque complementa o trabalho de voz que
eu faço com os meninos.
Para terminar tivemos uma conversa para mim
fundamental, em relação à importância do jogo. Mais uma vez tivemos que
relembrar o quanto é importante jogar em cena, brincar, sentir o tesão, a
adrenalina... Especialmente neste espetáculo onde estamos contando um conto,
uma lenda, um mito… é brincar de Touro Branco. O Juliano falou para nós o
quanto girar essa chave vai determinar se o nosso espetáculo é bom ou não.
Concordo plenamente e só de conversar sobre isso, já me enchi de ansiedade, de
vontade de brincar, de fantasia...
Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica.
Um
dia de experimentos corporais, alguns aquecimentos oriundos da dança e depois
explorar/utilizar/descobrir o corpo do parceiro, foi muito bom realizar os
movimentos pesquisando o próprio corpo no corpo do outro, isso resultou em
cumplicidade e início de um bom caminho a percorrer.
No momento de mostrar o trabalho do ensaio anterior, fiquei satisfeito que o nosso trabalho teve bons frutos. Os ajustes dos rituais levaram tempo. Ainda acho que a maturação das idéias nos dará melhores resultados, pelo menos pra mim; entender o que se pede para cena e transformá-la em ação corporal/vocal não é tão instantâneo assim. Como disse o Juliano é preciso brincar, e enquanto entendermos o espírito dessa brincadeira encherá mais ainda os nossos olhos.
Welinton
Machado - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Nesse
encontro testamos a luz do espetáculo, os efeitos que vimos foram
impressionantes, e isso só aguça a nossa vontade de apresentar.
Fizemos alguns exercícios voltados para o espetáculo, como de costume. Senti bastante dificuldades em alguns momentos, provavelmente porque meu corpo não estava atenso como deveria estar, principalmente nos exercícios que envolvem ritmo e tempo. Porém, quando fiz um exercício com o Jeziel conseguimos nos ouvir muito bem corporalmente e criar possibilidades de cenas extremamente interessantes.
Fizemos alguns exercícios voltados para o espetáculo, como de costume. Senti bastante dificuldades em alguns momentos, provavelmente porque meu corpo não estava atenso como deveria estar, principalmente nos exercícios que envolvem ritmo e tempo. Porém, quando fiz um exercício com o Jeziel conseguimos nos ouvir muito bem corporalmente e criar possibilidades de cenas extremamente interessantes.
Estamos focando nas cenas dos rituais, que aparentemente são as mais difíceis do espetáculo e os resultados que estamos conseguindo estão sendo bastante satisfatórios. Começamos também a dar prioridade a cena do grito de guerra, e essa também me põe em dificuldades por ter que lidar com tempo e ritmo, mas acredito que com os ensaios eu consiga lidar com isso.
ENCONTRO DO DIA 19 DE AGOSTO DE 2012
Elton Pinheiro - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Nesse nosso ensaio realizado domingo parece que o tempo
passou voando. Focamos um bom tempo em cenas de rituais que teremos no
espetáculo, por meio de vídeos, pesquisas vocais e pesquisas corporais. Um
elemento novo para Jeziel e eu estava presente nesse ensaio, a nossa saia. Ela
possibilitou vários movimentos plasticamente, mas também limitou muitos
movimentos corporalmente. Precisamos pensar em como utilizá-la sem que esse
fator negativo aconteça. Procurei explorar bem a saia durante os rituais que
mencionei e durante o espetáculo todo também, buscando novas maneiras de
realizar as cenas. Senti-me bem a vontade realizando esse experimento e começo
a perceber o quanto pode ficar bom. Novamente senti
cansaço demasiado quando terminamos o ensaio e preciso mais do que nunca lidar
com isso e buscar meios extra ensaios para melhorar minha forma.
Jeziel Santana - Ator
do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Mais
uma vez começo a partilha apontando o quanto pra mim é importante os dias de
ensaio sem o Juliano, o exercício da criação efetivamente acontece, as
propostas vão surgindo e apresentadas ao grupo, até porque será necessário
mostrar ao diretor algum resultado que tivemos do nosso encontro.
Começamos
a propor novas coisas para os rituais, o Elton consegue aproveitar os elementos
que estão disponíveis e utilizá-los muito bem em cena, acho que é um ganho bem
grande, afinal está diretamente ligado a nossa pesquisa.
A
repetição gera um cansaço, tanto físico quanto mental, que começa a ser
desinteressante para o nosso trabalho, a qualidade das cenas começa a cair, o
corpo e voz já não respondem de maneira suficiente para sustentá-las.
Durante
a pesquisa vocal, não é possível negar que é preciso apurar a técnica para
conseguirmos os resultados necessários, independente das situações diversas. Tivemos
como exemplo a dificuldade de afinação do Elton, o que normalmente não
acontece, no momento de ajustes vocais do ritual, depois do grande esforço físico
da cena no momento anterior; tive a mesma percepção quando passamos a nossa
cena final, que pra mim já foi difícil encontrar o nível de energia necessária
para cena, com música corpo, ritmo e outros elementos.
ENCONTRO DO DIA 11 DE AGOSTO DE 2012
Welinton Machado - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Nesse ensaio
pudemos perceber a sintonia em que o grupo se encontra. As possibilidades de jogos
que surgiram na hora dos exercícios foram incríveis, um corpo completava o
outro. Percebo que todos nós estamos num processo de crescimento, mas a
evolução do Elton é o que mais nos chama a atenção. Também estamos em um
momento de poder verbalizar o que aconteceu nos exercícios, e isso está sendo
bastante válido, pelo menos pra mim.
Focamos em uma determinada cena, a do ritual, que será uma mistura de palmas,
vozes e cantos, tudo muito sincronizado, e o resultado ficou muito bonito. E
acho importante salientar que na nossa pesquisa vocal estamos começando a
compreender a relação corpo/voz, e a meu ver esse espetáculo tem muita
influência nisso.Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Começo a escrever esta partilha com um tanto de dificuldade. A proposta é que as nossas partilhas sejam o menos subjetivas possíveis para poder transmitir a quem as lêem, noções diretas e compreensíveis sobre o trabalho. Mas no nosso ultimo ensaio tudo se misturou tanto na minha cabeça que hoje não posso separar. O nível que atingimos no trabalho me provoca uma emoção muito pessoal que não me permite escrever de uma maneira objetiva.
Nos
exercícios iniciais do ensaio comprovei o quanto o meu corpo evoluiu no
trabalho. Especialmente em relação à entrega, à disposição... a minha eterna
preguiça parece estar se esfumando cada vez mais e essa disposição leva
automaticamente a resultados mais eficientes. Estou descobrindo coisas que
posso fazer com o meu corpo que nunca teria imaginado. O mais importante de
tudo isso é que sei positivamente que é um resultado do trabalho em grupo. Quero dizer
que, o fato de eu estar conseguindo me desenvolver melhor no trabalho não é um
mérito meu, ou somente meu, e sim tem muito a ver com o trabalho em grupo, de como
estamos nos relacionando. O fato de sermos poucos no grupo faz com que a intimidade
de trabalhar com o corpo do outro seja cada vez mais profunda, então a
confiança também aumenta e isso facilita a ousadia para ir além com a pesquisa.
Tudo isso vai passando aos poucos para a cena, para o espetáculo propriamente
dito e é talvez a primeira vez no processo do Eu-Outro, que consigo imaginar
uma relação verdadeiramente estreita entre os exercícios e a cena.
Hoje
só posso dizer que anseio a estréia como nunca desde que começamos esta
montagem...
Jeziel Santana - Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Realmente foi
um dia de ensaio um tanto quanto diferente, e posso dizer que começamos com a
passagem de texto durante o deslocamento até o local, o entrosamento já existe
a partir daí, é impossível ignorar esse momento.
O frisson do dia ficou por conta do figurino, que nos deixou boquiabertos, com
a beleza que se espera para o espetáculo, nos deu outra dimensão de atuação, e
agora sabemos qual ação sobre nós, efetivamente o figurino terá em cena, pelo
menos pra mim ficou essa sensação.
Encontrar a sonoridade, que será reproduzida pelos atores, necessária para as
cenas foi um grande exercício. Entender o ritmo e assimilar com palmas e canto,
pra mim, ainda é uma dificuldade, muito mais com o ritmo, que com a reprodução
vocal, buscar maneiras de apropriação disso tudo, é uma tarefa que me cabe,
ainda acho que o treino pode ajudar.
Dos exercícios físicos que fizemos e que serão utilizados em cena, pudemos
perceber desde a evolução do Elton, e que nos dá grande possibilidade de
trabalho, até a minha pouca escuta corporal, e que ainda assim conseguimos boas
imagens possíveis para o espetáculo. Se em cenas em que a atuação é mais “solitária”
o êxito existe como a dança com o tecido – cena citada na partilha anterior – fica
uma reflexão; qual o caminho que devo tomar para que haja o mesmo resultado
coletivo?
Elton Pinheiro - Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Fiquei feliz
e satisfeito por ver minha evolução no meu trabalho e isso ser reconhecido
pelos meus colegas/amigos. A cada ensaio eu procuro me dedicar ao máximo nos
exercícios e começo a perceber melhor o quanto eles podem ser utilizados no
espetáculo. Agora tenho que começar a colocar isso em prática nas cenas e ver
até que ponto eu posso explorar tudo que venho realizando.
O fato de que estar me entregando de fato aos exercícios, sem ficar pensando no
que fazer e como fazer, sem ficar questionando e/ou com um pré-conceito sobre o
que é proposto está diretamente ligado com esse meu progresso. Sempre soube que
esse fato é verídico e já aconteceu isso comigo, mas percebo que nesse processo
novo está sendo mais intenso.
Preciso agora me dedicar mais durante a semana e não só durante os ensaios, e
isso inclui exercícios físicos para melhorar meu condicionamento e minha
resistência.
Quero destacar também que senti uma interação quase perfeita com meus colegas.
Foi um ensaio que fiquei muito exausto, mas que foi muito bom e satisfatório.
ENCONTRO DO DIA 04 DE AGOSTO DE 2012
Elton
Pinheiro - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Estamos avançando com o
espetáculo a cada ensaio. Isso é muito bom, é claro, pois além de ver a
evolução e as melhoras, nos da um animo extra e uma vontade maior ainda de
seguir com a montagem, não que eu estava desanimado e sem interesse. Passei sim
por momentos de desanimo, mas não foi com o espetáculo e sim na minha vida
pessoal. Nosso ensaio teve uma condução do ator Jeziel na parte de aquecimento.
Ele nos passou exercícios de energização que aprendeu recentemente em um curso.
Ao meu ver, foi algo bem diferente dos exercícios que vinhamos fazendo, mas nem
por isso não foi interessante e válido. Apesar do desconforto que o
aquecimento propõe, me senti a vontade em realiza-lo. Nosso trabalho vocal continua interessante e evoluindo. Minha percepção está em uma crescente, acredito eu, e acho que em um todo também. Sinto que nosso trabalho de corpo e voz está se intensificando de uma maneira que logo iremos obter ótimos resultados.
Uma coisa, digamos que curiosa, está acontecendo comigo recentemente. Ao mesmo
tempo que parece que não consigo perceber/compreender o que eu e os outros
estamos realizando, eu consigo. Na hora de parar para analisar o que foi feito,
tenho a percepção de perceber/compreender o meu trabalho e de meus
colegas.
Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Acho que no último ensaio demos um passo
importante na pesquisa vocal. Pela primeira vez senti que os meninos
conseguiram entender o que há tanto tempo tentamos transmitir, o Juliano e eu:
a verdadeira relação corpo-voz. Uma relação onde é muito claro o quanto eles se
influenciam mutuamente. Fizemos um trabalho onde eles deveriam cantar
individualmente o mesmo trecho de uma musica primeiro parados e depois em movimento. Claramente
se viu o quanto os movimentos influenciam na voz. A conclusão foi que devemos
ter a consciência absoluta dessa inter-relação para poder escolher as
qualidades de movimento sabendo o som que queremos produzir. Continuaremos com
este trabalho.
Por outra parte começamos a compor o último
ritual e foi muito gostoso lançar um desafio para o Jeziel e o Elton que
deverão cantar e bater palmas numa linguagem desconhecida por eles. A primeira
impressão é que eles vão conseguir faze-lo muito bem com um pouco de treino,
veremos.
Ainda esta difícil lembrar as marcações de
luz, especialmente sem ter os objetos reais para trabalhar, mas aos poucos
vamos nos organizando e existe no ar uma sensação de caminhada para a frente
que é muito boa para o trabalho.
Welinton
Machado - Ator do Eu-Outro Nucleo de Pesquisa Cênica
Começamos o ensaio
com alguns exercícios propostos pelo Jeziel, exercícios simples, mas que
aqueceram bastante e fizeram com que entrássemos em cena com um corpo mais
ativo. Lucía também nos apresentou algumas propostas vocais para a outra cena
do ritual, coisas bem interessantes surgiram.Ensaiamos o espetáculo pensando mais na parte técnica, mais precisamente na iluminação, para que possamos nos apropriar dela. O ensaio foi bastante satisfatório, estamos caminhando muito bem, mas nossas pesquisas continuam.
Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica.
As
marcações de luz ainda estão em fase de apropriação, logo estaremos mais livres
para podermos brincar com toda essa estrutura que compõe o Touro Branco. A luz
pressiona nosso corpo, e nos dá possibilidades para criar, brincar e com ela
atuar.
A
pesquisa vocal segue com bastante evolução, inclusive surgem observações bastante
interessantes do grupo sobre os exercícios, o que pra mim, mostra que a
percepção também está mais aguçada, se assim posso dizer. Momentos dos rituais
também são marcados, dando mais corpo ao Touro Branco. E é assim que o nosso
espetáculo se constrói como um quebra-cabeça que a cada dia uma coisa se
encaixa, até o momento em que estiver pronto. Cabe a nós (diretor e atores)
saber quais peças utilizar nos momentos certos.
ENCONTRO DO DIA 29 DE JULHO DE 2012
Jeziel Santana - Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Escolhemos alguns caminhos para a nossa pesquisa em busca de um corpo que chamamos de “atenso”; podemos citar as torções e a vertigem, entre outros. Para o Touro Branco, a pesquisa tem se baseado bastante na fluidez dos movimentos “dançados” sem esquecer os já aqui citados, que inclusive estão em cena, por isso o Juliano tem se preocupado em fazer aquecimentos onde possamos pesquisar movimentos possíveis para as cenas, através da dança. O aquecimento deste ensaio, depois de uma breve parada, foi intenso e com resultados positivos. A abertura para um momento em verbalizar as percepções dos colegas é um exercício e foi necessário para autoconhecimento e aguçar a percepção de grupo.
Finalizar a marcação de toda iluminação dá mais corpo, além de nos apropriarmos mais em todos os aspectos do espetáculo; começa a chegar a sensação de que realmente faltam apenas os detalhes para que seja visto por outras pessoas.
Fiquei muito feliz em ver a evolução do Welinton nos exercícios vocais, saber que cada um começa a superar as dificuldades individuais dando mais força ao trabalho coletivo.
Diferente do que havia falado em uma partilha anterior as imagens já têm presença garantida em o Touro Branco. Uma cena em que há uma dança com o tecido (uma das minhas preferidas) a energia que se instaura na cena chega a ser hipnotizante digo com um olhar de dentro da cena, acredito que não é diferente para quem a assiste.
As pesquisas ainda continuam. Será que a fluência e a precisão dos movimentos/espetáculo virão por meio da prática?
Welinton Machado - Ator do Eu-Outro Nucleo de Pesquisa Cênica
Antes de começarmos a ensaiar o Touro, fizemos alguns aquecimentos com danças e alongamentos. Acho esses exercícios de extrema importância, pois no decorrer deles consigo encontrar movimentos que podem ser utilizados no espetáculo, sem contar o prazer pessoal. A conversa que tivemos depois do exercício também foi muito válida, é sempre bom ouvir a opinião do outro sobre o seu desempenho, isso me fez pensar em algumas coisas.
Terminamos de marcar a luz do espetáculo, incrível como isso nos mostra outras possibilidades em cena, embora só tenhamos marcado a luz e não passado com ela ainda. E com isso, mais uma vez podemos ver o nosso jogo com o espaço, a luz, o som e o outro.
ENCONTRO DO DIA 14 DE JULHO DE 2012
O que para a Lucìa parece dar uma estrutura, para mim, a marcação da luz deixa as coisas um tanto quanto “amarradas” e pode tirar a “liberdade” que até então vínhamos trabalhando. Como lidar com a liberdade criativa dentro de uma estrutura precisa e necessária?
Clarinha Dianesi - Produtora do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Terminamos de marcar a luz do espetáculo, incrível como isso nos mostra outras possibilidades em cena, embora só tenhamos marcado a luz e não passado com ela ainda. E com isso, mais uma vez podemos ver o nosso jogo com o espaço, a luz, o som e o outro.
ENCONTRO DO DIA 14 DE JULHO DE 2012
Elton
Pinheiro - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
É
impressionante como alguns exercícios/aquecimento modificam nossa estrutura de
corpo. Tivemos contato com partes do nosso corpo que normalmente não nos damos
conta de trabalhar em nosso dia a dia e até mesmo em exercícios. Partes que
indiretamente trabalhamos, mas não com foco, como por exemplo, nossa escápula.
Mexer com a clavícula, ombros, cotovelos, braços, mãos e escápula, e todas suas
articulações, numa espécie de “massagem” sentindo o contato direto com elas,
fez com que nosso corpo tivesse outro estado. Em particular eu tive uma dor
excessiva comparado com as outras pessoas do núcleo, o que me fez pensar no
motivo dessa dor e o que posso fazer para melhora-la. Não sei ainda, mas é caso
de investigar. Quanto ao espetáculo, foi interessante pensar junto com o
Juliano sobre a iluminação das cenas e ver como estão sendo resolvidas. Isso me
despertou uma vontade de investigar novas maneiras, novos meios de se construir
a iluminação de um espetáculo, e digo isso para a minha vida profissional como
professor e diretor. É gostoso e satisfatório ver a evolução do espetáculo como
um todo.
Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de
Pesquisa Cênica
Um encontro um tanto quanto reduzido, mas
extremamente produtivo. Começar a marcação técnica com passagens de luz e
idealizar a sonoplastia preenche algumas coisas que pareciam faltar ao Touro
Branco, mesmo sendo apaixonado pelo espetáculo em sua estrutura “crua”.O que para a Lucìa parece dar uma estrutura, para mim, a marcação da luz deixa as coisas um tanto quanto “amarradas” e pode tirar a “liberdade” que até então vínhamos trabalhando. Como lidar com a liberdade criativa dentro de uma estrutura precisa e necessária?
Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do
Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Do ultimo ensaio sai com uma firme e
interessante convicção: a forma e a estrutura dão uma segurança gigante ao
trabalho. Para começar, o Juliano falou como estarão dispostas as luzes, isso
já deu uma clara sensação de delimitação do espaço; depois fomos passando cena
por cena parando para definir quais luzes serão utilizadas e quem vai ligar e
desligá-las. Esse trabalho para mim mudou completamente a sensação dentro de
cena. Inclusive sem o ensaio ter sido de “conteúdo” (ou seja que as cenas foram
passadas “por cima”) o meu corpo pareceu se achar muito mais em cena, a
sensação foi a de uma segurança enorme, a delimitação do espaço e a imagem de
como serão as luzes fez com que eu me sentisse muito mais firme dentro de cena,
como mais contida, mais em casa... difícil de explicar. Mas o importante é a
conclusão à qual cheguei, a forma, a estrutura, a idéia de luz, de som, de
direção no espaço, entre outras coisas, são gigantes na hora de montar um
espetáculo.
ENCONTRO DO DIA 10 DE JUNHO DE 2012
Clarinha Dianesi - Produtora do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Ensaio
com direito a plateia. Odilon Lamego, iluminador profissional que nos auxilia
em nossas montagens, assistiu pela primeira vez O Touro Branco. É bom ver como
alguém de fora pode nos dar algumas ideias muito interessantes. Como o diretor
Juliano Casimiro não estava presente, pouco se discutiu a respeito da luz.
Apenas alguns apontamentos foram feitos pelos presentes. Pelo menos agora o iluminador
terá alguma base para pensar a luz do espetáculo.
Com
relação ao ensaio, muitas coisas que já estavam ganhando forma acabaram por se
apresentar perdidas novamente. Acredito que pelo fato de que no ensaio passado
apenas montamos novas cenas, sem realizar uma passagem das cenas que já estavam
montadas anteriormente. Um encontro sem ensaiar estas cenas, o que representa
duas semanas sem visita-las corporalmente, é muito tempo. Apesar de parecer
preocupante, acho que foi bom que o que estava se estruturando tenha ficado
“esquecido”, pois abriu espaço para novas pesquisas, permitindo que a
criatividade dos atores trabalhe intensamente.
Se nas
cenas houve um leve declínio, que deve ser bem aproveitado pelos atores,
conforme descrito acima, na parte vocal houve avanços, com uma proposição bem
interessante para uma das cenas. Resta saber se agradará ao diretor e se,
depois das mudanças, esta proposição ainda continuará se encaixando na cena.
Cabe
agora aos atores desenvolverem seus “métodos” para que, durante a semana, o
espetáculo continue sendo trabalhado individualmente.
Jeziel Santana - Ator de Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Começo a
perceber uma evolução considerável no trabalho vocal (coletivo), isso me deixa
bastante feliz, um exemplo disso foi o esboço de uma das cenas onde faremos
vocalizes (ritual).
Pela
primeira vez, começamos um ensaio do espetáculo por completo, afinal na semana
anterior, marcamos apenas as cenas que faltavam. Pra mim, foi uma grande
dificuldade relembrar muita coisa que já estava marcada, um sinal de que
preciso buscar outros meios que não seja a freqüência dos ensaios para gravar
as marcações, por outro lado acho que seja natural nessa fase.
Como dito
na partilha anterior, o trabalho só está por começar, devemos buscar meios de
nos fortalecermos fisicamente para esse trabalho que tanto nos exige.
Jeziel Santana – Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica.
ENCONTRO DO DIA 03 DE JUNHO DE 2012
Elton Pinheiro - Ator de Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Primeiramente
quero falar sobre o nosso trabalho de voz ministrado pela Lucía Spivak. Estou
satisfeito com a minha evolução no entendimento da parte mais teórica dos
exercícios e consequentemente se reflete em um melhoramento na prática também.
Terminamos
de marcar todas as cenas e o espetáculo está fechado. É claro que não está
pronto, muitas coisas podem ser alteradas e as cenas ainda vão ganhar ritmo e
serem aperfeiçoadas por nós atores. Estou feliz por fazer parte desse processo
e aprender mais sobre novas maneiras de construir cenas e consequentemente um
espetáculo. É uma evolução tanto na teoria quanto na prática. Já tive uma
experiência, quanto à estética, com nosso último espetáculo e com esse estou
tendo mais ainda.
Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Em razão
de questões pessoais e justas, alteramos o local do ensaio, se fosse programada
não teria dado tão certo. Para marcarmos o restante do espetáculo o espaço
maior nos ajudou bastante.
Começamos
a marcar as cenas de onde paramos, e como tudo foi tão rápido. Mesmo que a
repetição das cenas gere um cansaço físico grande, eu tive uma enorme vontade
de repeti-las imediatamente após a marcação, pra mim, tem sido sempre um
momento único, aproveito cada nova cena. A exploração de cada movimento que
virá a partir de agora, as possibilidades que surgirão com o trabalho corporal
me deixa num estado de euforia muito grande e logo a minha pesquisa individual
tende para o visual, principalmente os vídeos, o que pode gerar lindas imagens
para o espetáculo, apesar de não achar que seja o foco (a plasticidade)
Temos
passado por um momento, que assim como para o diretor, é também para todos nós
um aprendizado, é hora de desapegar do direcionamento e assessoria do Juliano e
partir para a criação independente, reunir todo o material, que afinal é
utilizado em cena, e transformá-los em uma grande obra de arte. “Quase me
atreveria a dizer uma famosa frase – Independência ou morte”
Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
Terminar
de montar o espetáculo inteiro duas semanas antes do previsto foi muito
empolgante. Acho que ninguém estava esperando isso, especialmente pelo fato de
ensaiarmos com o Juliano a cada 15 dias. Mas isso aconteceu, e acho que não foi
casualidade, acho que foi um impulso que tomamos no último ensaio, como uma
inspiração profunda antes de fazer um bom trabalho. Concentramos-nos e fomos,
cena por cena, montando até o final deste espetáculo que começa a tomar forma.
A sensação que fica é a de um círculo que finalmente se fecha, as coisas
terminam de fazer sentido e agora o resto esta em nossas mãos. Construir na
montagem o conteúdo profundo do material de cena, a relação do texto do
Voltaire com os Diários de Bordo que testemunham a nossa pesquisa, se apropriar
dos textos e do trabalho físico, afiançar ainda mais o “entre” com os outros
atores, com o texto, com o figurino, com a trilha, com as vozes e as
composições... Esse é o trabalho que esta por vir e agora a inspiração é mais
profunda ainda, se encher de ar bom para poder fazer um bom trabalho.
Clarinha Dianesi - Produtora do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Espetáculo
todo montado! Uma das melhores sensações do mundo, e olha que eu nem estou no
elenco ou na direção! É claro que ainda há muito por fazer, mas, pra mim,
principalmente quando atriz (o que não é o caso em O Touro Branco), até o
esqueleto do espetáculo estar pronto é uma verdadeira tortura. É uma parte do
processo que é inevitável, mas sinto-me muito mais confortável quando já
consigo entender, ainda que minimamente, para onde se vai, ou para onde se está
indo até então com o espetáculo. O espetáculo passa mais para as mãos dos
atores nessa etapa do processo, o que me deixa mais no controle da situação,
que é igual a, mais confortável.
Considerações
de atriz de lado, enquanto produtora, sinto o grupo muito mais maduro ao
terminarmos esta etapa. Creio que a partir de agora há uma nova base para o
grupo como um todo, onde este poderá erguer suas novas pilastras. Quanto ao
espetáculo, agora as lacunas que haviam ficado até então, com relação a como
seria este novo processo, foram preenchidas. Como estou fora do processo desde
o começo, consigo visualizar mais claramente os limites entre o que é apenas
esqueleto e o que é o preenchimento que os atores devem colocar nas cenas.
Entramos agora na parte mais difícil, onde é exigido muito mais dos atores do
que do diretor e as inseguranças devem dar lugar à pesquisa. Que nosso
atores se sintam cada vez mais livres para jogar!
ENCONTRO DO DIA 27 DE MAIO DE 2012
Elton Pinheiro - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Ensaio de
pouco tempo, mas de muita intensidade. Explorar novas maneiras para criar as
cenas e novas formas com o corpo é o que buscamos a cada ensaio. Mais uma vez o
trabalho de uma cena especifica onde os atores Jeziel e Welinton fazem, foi
puxado e bem produtivo, foi a cena mais trabalhada também. As outras cenas
também tiveram melhoras, mesmo não sendo trabalhadas com tanta intensidade
quanto a cena citada anteriormente. Mesmo com os progressos, é nítido que
enquanto o texto não estiver decorado por nós atores, as cenas vão continuar
avançando devagar. Temos que começar a pensar em avançar com o corpo junto com
o texto, pois trabalhar algumas cenas com o texto na mão limita muito nossa
criatividade. Mas é claro que tudo isso é uma questão de tempo, estamos
avançando muito rápido até pelo tempo que temos, o importante é não deixar cair
o rendimento.
Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Começamos
o ensaio passando todas as cenas que já marcamos até agora, o resultado não me
agradou muito, mas serviu de aquecimento. Repassamos algumas cenas que julgamos
ter necessidade de exploração, algumas imagens já agradam aqueles que assistem,
acho que é um bom sinal. Realmente como falei na partilha anterior, o texto é
um desafio, ainda faço muita confusão com as palavras, reforçar o texto durante
a cena, pra mim, teve um resultado positivo.
Clarinha Dianesi - Produtora do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Com o
ensaio sem o Juliano, cabe aos atores a pesquisa de como transformar os
exercícios em ações naturais; de como executar tudo de maneira poética e
transformar a marcação em estética.
Algumas
coisas interessantes apareceram, resta saber se caberão nas cenas. Como
observadora do ensaio, meu desafio é aguçar o olhar para poder contribuir com o
trabalho dos atores. Seguimos então, cada um com seu exercício, rumo ao
aprimoramento pessoal.
ENCONTRO DO DIA 20 DE MAIO DE 2012
Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
Sai do
último ensaio com uma preocupação. O estado físico que eu fico depois de passar
as cenas é muito complicado. Por mais que eu saiba que é um caminho para
encontrar o verdadeiro corpo de cena, e que é um trabalho interessante, tenho
certo receio. Cada vez mais, a exigência física é maior, e o problema não é
simplesmente o cansaço, o problema é o enjôo, a ânsia, e a dor de cabeça que
dura até o dia seguinte. Tudo isto esta fazendo com que o tesão e a curtição
que sempre senti nos ensaios e nas montagens diminuam, me custa mais sentir ou
imaginar a beleza do espetáculo. Mas não perco as esperanças e penso em ir até
o limite real porque ainda acho que é assim que podemos encontrar e conhecer
verdadeiramente as nossas possibilidades.
Welinton Machado - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Dia de
montar mais algumas cenas do “Touro Branco”, parece que as coisas vão começando
a ganhar forma. Os exercícios vão se tornando cena e algum tipo de beleza vai
aparecendo. Acho que para alguns de nós ainda é difícil conciliar o texto com
as cenas, que nos exige um desempenho físico enorme. Em uma das cenas que
montamos, preciso manter o meu corpo vibrando pelo espaço por um bom tempo,
isso me leva a um cansaço extremo, mas esse desafio me agrada bastante. Então
que venham os próximos ensaios e os novos desafios.
Clarinha Dianesi - Produtora do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Depois de
meses afastada dos ensaios do núcleo, retorno de maneira mais assídua. Entre
organizar o texto e tirar fotos, observo a criação do novo espetáculo com
entusiasmo. Toda a teoria de como se daria o espetáculo, inicialmente obscura
para mim, começa a fazer sentido e percebo quão rico poderá ser O Touro Branco.
Obviamente
o que aparece são apenas os esboços do que será o espetáculo e muita coisa
ainda se transformará, mas mesmo em meio aos rabiscos iniciais algumas linhas
mais definidas começam a aparecer e dar forma a esta maneira de trabalho tão
diversa das que seguimos até então. Algumas cenas já se encaminham de maneira
satisfatória e é possível visualizar momentos criativos significativos para o
trabalho.
Me
intriga imaginar como os atores transformarão os exercícios que lhes auxiliam
na adequação de seus corpos para a cena, na própria cena, de maneira que nos
leve (espectadores) a crer que apenas estes corpos poderiam contar-nos essa
história.
Entre
tantas incertezas, naturais em todos os inícios de processos, me encanta ver o
crescimento corporal dos atores a cada ensaio e como seus corpos reagem de
maneira cada vez mais positiva aos estímulos oferecidos.
Resta
ainda destacar quão positivo tem sido para o amadurecimento artístico dos
atores o afastamento do diretor Juliano. Esta situação faz com que os atores se
apropriem ainda mais do espetáculo, resultado que reflete diretamente na cena.
Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Chegou o
momento de apresentar ao diretor o que conseguimos desenvolver, sem a
orientação dele. Ele já consegue enxergar algumas coisas se estruturando, fico
feliz com essa fala. A idéia dos encontros (ensaios) sem o diretor aguça o
nosso sentido criativo.
A
marcação das novas cenas leva alguns atores a um estado físico bem desgastante,
a exigência física e a repetição, são cruéis, se esse é o caminho a ser
percorrido para a montagem do espetáculo precisamos nos preparar para isso.
Ainda me
intriga alguns momentos dos exercícios vocais, por outro lado, ainda acho que
gradativamente evoluímos enquanto grupo.
Particularmente
o esboço de uma cena (diálogo ente Mambrés e pitonisa de Endor) já me encanta,
a sonoridade, chegava muito bem aos meus ouvidos.
ENCONTRO DO DIA 13 DE MAIO DE 2012
Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
É muito
gostoso saber que o grupo consegue, cada vez mais, tirar proveito dos
ensaios, apesar da falta do diretor. Mesmo com um ensaio mais curto, clima
frio e textos sem terem sido decorados inteiramente, a criatividade e a
pesquisa corporal renderam seus frutos. Foi muito bom ver os meus colegas
pesquisando e conseguindo achar coisas interessantes para a cena. Mesmo se esses
elementos não ficarem na cena depois de apresentados para o Juliano, acho que
terá valido a pena a pesquisa. O meu corpo continua se adaptando às exigências
e parece que a cada ensaio consigo ir um passo adiante.
Elton Pinheiro - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
O
processo está evoluindo aos poucos. Repetir as cenas buscando variar as
intenções e as formas, está fazendo com que o trabalho fique mais produtivo e
interessante, sem falar que vai se estruturando as cenas e consequentemente a
montagem como um todo. Ainda falta muito, a começar pelo domínio do texto, mas
já podemos ver progressos nos ensaios, em especial em uma cena de Jeziel e
Capela, que começou a surgir coisas interessantes, principalmente no trabalho
corporal. Bom, temos que continuar trabalhando e intensificando cada vez mais o
nosso trabalho.
Welinton Machado - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Começamos
o ensaio com os exercícios vocais. Parece que aos poucos vou conseguindo
compreender essa parte que me traz tantas dificuldades. Sei que tenho um grande
caminho a percorrer, mas no último ensaio acho que consegui uma pequena
evolução, claro que tudo bem devagar, ao meu tempo. Mas isso foi bem importante
para mim, pois vi que sou capaz. E agora percebo que estou gostando dessa parte
vocal, o que antes era um martírio pra mim, justamente por conta da minha
dificuldade, agora está se tornando um prazer. Enfim, espero ir melhorando com
o auxílio da Lucía e de todos os outros que me ajudam com tanta paciência.
Depois
fomos direto para as cenas, preferimos que o aquecimento fosse acontecendo
durante a passagem do “Touro Branco”, já que o mesmo nos exige um grande
desempenho físico. Passamos algumas vezes tudo o que já temos marcado e depois
focamos em algumas cenas, surgiram algumas coisas bastante interessantes, e me
parece que o resultado agradou a todos.
Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Começamos
a colocar em prática parte do que foi discutido na semana anterior, antes do
nosso ensaio, como todos nós mencionamos nas partilhas. O aquecimento vocal foi
a primeira atividade do dia, mesmo com os corpos “desaquecidos” acho que
conseguimos uma evolução. Acredito que ainda é um trabalho de pesquisa
individual até conseguirmos o resultado coletivo.
O ensaio
parecia frio, estávamos um pouco tímidos no início, mas logo conseguimos
aquecer os corpos em cena mesmo. Quando resolvermos focar nas cenas que exigiam
trabalhos corporais mais intensos, foi tão bom que nem vimos o tempo passar. É
muito bom trabalhar com o “Capela”, conseguimos progredir com a cena da
serpente, ficamos exaustos, mas felizes.
O texto
nas mãos, impede que andemos mais com o espetáculo, portanto tenho uma lição de
casa, decorar o texto, que hoje é o desafio, pela forma como está escrito, não
é o português que utilizamos no cotidiano e precisamos deixá-lo natural.
Desafio lançado, desafio aceito!
ENCONTRO DO DIA 06 DE MAIO DE 2012
Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
Ensaio em
São Paulo, o local ainda não é o ideal, mas nos adaptamos a ele e o ensaio
funciona perfeitamente. Conversamos longamente no início do ensaio sobre
questões de organização, participação e envolvimento no grupo. Foi bom e
necessário certificar que estamos todos andando pelo mesmo caminho.
As cenas
começam a tomar forma quando as personagens ficam definidas. Gosto de saber com
que corpos vou trabalhar a cada momento, esse encontro é diferente com cada um
e a definição faz com que o meu corpo comece a se encontrar nas cenas aos
poucos. Vejo uma necessidade enorme de decorar o texto logo para poder
pesquisar a parte física das cenas. Esta é uma montagem onde não podemos
construir nada se temos os textos nas mãos. Ao mesmo tempo isso me preocupa
porque é bastante texto para decorar em pouco tempo, mas... veremos o que
acontece.
Por
enquanto o cansaço continua sendo extremo para mim, termino num estado
incrível, do qual não me lembro de ter chegado anteriormente, ou pelo menos não
com esta freqüência. O Juliano diz que faz parte, que eu vou terminar este
espetáculo com o verdadeiro corpo de cena. É uma sensação desconfortável e
agradável ao mesmo tempo! Interessante como pesquisa no mínimo!
Elton Pinheiro - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Após uma
conversa de esclarecimentos e soluções, partimos direto para o ensaio.
Começamos a organizar e definir as cenas e personagens, o que dá uma outra
“cara” para a montagem e agrada a todos. Estou satisfeito com essas definições
e avanços que estamos tendo nos ensaios, agora é focar em tudo que nós já
fizemos e nos doar para acelerarmos, aperfeiçoarmos e evoluir com o espetáculo.
Outra coisa que está me agradando muito e vale a pena destacar, são os momentos
de trabalho com a voz dirigido pela Lucía. Eu sempre fui no embalo do grupo com
os trabalhos de voz, nunca tinha parado pra pensar certinho na nota que estamos
e a escala que é pra ser feita, mas agora isso esta diferente, percebo melhor
esses detalhes. Bom, espero que tudo isso só melhore com o tempo.
Welinton Machado - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Antes de
começarmos a ensaiar, tivemos uma conversa bem importante para esclarecer
algumas coisas. Depois disso, passamos direto para as cenas de O Touro Branco,
fomos nos aquecendo conforme passávamos as cenas. Como foi dito no encontro, o
espetáculo está se costurado. Esse novo projeto nos exige um desempenho
corporal gigante. Sabemos que O Touro Branco será um grande desafio para todos
nós do núcleo, mas estamos imensamente felizes com esse novo trabalho, porque é
justamente esse desafio que nos faz querer ir cada vez longe; e é muito bom ver
as coisas progredindo em tão pouco tempo de ensaio. As personagens foram
definidas e agora acho que o trabalho vai ficando cada vez mais intenso e
compensador. Eu disse isso na partilha com o grupo, e digo novamente aqui:
“Fazia tempo que não saía tão feliz de um ensaio como saí desse”.
Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Almoço
com um bate papo necessário, foi assim o início das nossas atividades. Chegou o
momento de costurar as cenas, isso me deu outra visão do espetáculo, que ainda
enxergava algumas cenas fragmentadas. A definição de papéis também facilitou o
nosso trabalho, agora será um trabalho muito mais focado de pesquisas
direcionadas para preencher a estrutura que está formada, dando continuidade ao
crescimento do espetáculo, que como dito na partilha anterior está em fase de
crescimento, e que posso dizer, que é um crescimento muito saudável.
Pra mim,
as “novidades” geram um turbilhão de idéias, é um momento de euforia em que vou
pesquisando e buscando todo o material que já utilizamos para composição das
cenas. Mesmo com a dificuldade do texto, o que predomina é a vontade e a
ansiedade de ver as cenas compostas e preenchidas por nossos corpos.
O trabalho
vocal ainda caminha em menor escala, se comparado ao restante do espetáculo.
Acredito que preciso ouvir mais o grupo, de qualquer forma, acredito que
atingimos um “som” muito legal em alguns momentos, as percepções vão se
apurando e aguçando o nosso lado “musical”.
ENCONTRO DO DIA 01 DE MAIO DE 2012
Elton Pinheiro - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Após 3
ensaios fazendo exercícios de rolamento trabalhando o nosso corpo, percebo
melhoras no grupo todo, em especial na Lucia. Não é fácil fazer um trabalho
rigoroso e intenso com o corpo. O fato de todo movimento partir da coluna e
você se concentrar nisso e perceber o que você faz e o que é proposto, torna o
trabalho ainda mais interessante e desafiador. Normalmente buscamos ajuda das
extremidades do nosso corpo, como mãos e pés, porém, em alguns casos essas
ajudas não devem ser utilizadas. Ai surge uma boa parte da dificuldade, se não
a grande parte, e uma pergunta; Como eu consigo sem utilizar mãos e pés? Bom,
com muito treino e esforço conseguiremos o resultado que desejamos, é com
trabalho que vamos atingir a nossa proposta de espetáculo e alcançar nossos
objetivos.
Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
Aos
poucos o meu corpo vai entendendo do que se trata este novo trabalho. É
extremamente gostoso o progresso, perceber mais uma vez o quanto o corpo é
maleável, ele só precisa da nossa intenção e perseverança. O grupo inteiro
comemorou comigo as conquistas, isso também foi importante para mim, foi compreender
mais uma vez que num grupo que funciona como tal, o sucesso de um é o sucesso
de todos, a gente caminha junto, transita junto, então qualquer coisa pela qual
um integrante passe é o grupo inteiro que passa.
Agora é
continuar progredindo e trabalhar com o cansaço, mais uma vez ele toma posse do
meu corpo de um jeito muito forte. A exigência física da nova montagem é muito
forte para mim ainda, mas estou aí resistindo e querendo ir sempre além. Até o
limite não paramos!
Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Continuam
as nossas pesquisas e experimentações com o espetáculo; podemos dizer que está
em fase de crescimento. Mais uma vez o novo ambiente nos permite novas
pesquisas, e agora ter contato direto da pele diretamente com o chão foi a
materialidade que mais nos causou “estranheza” no dia. Foi um dia de sucesso
para as experimentações individuais, mesmo aquelas que não possuem ligações
diretas com o espetáculo, como a invertida da ioga para mim, até a evolução dos
rolamentos para a Lucía.
Podemos
dizer que estamos evoluindo também com os exercícios vocais, com a escuta do
grupo e busca do som coletivo.
Saí do
ensaio com uma imagem na mente. Uma das cenas que começamos a passar, em que os
movimentos da princesa Amaside (personagem da Lucía) reverbera nos outros
atores gerando quase uma dança. A “pressão” que estes movimentos, mesmo sem o
contato físico, exercem sobre os outros. Todo o resultado da experimentação me
deixou feliz.
ENCONTRO DO DIA 22 DE ABRIL DE 2012
Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Depois de
uma atividade física intensa, participar do ensaio foi uma experiência, digamos
que particular. A materialidade do dia era: chão frio, espaço reduzido,
temperatura baixa, e chuva fina... Tínhamos que lutar contra tudo isso para
deixar uma energia suficiente para o ensaio do espetáculo.
A
exploração dos corpos vai construindo o espetáculo, e nos fascinando com as
possibilidades e dificuldades que surgem. Tudo é material de cena.
Os
exercícios vocais vão-nos dando possibilidades de autoconhecimento vocal, assim
como apropriação da voz do grupo, com um elenco predominante masculino.
Ainda
sinto que fico muito em observação, preciso de mais exploração, pode ser que
ainda tenho o texto como apoio para a cena, mas gosto muito quando o ele é
ausente, não é verbal e sim corporal.
Welinton Machado - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Os
rolamentos continuam, e junto com eles o espetáculo vai rolando também. Até
porque exercícios e ensaios agora são um só, como já foi dito na semana
passada. A busca pelo corpo atenso continua, mas agora procuro também um corpo
mais circular, com movimentos fluídos e não quebrados por conta das tensões.
Na parte
vocal, aos poucos vou me sentido mais a vontade, embora eu saiba que preciso
melhorar bastante ainda. Mas o fato de termos só vozes masculinas me ajuda
bastante.
Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
Pela
primeira vez no nosso processo, a divisão entre exercícios e cenas é
praticamente inexistente. Começar o ensaio com os exercícios é já estar em
cena, é já estar ciente de que isso vai pra cena de um modo direto. O meu corpo
se encontra constantemente com novas limitações e estou trabalhando para
superá-las; vamos ver onde este trabalho me leva. Por outro lado o contato com
os outros corpos esta sendo cada vez mais intenso e fluido. Talvez por sermos
poucos a confiança mútua está mais firme que nunca.
No
trabalho vocal vejo como aos poucos os meninos vão encontrando caminhos para
afinar, para soar juntos, para associar a voz com o corpo... Mesmo assim ainda
falta bastante. Acho que eles precisam levar mais a sério a pesquisa, trabalhar
durante a semana, ou pelos menos pensar a respeito. Mas, estamos trabalhando
juntos e com maior intensidade. Veremos como vai se desenvolvendo esse
trabalho.
ENCONTRO DO DIA 15 DE ABRIL DE 2012
Welinton Machado - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Rolamentos!
Vários tipos de rolamentos. Rolamentos deitados, “rolamentos em pé”, rolamentos
com voz, rolamentos que nos dão medo e rolamentos que vão desenrolar um novo
espetáculo. Espetáculo que chega até nós com uma força inexplicável. Tão forte
quanto um touro, um touro branco. O Touro Branco. O novo espetáculo do Eu-Outro
Núcleo de Pesquisa Cênica.
Como
chegar ao corpo atenso com os rolamentos? Não sei se consegui ou não, mas
durante os exercícios esqueci completamente das minhas tensões, principalmente
as dos meus ombros, que são as mais evidentes. Diferente de outros exercícios
que enquanto eu fazia, ficava pensando em como relaxar os ombros e pesquisando
o meu corpo durante o exercício, mas acho que dessa forma acabava sendo pior.
Porque parece que quanto mais eu penso em esconder meu “defeito”, mais eu
evidencio. Como eu disse não sei se cheguei ou não no corpo ideal, mas, só sei
que os tipos de exercícios e de ensaio que fizemos no domingo me agradam muito,
alias não só a mim, ao grupo todo.
Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
Volta ao
trabalho, energia renovada e o começo de uma nova montagem que cheira como a
grama depois da chuvarada. Este novo trabalho apresenta para mim um grande
desafio, Juliano propõe uma montagem baseada no nosso próprio processo desses
anos. Retomar o trabalho corporal, relembrar com o corpo e com a mente como foi
esse processo, como fomos nos transformando, o quê foi absorvido e o quê ainda
não terminou de se instalar em nós... Tudo muito interessante e
importante. Compartilhar isso com o público numa experiência metalingüística
vai ser com certeza uma experiência única. E por último sinto um entusiasmo
enorme pela intensidade física que a montagem propõe, tenho certeza de que eu
enfrentarei a grandes dificuldades e isso é sempre bom para continuar se
auto-superando.
Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Finalmente
começamos a colocar em prática um projeto por qual, tanto me apaixonei. Os
exercícios para preparação física/corporal são utilizados (literalmente) em
cena. A pesquisa enquanto instrumento cênico é encantadora. Levar à cena,
aquilo que nos faz chegar ao corpo cênico/atenso, é se desnudar de quaisquer
formalidades e tornar o processo tão artístico quanto a obra de arte pronta.
Tivemos
início com os rolamentos, até que o nível de dificuldade foi aumentando, o
desafio me instiga. As sensações eram inexplicáveis. A partilha que realizamos
ao final do nosso ensaio foi curta, as palavras não saíram, ainda havia a
necessidade de degustar todo o processo corporalmente, sem a necessidade de expressão
por meio das palavras. Que esse silêncio seja ouvindo.
ENCONTROS DOS DIAS 11 E 12 DE FEVEREIRO DE 2012
Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
No último
final de semana de trabalho tivemos um dia de ensaio geral e um dia de
apresentação na fase regional do Mapa Cultural. No sábado o ensaio foi
extremamente difícil. Pela primeira vez desde que remontamos o espetáculo,
ensaiamos num espaço maior, em total escuridão e com as lanternas. Assim, mais
uma vez nos encontramos frente à dificuldade do novo, da adaptação tantas vezes
vivenciada no percurso do nosso trabalho. Mas apesar de não ser a primeira vez
que elementos externos modificam a nossa vivencia, eu não consegui me adaptar
rapidamente. Gostaria muito de estar pronta para esse tipo de mudanças
abruptas, mas ainda não consigo realmente. Quando aparece uma dificuldade pro
corpo, a mente fica instantaneamente distraída e aí tudo se perde: a
concentração, o foco, a capacidade de jogar com a cena, com o outro...
Domingo,
fomos para Salto. A apresentação superou amplamente as minhas expectativas.
Acho que ainda não está madura a nova versão do espetáculo, mas já foi muito
melhor do que o ensaio do dia anterior. Tem alguma coisa do “ao vivo” que
transforma a gente. O público, a trilha em boas caixas, a maquiagem, a
adrenalina de estar compartilhando esse momento... Realmente a gente conseguiu
jogar e levar ao máximo possível as nossas pesquisas para a cena. Certamente é
só o começo, temos muito trilho para percorrer, precisamos nos apropriar muito
das cenas, especialmente do texto, mas não tenho dúvida de que continuamos
crescendo constantemente como atores individuais e como grupo.
ENCONTROS DOS DIAS 04 E 05 DE FEVEREIRO DE 2012
Ana Antunes - Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Muito
cansaço e esforço de todos , queremos um ótimo resultado pra essa reestréia
estréia. Este sábado iniciamos com uma conversa longa, mais essencial, daquelas
onde acertamos alguns passos que se perdem no meio do caminho, digo isso por
mim.
Consegui
localizar meu ponto fraco ( preguisoço) deste MOMENTO. Tenho o DEFEITO de não
praticar a escrita e muitas vezes a fala também passa desapercebida, então vivo
no mundo de SENSAÇOES. Caminho perigoso este para uma atriz, onde tudo tem de
ser revelado.
Seguimos
com nosso caminhar, caminho para encontrar o corpo ATENSO, sem tensões,
preparado pra qualquer ação em cena. E então a massagem CARNE /OSSO,
OSSO/CARNE, me trouxe um estado mágico, penso o tempo todo: - É aqui que mora o
corpo ATENSO ? Tento sentir cada partícula da minha respiração. JULIANO ESTOU
SENTINDO MEU FÊMUR!
Levando
tudo isso pra cena fiquei muito confusa, a resistência de segurar um guarda
chuvas acima da minha cabeça por alguns minutos muitas vezes me
deixa desconcentrada, fui perdendo aquele estado que encontrei nos exercícios.
Como manter este estado ATENSO? Questão que me lateja desde o ultimo sábado.
Elton Pinheiro - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Novas descobertas sobre o trabalho em cima da coluna surgiram. No exercício de aquecimento proposto pelo nosso diretor, percebi um estado de corpo diferente, não sei exatamente se era o resultado desejado, mas o importante foi que algo estava modificado e meu corpo vivo. Agora é começar a perceber a relação com nosso trabalho em cima da coluna e das torções do corpo.
No exercício proposto pela Lucia, estou me sentindo mais a vontade, não ficar pensando nos movimentos que tenho que fazer, me fez progredir e comecei a buscar, inconscientemente, novas formas de realizar o exercício, senti a necessidade de explorar mais o espaço e os objetos neles presente.
Sobre o ensaio do espetáculo “Favores da lua – O prólogo” percebo que o meu trabalho sobre o corpo atenso evoluiu e a naturalidade com que dou o texto e as represento também evoluíram. Creio que o fato de pegar cenas diferentes das que eu fazia e diferentes entre elas, me ajudou muito.
Welinton Machado - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Semanalmente fazemos diferentes exercícios a procura do corpo atenso, e em quase todos os exercícios sinto uma grande diferença em minha estrutura, não sei ao certo se alguma vez consegui chegar a esse corpo atenso, mas sigo freqüentemente em busca dele. Sempre tento guardar o registro do corpo que “adquiro” durante o exercício para leva - lo pra cena, porque me parece que esse seja o corpo ideal na hora de atuar, mesmo não sabendo se esse corpo realmente é o corpo atenso que tanto pesquisamos. Mas a grande verdade é que vivo em constante discussão comigo mesmo; sei que tenho um corpo bastante flexível, mesmo tendo grandes tensões sobre os ombros. Mas na hora da cena, a tensão supera a flexibilidade e parece que o corpo que foi ganho simplesmente desaparece. Mas minha pesquisa continua…
Passamos o “Favores” cena por cena, atentando - se pra cada detalhe. Juliano me disse que meus movimentos precisam ser contínuos, teoricamente eu entendo, mas estou tentando compreender isso na prática, espero estar no caminho… O espetáculo está ficado lindo, o que era sujo está se limpando e o que não se entendia começa a se esclarecer. Que venha o Mapa Cultural.
Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
Final de
semana intenso. Para começar, tivemos uma conversa sobre o formato, o conteúdo
e o significado das partilhas. Mais uma vez na história do núcleo, acho que
estamos frente a uma oportunidade de crescimento pessoal e grupal. A
oportunidade de se esforçar mais uma vez para conseguir ir um passo além na
própria reflexão sobre o trabalho, é inclusive uma possibilidade de explorar
novos caminhos de análise que continuarão acrescentando a pesquisa do grupo
fazendo com que a nossa experiência possa chegar cada vez, com mais
profundidade às pessoas interessadas nela.
Os
exercícios físicos cada vez me são mais importantes, cada vez entendo mais a
importância de ir até o limite do possível. O Juliano repete isso
freqüentemente desde que comecei a trabalhar com ele há quase três anos. Sempre
entendi racionalmente ao que se referia e tentei ir passando essa informação
para o meu corpo. Mas só agora estou começando a entender fisicamente a
importância do assunto. Levar o corpo ao limite das suas possibilidades, abre
novos caminhos inesperados. Quando o corpo chega ao máximo de cansaço, alguma
coisa acontece que gera uma energia nova, diferente, e criadora. O trabalho de
relação voz-corpo que estamos fazendo me parece de extrema importância também.
Acredito que estamos entendendo juntos e aos poucos, coisas de muita relevância
para o nosso trabalho.
Passar as
cenas do espetáculo parando a cada momento que for necessário é uma atividade
que sempre vai me apaixonar. Não é a primeira vez que digo isso na partilha.
Parar, rever, se surpreender mais uma vez com o olhar do nosso diretor e com as
infinitas possibilidades do jogo teatral... Tudo isso faz com que cada vez me
afirme mais neste caminho, no qual entrei tão naturalmente. A pesquisa para se
achar em cena, para se apropriar dela e entender mais uma vez que nada esta
estruturado para sempre, que a verdade da cena esta dentro de nós, que devemos
unicamente não parar jamais de jogar. Coisa simples e difícil ao mesmo tempo,
que levo desde o começo do trabalho como um dos objetivos principais...
Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Ensaios
pela manhã são mais produtivos, os corpos estão sem interferências das
atividades do dia. O Aquecimento proposto pelo Juliano lembra exercícios já
realizados, que iniciava de uma estrutura central até chegar às extremidades. A
vertigem, elemento que trabalhamos desde o início do espetáculo, é ativada de
outras formas. A resposta é diferente daquelas que já encontrei em outros
exercícios, mas funciona, o corpo estava presente.
A
continuidade dos exercícios corporais propostos foi o momento “Canto com Lucia”
ainda um pouco enferrujado do recesso, mas o corpo reage muito bem, há conexão
entre corpo, movimento e voz. Isso é bom deixar na memória corporal e orgânica
para levar à cena. Poderá me auxiliar em uma dificuldade minha apontada pelo
diretor, a relação com o texto em alguns momentos do espetáculo.
Final de semana mais produtivo, depois da
reformulação do espetáculo não sei se houve. É natural, depois de organizar as
idéias, experimentações, erros e acertos.
ENCONTROS DOS DIAS 28 E 29 DE JANEIRO DE 2012
Lucía Spivak – Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
A
importância do trabalho energético-corporal antes do ensaio do espetáculo se
viu claramente no último final de semana de ensaios. Guiados por Ana, fizemos
um trabalho muito energizante, profundo, de conexão com o corpo, com o outro e
com experiências que vem de longe no tempo e no espaço...
Talvez
deveríamos poder chegar ao mesmo nível de energia e concentração sem precisar
desse trabalho inicial, mas os fatos por enquanto mostram que ele é necessário
sim. O corpo fica mais predisposto, a atenção acorda e a conexão com o outro
fica aprofundada rapidamente.
Passar as
cenas do Favores da Lua minuciosamente, foi muito produtivo. Repensar juntos o
que esta faltando, o que não esta funcionando. A ausência do Juliano faz com
que nós funcionemos mais como grupo, nos forçamos a pensar juntos qual é o
caminho, a experimentar mais sozinhos, isso é bom. Estou com grandes
dificuldades na cena da Bosta. É difícil achar a ação em si. Como quase
sempre me acontece, fico enchendo a cena com texto, mas a ação fica esquecida e
o texto perde o sentido. O grupo me fez ver isso e passamos a cena algumas
vezes, esta melhorando. Do resto, o espetáculo já se sente mais em forma, esta
gostoso de fazer, estamos nos entendendo com a nova forma dele, aos poucos, mas
de vez...
Welinton Machado - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Antes de
começarmos a ensaiar o “Favores” Ana nos passou um aquecimento. Primeiro
fizemos um alongamento e depois alguns passos de uma dança africana, sempre com
a intenção de jogar todas as coisas ruins para a terra. O exercício foi bom
para aumentar o astral do grupo, principalmente o meu.
Em
seguida começamos a passar a peça e parávamos quando necessário, conversamos
sobre alguns detalhes de cena… Os ensaios foram bem melhores que o da semana
passada, com mais ritmo e mais energia. Acho que os exercícios que a
Ana passou ajudaram bastante. E sinto que estamos começando a nos apropriar do
espetáculo, esquecendo-o de como era antes e o construindo agora do nosso
jeito.
Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Antes de
começarmos o ensaio de Favores da Lua o prólogo, fomos conduzidos pela nossa
querida Ana Antunes, para alguns alongamentos e aquecimentos que fizeram tirar
uma energia baixa que pairava entre nós... O ritmo africano mandou toda baixa
energia para a terra, e lá ficou. Durante o aquecimento consegui perceber
espaços de cenas, ritmo, foco e outros elementos que são necessários para o bom
espetáculo.
Começamos
o ensaio do espetáculo, pensando em pausar quando necessário para ajustar as
cenas considerando todos os elementos que já nos foram dados. Pontuações foram
feitas pelos atores considerando a visão de dentro do espetáculo, que acredito
ser diferente daquela de quem participa somente assistindo.
Houve
evolução, tanto coletiva como em cenas individuais. As atividades sem a
presença do diretor tem tido um bom rendimento.
ENCONTROS DOS DIAS 21 E 22 DE JANEIRO DE 2012
Welinton Machado - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Depois de
um mês de férias retornamos aos ensaios. Vamos dar mais foco por enquanto ao
espetáculo “Favores da Lua” por conta da apresentação no Mapa Cultural.
Começamos
com exercícios, todos focados no espetáculo. Primeiro fizemos um relaxamento,
deitamos no chão e aos poucos fomos ligando nosso corpo; começamos a mexer
dedos, pés, mãos, pernas, braços, língua etc.. Em seguida nos levantávamos em
giro e depois descíamos até o chão novamente em giro.
Exercício
de lançamento: Nós nos lançávamos ao chão a procura de diferentes apoios no
nosso corpo. Juliano me alertou para não cair com o corpo duro. Tínhamos que
relaxar durante a queda, para chegar ao chão sem nada de tensão. O exercício
foi bem válido pra mim, já que na peça tenho algumas quedas e sempre me
encontrava em dificuldades com elas. Também fizemos um exercício de giro.
Jogo com
a meia: Durante o jogo cada um tinha uma meia em mãos; tínhamos que mantê-la à
nossa frente e tentar roubar a meia do outro sem perder a nossa - o jogo
lembrava muito a disposição que temos que ter na peça. Elton e Jeziel se deram
muito bem.
Ensaio do
Favores: Passamos o espetáculo desde a primeira cena e o Juliano foi corrigindo
tudo que era preciso. Ele me disse mais uma vez pra eu não entrar com uma
pré-forma, mas isso está me acontecendo inconscientemente - ele já havia me
alertado sobre isso antes; no ensaio de domingo tentei me lembrar disso e acho
que consegui. Ana e Elton estão muito bem com seus textos e cenas. O cansaço e
a baixa energia de Lucía e Jeziel com certeza os atrapalharam bastante, tanto
no sábado quanto no domingo. Jeziel ainda sofre um pouco com o texto, mas acho
que é uma questão de registro, assim que ele se apropriar do texto se dará
muito bem com ele.
ENCONTRO DO DIA 10 DE DEZEMBRO DE 2011
Welinton Machado - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Durante a
discussão teórica falamos um pouco sobre a “Analise genética da ação” e sobre
rituais. Depois fizemos um exercício de apropriação do espaço, tínhamos que
sentir cheiro e gosto das coisas/pessoas, isso era bom para aguçar os outros
sentidos. Ensaiamos o “Anjo Inacabado”, Juliano me disse que na cena da tourada
não é pra eu me transformar em um touro, e sim ter a intenção, terei que pensar
muito sobre isso. Passamos o espetáculo “Favores da Lua – O Prólogo” tentei me
lembrar do exercício, para poder usá-lo em cena, mas acabei perdendo isso ao
decorrer do tempo, ou melhor só me lembrei na primeira cena. E assim encerramos
os nossos ensaios desse ano.
Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
A volta
do diretor, os planos de pesquisa intensa e inovadora para o próximo ano, a
teoria aplicada à linha de trabalho no espetáculo novo, a confirmação de que
conseguimos remontar o nosso querido espetáculo anterior, a reconfirmação da
maturidade que a crise nos trouxe e a certeza de que, imprescindível para
realizar as coisas é a verdadeira vontade... Tudo isso tivemos no último ensaio
do ano que me deixou uma sensação de paz para receber o necessário período de
descanso com a certeza de que o 2012 será um ano de intenso, gostoso e
produtivo trabalho. Até o ano que vem!
Elton Pinheiro - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Ultimo
ensaio do ano. Um ensaio com direito a conversas com planos para o futuro e
muitas expectativas. Evoluções foram observadas e conquistadas ao longo do
processo que tivemos durante o ano todo, tanto com os exercícios de voz, quanto
com os espetáculos. Por um lado é ruim parar um processo que está ocorrendo bem,
mas por outro é muito bom dar um descanso para voltar com tudo no ano seguinte.
Foi um ano muito produtivo para mim, em particular, e o ano que vem será mais
ainda.
Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Mais uma
vez a pesquisa se concretiza quando conseguimos realizar os links dos estudos
teóricos com os espetáculos em trabalho, isso me satisfaz bastante.
Os
trabalhos corporais com a direção do Juliano nos colocam em desafio. Perceber o
ambiente de trabalho, estabelecer a relação que tanto pregamos, com o “outro”
usando sentidos que deixamos esquecidos é romper barreiras e um exercício de
redescoberta.
O ensaio
do espetáculo – Favores da lua - O Prólogo – me deixa tenso. Enfim!
Enfim! Tudo estava cumprido. Só me restava voltar ao trabalho, ainda mais
intensamente que de costume, para expulsar pouco a pouco o pequeno cadáver que
assombrava as dobras do meu cérebro e cujo fantasma me cansava com seus grandes
olhos fixos.
ENCONTROS DOS DIAS 03 E 04 DE DEZEMBRO DE 2011
Ana Antunes - Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Agora já
me sinto um pouco mais inserida na linguagem do espetáculo FAVORES, estou ainda
com algumas travas em relação à criação, de algo já criado. O treinamento com
Lud antes dos ensaios do Anjo, esta nos dando um vigor incrível, esta começando
a criar uma “carninha” que envolve o nosso pequeno esqueleto. Estou com algumas
dificuldades de não ter presente em corpo físico, o Juliano; tenho que
trabalhar este lado.
Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Em
“Favores da Lua o prólogo” me aproprio mais do texto. Entendo os corpos que
estão em cena, preciso agora, estabelecer o jogo e a relação para a cena.
Brinco
mais com o “Anjo Inacabado”, utilizo a materialidade que esteve presente no
ensaio anterior. O jogo começa a aparecer.
Lucía Spivak - Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
O corpo
demora, mas responde... Ele sabe se achar no caminho da pesquisa. E quando ele
não sabe, precisamos esperá-lo, precisamos respeitar o seu tempo e não ficar na
angustia da não realização. A pesquisa é o principal, o processo, a busca
constante... O meu corpo ainda não entendeu, mas está entendendo, esse tempo
presente me basta para estar feliz com a pesquisa e continuar, continuar, sempre
continuar.
ENCONTROS DOS DIAS 26 E 27 DE NOVEMBRO DE 2011
Jeziel Santana - Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Voltamos
a falar sobre a materialidade, e não há como ignorar. O local de ensaio nos deu
possibilidades e novas descobertas, o barulho dos carros, o vendedor de cocadas
e muito mais coisas... é preciso aprender a trabalhar com isso.
Welinton Machado - Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Fiquei
impressionado com tantas possibilidades de cena que apareceram em um exercício.
Tínhamos que manipular o corpo do outro e depois escolher três movimentos que
foram feitos em nosso corpo. Por fim, surgiram vários movimentos para a cena da
tourada (Anjo Inacabado), o mais engraçado é que enquanto fazíamos o exercício
de manipulação não tínhamos a menor idéia do que viria depois, apenas
manipulávamos o corpo do colega.
Ana Antunes – Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Que medo
de ensaiar na garagem de casa!!! Como se concentrar no treino com barulho do
carro de propaganda, com o cara da cocada? Lincar tudo isso com a construção de
manipular o corpo de JEZIEL(G)? No ANJO INACABADO, algo começou aparecer... na
dança com o JEZIEL(primeira cena), decidimos nos encontrar pra entendermos,
como estão esses corpos, um que dança e se diverte e o outro que traz a ira.
Senti um clarão de idéias na minha cabeça.
Lucía Spivak – Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
Final de
semana de fora... por razões de saúde fiquei sentada em quanto os meus colegas
faziam os exercícios corporais. Apesar da vontade interna borbulhando para
entrar no trabalho, a experiência foi interessante. No trabalho de manipulação
do corpo do colega, reparei mais uma vez o quanto somos escravos das nossas
extremidades. Porque ficar intervindo no corpo do outro só com as mãos? Acaso a
nossa coluna, a nossa cabeça, nossas pernas ou pés não podem mexer o corpo do
outro? Faz tempo que estamos trabalhando a idéia de coluna com Juliano,
buscando a matriz dos movimentos, e de fora, vendo o trabalho, foi para mim,
muito clara essa falta. Será que eu teria feito a mesma coisa se estivesse no
trabalho? Muito provavelmente, também eu estou presa ainda ao costume de que o
que se mexe, se mexe com as mãos. Vamos trabalhar!!!
ENCONTRO DO DIA 5 DE NOVEMBRO DE 2011
Ana Antunes – Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Poucas
vezes senti a dor que chega perto da exaustão. Nesse encontro alcancei esse
estado, e quando pensei que iria desistir, tivemos que improvisar com a relação
do encontro com o corpo do outro, foi o que ficou mais forte: as respirações, a
força, a leveza que cada um trazia de si e doava durante esse encontro.
Surpreendi-me em ter esse maravilhoso trabalho com os corpos LUCÍA, CAPELA,
JEZIEL, ELTON E JULIANO.
Lucía Spivak – Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
Aquela dor deliciosa e
inconfortável ao mesmo tempo me acompanhou durante três dias... É a dor do
trabalho, a dor da consciência corporal, a consciência profunda de cada músculo
que conforma o nosso corpo, de como cada pequeno movimento se produz graças a
esses músculos... é dolorosa mas, é deliciosa.Depois, remontar... Mais uma vez
os favores da lua nos iluminam para continuar essa (possível) eterna pesquisa
do mesmo trabalho. Tenho uma dificuldade gigante para achar a precisão em cena,
essa precisão que compreendo tão bem racionalmente quando Juliano me propõe a
idéia, e que me custa tanto passar para o corpo. Encontro-me sempre pensando
demais em cena, pensando mais no significado das coisas em vez de simplesmente
por o corpo de maneira íntegra... Continuaremos trabalhando para isso!
Elton Pinheiro – ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Realizamos exercícios com o corpo
que nos exigiu muito. Além de ser importante, eu gosto de trabalhar o corpo em
exercícios. Foi um trabalho intenso e que me doei ao máximo, até o momento em
que comecei a passar mal, por causa do meu problema de refluxo, por diversas
vezes tive que parar um pouco e respirar. Isso me deixou incomodado, porque eu
gosto de fazer até o fim sem ter que ficar parando com o exercício, mas aos
trancos e barrancos eu fui levando até o fim. Mas creio que o horário que
realizamos os exercícios foi perto da hora do almoço, o que pra mim, fica
complicado. Bom, preciso pensar como lidar com isso.
Welinton Machado - Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Invertemos a ordem do ensaio,
começamos na parte prática e depois fomos para parte teórica. Primeiro fizemos
exercícios de rolamento com a nossa convidada Ludmila, senti bastante
dificuldade, pois o exercício tinha que ser feito com o corpo mais flexionado e
eu fazia de uma forma mais alongada. Mas, mesmo assim durante o exercício
pensava como ele poderia me ajudar no “Favores da Lua” pois acho que algumas
coisas cabem no espetáculo. Depois ensaiamos o “Favores” e uma das minhas
maiores dificuldades é me desprender da forma que o espetáculo era feito antes.
Por fim, fizemos nossa discussão teórica, falamos sobre as formas de
improvisação e a diferença entre movimento, gesto e ação.
ENCONTRO DO DIA 22 DE OUTUBRO DE 2011
Lucía Spivak – Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
Para mim,
o mais marcante do último ensaio foi poder associar o que eu estou estudando
sozinha, de Stanislavski, com o texto que o Juliano trouxe para ler conosco, e
com as próprias experiências de cena. Discutimos sobre a interioridade na cena,
sobre como, ao contrario do proposto por Stanislavski, devemos procurar o jogo
externo na cena para que isso gere uma nova interioridade. Sempre um jogo novo,
com o texto, com o colega, com o público, com os elementos da cena... coisa que
para mim é muito importante para conseguir não cair na mecanicidade. É bem
difícil chegar nisso e imagino que seja uma das buscas mais presentes no
trabalho de qualquer ator. Continuarei pesquisando para isso se tornar cada vez
mais possível e verdadeiro.
Jeziel Santana – Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica.
Alternar
entre dois espetáculos – Anjo Inacabado e Favores da Lua o prólogo – nos
permite um tempo para reflexão e também realizar pesquisas que contribuam para
nosso processo criativo.
Ainda
passamos por um período de reapropriação do espetáculo. O fato de participar do
processo desde o início, ao mesmo tempo em que contribui por conhecer toda a
estrutura do espetáculo, me causa uma estranheza, por observar cenas, dentro de
cena, por outro ângulo, sem querer reproduzi-las. É preciso encontrar caminhos
que nos levem a outra leitura do espetáculo afinal a materialidade é outra,
como apontado na discussão teórica, que não se limita ao concreto, mas
experiências e sensações, ente outras coisas.
Welinton Machado – Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Durante
nossa discussão teórica falamos por diversas vezes em memória emotiva. Será que
em algum momento do nosso trabalho é necessário usar essa técnica? No canto com
Lucía consigo perceber que o meu medo é de fato o que mais me atrapalha, como
já haviam me dito. Mas como superar esse medo? Será que a diminuição do grupo
pode de certa forma me ajudar nisso? Afinal agora têm menos pessoas para eu me
expor na hora dos exercícios.
Ensaiamos
o “Favores da lua”, algumas coisas ainda são bem engraçadas, outras com certeza
já estão encaminhadas, mas talvez seja como o Juliano disse, é necessário
apresentar o espetáculo para nos apropriarmos dele.
ENCONTRO DO DIA 15 DE OUTUBRO DE 2011
Lucía Spivak – Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
Começou...
Nosso novo espetáculo teve o seu primeiro ensaio oficial. Novas ansiedades, a
imaginação que não para e o prazer imenso de ser guiada pelo caminho da criação
que sempre abre novas possibilidades de crescimento artístico. Porém, uma
dificuldade apareceu para mim no ensaio. Fizemos a montagem da primeira cena do
novo espetáculo sem fazer exercícios prévios. Isso não deveria me atrapalhar,
mas me atrapalha. Não consigo deixar meu corpo pronto pro trabalho sem uma
“preparação”. Durante o ensaio da cena, sentia o meu corpo mole, pesado,
cansado e incluso bocejei em várias oportunidades. Isso raramente me acontece
quando fazemos exercícios prévios, mas sei que preciso poder levar meu corpo ao
estado de “trabalho” sem necessidade desses exercícios. É certamente uma das
questões que mais preciso trabalhar.
Elton Pinheiro – Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Novo
espetáculo no caminho. “Anjo Inacabado” deu seus primeiros passos. Após uma
leitura e discussão sobre o texto, iniciamos a marcação da nossa nova peça. As
ideias surgem e são realizadas. Em principio, o resultado é bem interessante, a
expectativa do que foi proposto é realizada e agrada. Com o pouco que montamos,
percebo que pode se tornar um espetáculo muito interessante e de grande
aprendizado. Fiquei muito feliz com o resultado inicial e espero colher muito
desse fruto!
Jeziel Santana - ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Foi o dia
de “rascunhar” o momento criativo do Juliano Casimiro, “O anjo inacabado” parte
para a etapa de ensaio. Apesar de o meu processo ser um tanto quanto “baiano”,
vou experimentando. É bom jogar com a Ana, que realmente responde rápido, como
comentado em nossa partilha coletiva.
As
mudanças que foram necessárias para a apresentação do “Favores da Lua o
Prólogo” em Itatinga/SP, sempre nos rodearão em quaisquer circunstâncias;
parece-me que a mudança de estrutura do Anjo, como carinhosamente o chamamos,
veio para melhorar, cabe a nós “artistas” nos utilizarmos da situação e tirar o
melhor disso.
Com esse
novo processo lanço uma questão. Será que com o Anjo, a biomecânica citada por
Meyerhold ficará mais evidente nas cenas que farei com a Ana?
ENCONTRO DO DIA 1 DE OUTUBRO DE 2011
Welinton Machado - Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
“Favores
da Lua - O Prólogo” em Itatinga. Apresentamos em um teatro, mas não no palco e
sim na platéia, tivemos que remover algumas poltronas de seus devidos lugares
para criar nosso espaço de representação. Com certeza foi o lugar mais difícil
para adaptar o espetáculo. O espaço ficou bem maior do que estávamos
acostumados, tivemos que ampliar nossa forma de jogar para que todos que
estavam na platéia pudessem ver e ouvir. Pessoas entraram e saíram durante a
peça, mais o jogo aconteceu e o publico respondeu. Acho que fechamos muito bem
esse ciclo, pois essa foi a última apresentação do “Favores da Lua” com seu
grande elenco.
Lucía Spivak – Pesquisadora vocal e atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
Momento
de mudanças extremas e eu tento achar o melhor jeito de lidar com elas para que
o trabalho não seja prejudicado e, quem sabe, até possa se aproveitar do estado
emocional. Como se a última apresentação com o elenco inteiro não fosse mudança
suficiente, o espaço era absolutamente diferente a todos os anteriores espaços
de apresentação. Fizemos o espetáculo numa platéia descendente e gigante que
obrigou nossos corpos a se movimentarem de um jeito novo. O espaço e a
constante sensação de despedida dentro de mim, chegaram a me confundir até o
ponto de errar em cena durante o ensaio. É possível se adaptar com maior
rapidez ás situações físicas, emocionais, espaciais, etc.? Acho importante
continuar pesquisando estas coisas, já que sempre teremos que lidar no nosso
trabalho artístico com o fato de sermos seres humanos.
Elton Pinheiro – ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Um sábado
de apresentação em Itatinga. Devido ao problema no espaço que apresentamos e
falta de tempo, infelizmente não conseguimos avançar com os nossos ensaios. O
que podemos destacar nesse dia, foi a apresentação em um espaço diferente, na
rampa da plateia, um espaço grande e inclinado, isso fez com que algumas cenas
exigissem mais do corpo. Foi um belo estudo de espaço!
Jeziel Santana - ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Dia de
apresentação. Um momento de descontração com coreografias e “atuações”, me
levam a crer o quanto é possível brincar no “palco”.Foi necessária uma mudança
radical para que o espetáculo fosse apresentado. A situação era dada, as
“dificuldades” apareceram e com isso o espetáculo se fez, com belas sombras,
corredor largo, carpete que prende, som que se propaga e “atores que atuam, que
dançam e vivem sorridentes”.Foi possível se utilizar da materialidade e com ela
fazer o espetáculo, arrancar risos e olhares curiosos que acompanharam os
movimentos e as sombras. A síntese da arte/teatro ali esteve. E todas aquelas
coisas que eles sonharam conosco, tinham, ou não argúcias.
ENCONTRO DO DIA 24 DE SETEMBRO DE 2011
Ana Antunes atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Exploração
do movimento, sensações na coluna, alterações na respiração, redescoberta de
músculos adormecidos e alguns ossos que estralavam durante toda investigação de
ações realizadas. Os exercícios me mostraram o tamanho da ansiedade que
carrego, essa dificuldade não me deixa perceber o caminho que o corpo percorre
para finalização de uma ação. Foi o que mais me alertou. Onde fica a intenção
do movimento?
Muito
prazeroso o ensaio do espetáculo (Favores), as passagens foram apenas marcadas
para entendermos melhor as substituições. Ainda estou em fase de “entender”
todo o processo do núcleo e dos trabalhos.
Elton Pinheiro – Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Um ensaio
bem diferente e estranho. Digo isso, devido à quantidade de pessoas que tem
agora comparado com o que tinha. Com menos pessoas, o espaço fica enorme e
vazio durante a caminhada dos exercícios, mas isso é uma questão de tempo para
acostumar. Isso não quer dizer que o ensaio foi ruim, pelo contrario, foi muito
bom. Percebi durante um exercício, como eu dou muita atenção para as
extremidades do corpo (mãos e pés) e o resto acaba passando despercebido as
vezes. Durante o ensaio do espetáculo “Favores da lua – O prólogo”, nas
modificações, percebemos o quanto podem ser divertidas e produtivas grandes
alterações.
Welinton Machado – Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Depois de
um período de apresentações e um tempo de descanso, voltamos com as nossas
atividades. Na parte teórica discutimos sobre teatro analítico e sintético,
realismo e naturalismo, Stanislavsk e Meyerhold. Por termos um número reduzido
de pessoas a discussão se tornou mais interessante para mim. Fizemos exercícios
de corpo e voz, Lúcia e Juliano me disseram que preciso perder o medo para
fazer os exercícios vocais, então que assim seja. Por fim ensaiamos “Favores da
lua – O Prólogo” e algumas coisas já ficaram bem interessantes. Então que
venham os novos trabalhos e desafios.
Lucía Spivak – Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
O nosso
primeiro ensaio depois de um tempo. Menos corpos, espaço diferente, um ar novo
se respira no ambiente e tudo isso modifica, modifica interna e externamente. É
uma nova maneira de trabalhar e como tal, é interessante, um pouco assustadora
e muito vertiginosa. Do trabalho realizado, o que mais me deixou pensando, é
como é difícil entender a verdadeira matriz dos nossos movimentos, como
realmente estamos presos às nossas extremidades nos esquecendo de que, quando
mexemos um braço estamos mexendo até a menor fibra do nosso ser material. Se
conseguirmos perceber, entender e partir da matriz nas nossas ações, elas
poderão ganhar uma verdade muito importante para a cena.
Jeziel Santana - ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Depois de
algum tempo, voltamos a realizar as nossas atividades intensas. Explorar e
pesquisar movimentos “naturais” que ao mesmo tempo são cênicos, me fez perceber
o quanto é necessário esquecer os “pacotes prontos” e deixar que as coisas
aconteçam, mais uma vez a espontaneidade é um elemento importante que é citado
em minhas vivências. A pesquisa aconteceu, a dificuldade apareceu, e sensações
foram vividas... é hora de levar essa memória corporal para cena.
ENCONTROS/ APRESENTAÇÕES DO DIA 16 AO DIA 24 DE JULHO DE 2011
Lucía Spivak – Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
Nove
apresentações em sete dias... E além da felicidade, do cansaço extremo e da sensação
estranha de voltar à vida normal, fico me perguntando: o que é que faz com que
várias apresentações de um mesmo exato espetáculo possam ter resultados tão
diferentes? Nessa mesma semana fizemos, segundo o nosso diretor, a pior e a
melhor apresentação desde que estamos em cartaz há um ano. É no mínimo para
ficar pensando... É a energia? É o cansaço? É o público? É o espaço?...
Gostaria tanto de ter uma resposta! Acho que se conseguirmos entender o porquê,
tal vez poderemos chegar a uma realização mais estável do nosso trabalho.
Daniel Marchi – Ator/Audiovisual do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Sem
dúvida, a semana mais intensa de apresentações de toda a temporada até
agora. Apesar do corpo cansado pela intensa carga física exigida nas
apresentações, a rotina quase que diária, coloca em evidência para mim, e
acredito que para todo o grupo, as questões como pulso, energia e
precisão.Consigo compreender as palavras do diretor quando se refere ao
espetáculo como “organismo vivo”. Sabemos exatamente de onde partimos, mas não
sabemos onde vamos chegar. Ver a peça se transformando exige do ator uma
constante reflexão sobre o trabalho, o que faz do processo algo vibrante.Nesta
temporada, consigo entender melhor como manter a energia circulando no meu
corpo durante todo o espetáculo. Sinto que isso me faz “estar em cena” o tempo
todo, fazendo parte do jogo inclusive nos momentos em que não estou no centro
do espaço cênico.
Marina Fazzio - Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Neste
ultimo fim de semana senti um amadurecimento do grupo, parece que essa série de
apresentações nos levou a um estágio de maior comprometimento, ainda que
cobrado e mesmo que nos falte atentar para outras questões, ainda assim esse
novo comportamento do todo me trouxe sensações. Nesse encontro senti uma
confiança maior no grupo, acho que estávamos todos atentos. Isso me levou a
pensar realmente no outro e buscar uma relação. Durante as apresentações,
especialmente a de Tietê estava pensando em diversas coisas, porém parecia que estava
muito mais atenta ao espetáculo, pelo menos era a sensação que tinha. Passo
acreditar com mais certeza que o pré-espetáculo é muito importante, esse
momento que antecede diz muito sobre como será a apresentação. Pensando em tudo
isso e relembrando a conversa que tivemos em São Paulo antes da apresentação
que fizemos, que segundo nosso diretor foi uma das melhores, acredito que isso
ocorreu devido nosso grau de atenção que estava muito maior devido às cobranças
feitas na conversa. Será que o resultado do espetáculo se deve em grande parte
a essa concentração? Ao silêncio? Talvez para mim esta seja uma boa preparação,
por outro lado acho que não é o caminho para todos. Será que necessitamos
estar em um mesmo tipo de concentração, já que temos que ter uma energia
coletiva?
ENCONTRO DO DIA 09 DE JULHO DE 2011
Essa semana não teremos partilha, pois, os atores do núcleo ficaram em
recesso por 15 dias.
ENCONTRO DO DIA 02 DE JULHO DE 2011
Carolina Câmara – Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
“... As apresentações
tem sido de grande valia e aprendizado, as pesquisas tem me levado a um estado
de pura loucura em busca de respostas e conhecimento sobre o meu corpo.”
Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Dia de
apresentação. O grupo parecia um pouco ausente ou com “outra” energia que não
era a necessária para a apresentação.
Para que
o canto com a Lucía tenha evolução, é necessário percepção do corpo, do som e
principalmente autoconhecimento.
Para o
local de apresentação que pode ser considerado como “novo” foi preciso
redimensionar o espetáculo sem alterar o pulso, um desafio ou uma tarefa que
foi cumprida, os exercícios de pulso que praticamos em ensaios anteriores e
momentos antes da apresentação foram imprescindíveis para esse momento
ENCONTRO DO DIA 22 DE JUNHO DE 2011
Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Retomamos
os exercícios de pulso. Como gosto disso! Apesar de acelerar em alguns momentos
me sinto bem à vontade, é muito bom perceber com as palmas o quanto podemos
brincar com isso tudo nas cenas. O dia com os exercícios de canto é mais
prazeroso, mesmo achando que tenho algum problema com respiração, pois mesmo
com o corpo relaxado me falta o ar para alcançar algumas notas. Acredito que aí
está o problema identificado pelo Juliano em algumas falas da cena da Mulher
selvagem.
Leila Azevedo – Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Nessa
semana tivemos um longo dia de trabalho especificamente voltado para “voz”.
Após um tempo de exercícios em espaços delimitados, foram inseridos ao longo do
processo de trabalho exercícios do “canto com Lucía”. Partindo de um
“pressuposto” relaxamento, onde tínhamos que fazer nada além do que deitar e
sentir o corpo, a respiração, sem movimentação, sem raciocínios; íamos escutando
os enunciados através do nosso condutor e tentávamos, respeitando nossos
limites, reproduzir o exercício dado. Disse anteriormente “pressuposto
relaxamento”, pois para mim, causou depois um tempo, certo desconforto em estar
na mesma posição sem poder se mexer, sem ir para outras posições; comecei a
sentir no decorrer dos exercícios que estava tencionando boa parte do meu
corpo; pescoço, coluna, etc.; e que talvez por esse fato, eu havia perdido a
noção de algumas coisas, como por exemplo, o fato de respirar corretamente para
conseguir chegar até o final de uma frase; coisa que eu só fui perceber mais
tarde, e vi que eu era capaz de reproduzir com perfeição. Acho fundamental este
tipo de trabalho que começamos a desenvolver no grupo, não só para nosso futuro
trabalho, mas para nossos futuros trabalhos.
Marina Fazzio - Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
No ultimo
encontro trabalhamos intensamente a voz, e acho mais difícil que trabalhar o
corpo. Não encontro ou talvez na verdade não perceba quando e como posso ter
minha voz relaxada. Provavelmente isso se de por conta da não materialidade que
ela apresenta. Esse tipo de exercício me faz ficar racionalizando o tempo todo,
muito mais do que os outros, os meus pensamentos estão para o que deveria ser
ou acontecer, fico procurando a maneira ideal de realizar, diferente dos outros
exercícios em que busco me reconhecer neles. Será que essa tensão em atingir o
que chamamos de ideal não permite que execute ou mesmo relaxe minha voz? Ou é a
falta de conhecimento e domínio que fazem com que não reconheça? Talvez a
resposta esteja nas duas questões, resta agora encontrá-las na prática.
ENCONTRO DO DIA 18 DE JUNHO DE 2011
Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
“ta ta ta
ta, ta ta ta ta...” o som das palmas foi quem nos conduziu no início da tarde
do sábado, para perceber o pulso. De certa forma não precisaríamos de qualquer
outro auxílio já está dentro de nós, afinal a batida do coração tem um pulso;
cabe a cada um de nós entendermos esse pulso e brincar com ele dentro do
espetáculo e das cenas. A manutenção do espetáculo “Favores da lua - O prólogo”
me deixa com a sensação de que estamos cuidando da criança que cresce. Alguns
problemas reaparecem como a emissão das falas, neste caso além de percepção é
necessária uma ação direta como exercícios de respiração. Acredito que seja uma
solução.
Daniel Marchi – Ator/Audiovisual do Eu Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
Durante a
semana me atentei sobre uma advertência da Lucia em relação à minha voz; uma
tensão desnecessária no meu pescoço enquanto eu canto poderia prejudicar meu
aparelho vocal.
Na
verdade, nunca tinha me atentado para isso, senti uma dificuldade enorme para
encontrar essa tensão e buscar caminhos para eliminá-la. Seguindo algumas
recomendações e realizando alguns exercícios durante a semana, encontrei
algumas possibilidades para eliminar essa tensão e manter a qualidade vocal.
As novas
substituições do espetáculo me fazem crer que nós temos algo grandioso nas mãos
e nós, talvez, não tenhamos consciência disso. Eu gosto quando precisamos fazer
substituições no elenco. Por mais cansativo que seja este trabalho, podemos
pesquisar em outros atores do núcleo as infinitas possibilidades de jogo, a
criação de novas cenas e a releitura de cenas já montadas.
Estou
bastante ansioso para as apresentações do mês de julho. Acredito que com uma
rotina mais intensa de apresentações o grupo se fortalecerá ainda mais.
Lucía Spivak – Pesquisadora Vocal e Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
Será que
todos os artistas têm a noção de quanto o jogo é infinito? Fiquei pensando
nisso depois do nosso ensaio do último Sábado. Primeiramente penso na
importância dessa descoberta. Cada vez que refazemos alguma cena do espetáculo
e ela ganha um novo significado, ou uma nova atmosfera, ou adquire novos
elementos, novos corpos, novos jogos, etc. fico impressionada de não ter
pensado até então que essas mudanças fossem possíveis. Porque será que ficamos
estagnados no que realizamos e não vamos além? Porque nos esquecemos dessa
possibilidade? Ou se não esquecemos, porque nos é tão difícil experimentar? De
que temos medo? Ou é preguiça de sair do conforto? E mais uma vez, porque
precisamos sempre do diretor para nos guiar nessa pesquisa? Acho todas essas
questões muito importantes no nosso processo, e me pergunto como musicista
também como será pensar isso na música ou em qualquer outra arte. Ficarei
pensando...
ENCONTRO DO DIA 11 E 12 DE JUNHO DE 2011Sexta-feira
Thiago Leite – Ator do Eu- Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Sensações
distintas. Dois dias de trabalho bastante intensos. Principalmente por conta
dos diferentes estados de energia que foram percebidos em cada dia. Outro
público, outro espaço. Como nos adaptamos? Como ouvimos o que o espaço nos
proporciona? Quanto de luz ele suporta? Quais os sons que ele faz quando
pisamos no chão? Como minha voz ressoa nesse espaço? Qual o cheiro desse lugar?
Perguntas que, por vezes, passam em branco quando nos colocamos no espaço para
o jogo, e que sem duvida fazem toda diferença na composição da cena. Pensá-las
na prática requer um amadurecimento que, me parece, ainda está em processo, o
de compreender que nosso ofício apresenta necessidades básicas e que é preciso
ouvi-las.
Quinta-feira
Welinton Machado – Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Em cada
apresentação nos deparamos com um espaço diferente, um clima diferente, e um
publico diferente. Apresentar em Itu numa uma sala com chão de madeira nos fez
pensar em algumas coisas, como por exemplo: Como andar sem fazer muito barulho?
Como descer dos cubos para que eles não escorregassem? Também tivemos que mudar
algumas coisas na iluminação por conta do espaço. Por esses e outros motivos
consigo perceber o nosso jogo, o jogo com o espaço, com o publico e a relação eu-outro.
Quarta-feira
Daniel Marchi – Ator/Audiovisual do Eu Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
As
apresentações em Itu me lançaram um novo desafio. Por problemas pessoais me
senti muito disperso e ausente do grupo. Sentia minha energia muito baixa e
esforçava-me para mantê-la, ao mesmo tempo em que ela se desprendia de mim de
forma quase instantânea. É natural que todos passem por um “revés” emocional.
Sorte a minha que não sou mulher para não sofrer de cólicas! Mas foi a primeira
vez que isso influenciou meu trabalho, e foi a primeira vez que realizei essa
pesquisa nessas condições. Desventura! Não saí satisfeito das apresentações.
Mas de qualquer forma, foi válida a experiência de como lidar com a
instabilidade emocional durante o processo. Os resultados insatisfatórios em
cena podem denunciar, ainda, uma imaturidade para lidar com certas condições do
meu trabalho. Devo pensar sobre isso.
Terça-feira
Jeziel Santana - Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Agora foi
a vez da cidade dos exageros nos acolher. Um centro cultural, pinturas que
fizeram parte do espetáculo, o assoalho que fazia pressão e reagia de outra
maneira a partir daí precisamos nos reorganizar para que o espetáculo tivesse
os sons que foram criados com e para o espetáculo.Algo novo aparece “a frieza
do texto”, como trabalhar com esse feedback? Utilizei-me das circunstâncias e
provavelmente houve uma melhora. Pra mim, ainda falta essa percepção, como
utilizamos de tudo que é dado para realizar o espetáculo?Temos uma nova cena.
Um peso diferente, uma mulher, a relação que volta a ser coma filha, todos
esses elementos me modificaram na cena. Foi bom.
Segunda-feira
Marina Fazzio - Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Começamos
a pensar alguns elementos novos para o espetáculo “Favores da Lua - O Prólogo”¸
discutir e refletir questões sobre a força centrifuga e centrípeta que podemos
gerar durante o espetáculo me faz entender melhor a questão da energia de que
falamos em nossos encontros. Talvez esta força aconteça porque concentramos nossas
potencias e direcionamos a para um ponto determinado, acredito que mesmo
sabendo dessa possibilidade e fazendo exercícios sobre isso não conseguimos
atingir o limite máximo de energia, aliais penso que passamos um pouco
longe. Por outro lado durante o aquecimento tudo era muito claro.
Por que será que mesmo após termos realizado atividades sobre força centrípeta
e centrifuga ainda não realizamos com êxito na apresentação? O que nos faltou?
Começa agora mais uma busca em nosso processo artístico/pedagógico
ENCONTRO DO DIA 04/06/2011
Elton
Pinheiro – Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Apresentação em
Itaquaquecetuba. Viagem com discussão teórica durante o percurso. Uma
discussão muito significativa para mim, diretamente, pois dúvidas minhas foram
tiradas e esclarecidas. Com um publico jovem, alunos de teatro da cidade,
realizamos nossa apresentação, uma apresentação diferente em relação a
ator-espectador. De fora, dava para perceber reações interessantes, como um
olhar mais admirado, um olhar de assustado. Fiquei pensando depois, voltando
para a casa, como esse espetáculo é louco, em cada cidade, em cada publico, as
reações, por muitas vezes, são completamente diferentes e o resultado disso
tudo, para mim, é muito significativo.
Lucía
Spivak – Pesquisadora vocal e atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Do nosso
dia em Itaquaquecetuba , várias impressões ficaram em mim.
Especialmente fiquei pensando o quanto o ambiente influencia no nosso
trabalho. O trato das pessoas, o tipo de espaço para o trabalho e o clima,
entre outras coisas, nos dispõe de um jeito diferente para apresentar. Isso é
para mim, mais uma vez, a experiência de entrar em jogo com esse “Outro” no
nome do nosso núcleo que pode ser qualquer “outro”, e não exclusivamente outras
pessoas.
Janaina
Sizinio – Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Chegamos
a Itaquaquecetuba, ao encontro de nosso “público jovem”. Meninos e meninas,
estudantes de teatro, sorrisos tímidos, olhos convidativos, expectativas...
Vamos jogar? Iniciamos o aquecimento e como estava difícil de acordar este
corpo, partimos para o ensaio de Favores da Lua – O diário de bordo – “a luz
exerce pressão sobre meu corpo”. Percebo a dificuldade de manipular a lanterna,
de dialogar com a vela que ao passar pelo meu rosto aquece, com o som e a luz
da lanterna e o outro em cena.
Carolina
Câmara – Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Manhã
fria de sábado e uma alegria imensa, primeira viagem longa.Como preparar o
corpo em uma tarde fria para estar pronto para o jogo?
Como ensaiar apenas o espetáculo de dança e algumas horas depois entrar em cena com o Favores da Lua o Prólogo, inteira? Como não perder a energia em um espaço tão amplo?O suor, acredito que não me domina mais! Alguns questionamentos e algumas respostas.Assim se deu o sábado, com um público desejando o espetáculo e um espetáculo desejando o público.
Como ensaiar apenas o espetáculo de dança e algumas horas depois entrar em cena com o Favores da Lua o Prólogo, inteira? Como não perder a energia em um espaço tão amplo?O suor, acredito que não me domina mais! Alguns questionamentos e algumas respostas.Assim se deu o sábado, com um público desejando o espetáculo e um espetáculo desejando o público.
Jeziel
Santana - Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
A
temperatura baixa era o nosso elemento do desconforto.
Passar a
cena do espetáculo de dança Favores da Lua – Diário de bordo, me causou o
desconforto de ficar parado em uma posição apoiado no chão frio, daí surge um
elemento que já estamos trabalhando há alguns encontros, a pressão que os
elementos exercem sobre nós, luz, cubos, corpo do outro ator, o som, o chão,
assim como tantos outros elementos.
O abraço
– a precisão e não a força, a coluna, o abdômen, o contato com o parceiro, dois
corpos e um bloco, a tentativa existiu, o acerto não sei, pois neste momento eu
me entreguei, foi o momento em que não pensei em acertar, apenas joguei.
Gosto
muito do nosso processo de aquecimento, de reconhecimento do local, da
apropriação para apresentação do espetáculo, me sinto a vontade. Um elemento
novo nos deu outra perspectiva da cena, fazer a iluminação do espetáculo de um
patamar, nos articulou em movimentar nossos corpos de outra maneira para
conseguir o resultado da iluminação.Dançar com a coluna em parceria com a
Janaina foi excepcional, apesar de me faltar a precisão, acredito que
movimentos como base já surgiram.
ENCONTRO
DO DIA 28/05/2011
Thiago
Leite - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Enraizamento.
Qual a importância dessa palavra para nossa composição em cena? Nesse encontro
nos foi proposto dedicar atenção a nossos pés. Perceber o quanto é possível
manter um corpo livre à medida em que pressionamos o chão. Me fez pensar em
vetores e como esses vetores modificam e reorganizam a composição cênica. No
contato dos pés, seja com o chão, seja com os cubos, é possível perceber uma
reorganização do corpo e uma materialidade da propria ação de pressionar e
sentir-se pressionado. Retomando reflexões passadas, me questiono também sobre
o que esse enraizamento traz de benefícios para a voz? Sustentação? Equilíbrio?
Um menor desgaste? São indagações a que pretendo me atentar em nossos próximos
encontros.
Jeziel Santana - Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
O canto com Lucia, nos fez
perceber e/ou entender o pulso da cena, ainda que na tentativa do acerto
buscássemos outros artifícios para cumprir a atividade proposta, como chamamos
entre nós, o velho “truque”. Como parece difícil dissociar os sons graves dos
movimentos lânguidos, ainda assim busquei outras maneiras de experimentar os
sons que surgem com os movimentos, mesmo que racionais.
Pra mim a palavra da tarde foi “pés”. Como conseguir ter raiz e não ser pesado?
Como se utilizar da nossa estrutura física em cena e em exercício? Como ter o
corpo “atenso” como não esquecer os elementos do Gauguin com a torção proposta
e tudo isso precisa ser orgânico? Hoje preciso concordar com a minha parceira
de cena, a grade rainha Marina que a prática (ensaios) pode me levar ao estado
necessário.
Janaina Sizinio - Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Tenho
dificuldade em escrever e organizar as idéias sobre os ensaios, perceber as
sensações, mas as duvidas me travam, tenho ficado rouca com freqüência. Por que
estas travas? Tento me sabotar quando percebo evoluindo a cada ensaio? Romper
com os truques em cena e partir para o jogo efetivamente, me coloca em uma área
de desconforto ou conforto? Quero agradar o público ou jogar com ele? Ai ai ai
Janaina, quantas dúvidas menina !
Daniel
Marchi – Ator/Audiovisual do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Um dos
comentários que ouvi depois das apresentações na UNISO foi que nada se tinha
entendido do espetáculo e que não fora possível estabelecer uma seqüência
lógica entre as cenas, mas que de qualquer forma, tudo era muito
sensibilizante. Eu me lembro que quando entrei para o Núcleo, ainda não tinha
tido nenhuma experiência em cena, embora já tivesse estudado alguns textos do
Baudelaire e algumas imagens do Gauguin, o que me causava uma sensibilização
empírica. Durante o processo, eu percebi que a experiência em cena e a
constante tentativa de acerto me fez perder essa sensibilidade de algumas
sutilezas do meu próprio repertório e dos artistas na qual pautamos nosso
trabalho.
Se abrir novamente meus sentidos
para essas sutilezas, como isso pode me sensibilizar, e qual seria o resultado
disso em cena?
Nos exercícios
de montagem do “Diário de Bordo”, me atentei para isso. Parece-me que meu corpo
respondeu melhor às propostas de cena e que Baudelaire e Gauguin se tornam mais
vivos durante a pesquisa. Todavia, compreendo que essa abertura à
sensibilidade deve passar longe do envolvimento emotivo com o trabalho, e que
devo me preservar para que não caia num “francesismo inútil”.
Carolina Câmara – Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Se deu a
manhã de sábado com muito entusiasmo e vontade de ir pra cena.
Algumas
respostas encontradas, porém novas dúvidas lançadas. Sinto-me muito mais
tranquila em relação ao suor, acredito que estou sabendo dominá-lo! Sinto-me
mais preparada para estar em cena, mais segura, mais exata! Pergunto-me como me
relacionar com o espaço, com os corpos, com os buracos a mostra no figurino,
com os meus pés sem deixar a energia fugir, sem pesar, sem fazer caras e bocas?
Mais uma
semana de descobertas, teatro x dança, dança x teatro. O mesmo corpo? Outras
dúvidas, mais inovações.
Sábado
intenso e de muita alegria e prazer!
ENCONTRO DO DIA 21/05/2011
Sexta-feira
Rafael
Simão – Ator / Assistente de produção do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
“... Pra
mim vai ser interessante e delicioso pesquisar a dança que acontece pelas ações
realizadas, explorar o contato com o outro através do não contato e, e corrigir
certos vícios do meu repertório de movimentos, que para esse trabalho não
cabem.” (Sobre os exercícios preparatórios para o Espetáculo de Dança.)
Quinta-feira
Carolina
Câmara – Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
“... Como
me questionar menos na hora do jogo? Dever, poder e querer são palavras que não
saem da minha cabeça.”
Quarta-feira
Jeziel
Santana- ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
“Dia de treinamento” – acredito que é possível
plagiar o título do filme para o encontro do núcleo nesse sábado. Caminhar foi
o enunciado da atividade, daí surgiram algumas “coisas” enquanto os atores se
propunham em explorar o espaço para a caminhada. O desdobramento das atividades
chegou até o momento em que poderíamos dançar, e não foi surpresa quando me
percebi executando movimentos plásticos demais, ao invés de ser o movimento, de
realizá-lo de forma simples sem exageros.
Um
questionamento levantado em vivências anteriores foi o de como é possível
esquecer as formas e se entregar ao que é proposto no exercício e/ou cena sem
deixar o caminho mais longo na tentativa de acertos ou de “representação”.
Lembro-me de um momento qualquer, fora de cena ou exercícios, na tentativa de
fazer parada de mão com uma evolução, minha reação foi espontânea, explosiva e
de felicidade, pra mim, é uma boa referência para estar em cena, inteiro, sem
mostrar e SER o que é proposto.
Terça-feira
Thiago
Leite – Ator do Eu-Outro núcleo de Pesquisa Cênica
Inicio levantando
um ponto acerca de nossas apresentações na UNISO, no que diz respeito ao
trabalho vocal. Constantemente tenho notado um desgaste muito grande de meu
aparelho vocal após as apresentações. Muito disso por querer colocar uma
energia excessiva na voz que o corpo e a cena já dão conta de significar. O que
me ocorreu nessas últimas apresentações foi exatamente o contrário. Ao terminar
a segunda sessão percebi que não estava rouco ou com a voz exausta, de alguma
maneira experimentei um equilíbrio na utilização de minha voz que não me
machucou. Revisitando as ultimas experiências com “Favores da Luz – O Prólogo”
e a que vivenciamos nessa quarta tentei ir ao encontro do que poderia ter
movido esse equilíbrio. Acredito que a sequencia de apontamentos com que venho
tendo em relação ao trabalho vocal em nosso processo tem proporcionado pequenos
frutos, principalmente depois do último ensaio dia 17/05. Nesse encontro,
véspera da apresentação na UNISO, uma questão levantada pelo Juliano foi, pra
mim, a grande propulsora para essa mudança: “Por que queremos dar significados
ao texto que os elementos que compõem a cena já o fazem? Apenas digam.”
Sobre
esse sábado. Produção de energia, de jogo, de estados físicos, de reflexão.
Caminhamos
e a partir da caminhada estabelecíamos o jogo entre nossos corpos com o espaço
e com o outro. O que me pega nesse dia é o tempo para que as coisas se dêem.
Que bom ter um dia para caminhar e dessa caminhada iniciar a relação com o
outro. Como esse simples caminhar vira uma dança?
O que me
pega desse dia de exercício é sua ligação direta com a cena:
Temos um
espaço, temos uma ação, o que fazemos com isso? Jogamos fora ou tornamos
potente quanto espaço de criação? Como?
Segunda-feira
Daniel Marchi – Ator/Audiovisual do Eu Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
Trabalhar em outro processo nos
faz refletir sobre uma série de vícios que adquirimos na montagem anterior.
Neste
último encontro, ao realizar exercícios para o novo espetáculo me atentei para
encontrar novas formas de trabalhar com o corpo. Estes me fizeram sentir,
novamente, as dores nos meus sóleos, o que me faz desconcentrar um pouco.
A
repetição me fez abrir os sentidos para as possibilidades de jogo, mas ainda
fica uma questão: qual é o momento para entrar ou abandonar o jogo com o outro?
ENCONTRO DO DIA 14/05/2011
Sexta-feira
Lucía Spivak - Pesquisadora vocal e atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
JOGO.
Essa é a palavra que levei embora do nosso último ensaio. Essa é a palavra que
disparou dentro de mim varias questões nas quais se pensarem para o trabalho.
Por que muitas vezes nos é tão difícil jogar? Acertamos muito mais quando
jogamos em cena do que quando estamos pensando em acertar em cena. Isso ficou
muito claro num ensaio no qual conseguimos jogar do começo ao fim. No jogo
surge a possibilidade, a criatividade, o convite e a relação Eu-Outro que nos
guia no nosso Núcleo. Outra questão que ficou comigo é: por que conseguimos
jogar mais na ausência do diretor? Será que na sua presença nos é mais difícil
não querer acertar? É uma questão muito importante, já que tenho quase certeza
de que para ele é muito mais interessante nos ver jogando do que tentando
acertar. Paradoxos que surgem no trabalho. Fundamental levá-los sempre consigo.
Quinta-feira
Jeziel Santana - Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
A manhã com
as discussões teóricas começam e quando os links são feitos com as nossas
práticas, pra mim, aí está à efetividade da discussão, a razão de ser do núcleo
se faz presente.
Início
das atividades práticas, a caminhada que toma um ritmo coletivo e logo se
inicia a corrida curta e a intensidade da corrida aumenta gradativamente,
percebo que grande parte do grupo se mostra cansado, isso me preocupa, somos um
grupo que tem uma linha de trabalho com teatro físico.
A manipulação
com o objeto que remetesse alguma coisa da infância me deixou livre de qualquer
paradigma, por mais que tenha “infantilizado” a manipulação me senti inteiro,
sem preocupação de qualquer de reprovação dos olhares alheios, eu estava
presente, brinquei como criança, que coisa boa!
Começamos
o ensaio pela cena da “mulher selvagem” prefiro chamá-la assim, como o título
do poema. Ouvimos o “ok”, sinal de que devemos parar e recomeçar. O
Bernard já nos dá uma diretriz com base em minha partilha da semana anterior-
“deixa a métrica de lado, agora é hora de experimentar, chuta o pau da
barraca”. Nova tentativa e começam a surgir novas coisas, apesar de
que, pra mim, ainda permanecer uma métrica, a brincadeira começou aparecer em
cena. Tentei me aproveitar mais dos elementos que a cena oferece como o próprio
figurino o jogo com os parceiros de cena entre outras coisas, isso deixou a
cena mais divertida, conforme palavras de Lucia. Estou louco para jogar de novo
em cena para as apresentações na Uniso Sorocaba.
Quarta-feira
Carolina Câmara - Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Ensaios e
mais ensaios, assim foi do começo ao fim o nosso sábado. Hoje acredito que
consegui me controlar melhor e jogar muito mais, o suor não me dominou!
Experimentei várias maneiras de estar em cena e isso foi prazeroso demais. Mas
me pergunto: Como jogar, pesquisar e fazer que isso seja algo bom para o todo?
Este é o meu questionamento e acredito que ainda não possuo uma resposta.
Este é o meu questionamento e acredito que ainda não possuo uma resposta.
Elton Pinheiro – Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Ensaio
muito produtivo. Essa é a impressão e o sentimento que sai do nosso ensaio
desse sábado. Acho que as cenas que foram trabalhadas semana passada e nesse
sábado, tiveram boas melhoras. A minha cena, em particular, apesar de não ter
sido trabalhada antes do nosso passadão, teve uma melhora do meu ponto de vista
e de modo geral também. Mesmo ainda tendo dificuldades de brincar mais durante
a cena, por conta da disposição corporal que a cena impõe obtive um avanço na
questão da métrica que tinha sido apontada e trabalhada. Agora é buscar novas
maneiras para melhorar ainda mais.
Terça-feira
Janaina Sizinio – Atriz do Eu-Outro Núcleo de
Pesquisa Cênica
Tenho me questionado sobre “Ensaiar” o que é o local do ensaio? Ensaiar
é treinar? E hoje ensaiamos Favores da Lua - O prólogo. A cada ensaio tenho
tentado levar para cena toda a pesquisa e investigação que vem surgindo ao
longo do processo de Favores: corpo atenso, corpo cotidiano, corpo
tridimensional, a coluna que move e a pressão que a luz exerce sobre o corpo,
dialogar com espaço... E percebo que o local do ensaio é o local onde posso
experimentar, jogar com estas dúvidas e questionamentos, que ensaiar é permitir
experimentar, jogar, estar, perceber meu corpo, como ele reage e dialoga com os
elementos da cena, é ousar, é um treino para ativação do corpo? Mais uma
questão, enfim é o local do experimento.
Segunda-feira
Thiago Leite – Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
Entre discussão teórica sobre o Drama Burguês, exercício com objetos,
com figurino, trabalho com cenas e ensaio geral de “Favores da Lua – O Prólogo”
quero destacar alguns pontos que reverberam desde a última semana e outros que
surgiram desse encontro.
Meus primeiros comentários tratam da reflexão sobre o falar o texto, sobre
métrica, sobre mecanização da fala, que ficaram latentes durante o encontro
anterior. Acredito que no ensaio desse sábado pude experimentar uma pequena
evolução, talvez o apontamento de um caminho para essa problemática. Em grande
parte esse pequeno desenvolvimento se deu pela percepção do OUVIR. Atentei-me,
dias antes de nosso ensaio, para ouvir o que falava atentar para o sentido das
coisas que dizia da forma que dava ao texto de Baudelaire. O apropriar-se de um
texto passa inevitavelmente por compreendê-lo, e esse compreender não está
apenas no que está escrito, mas sim na ação de dizê-lo. Exercitar a escuta de
nossas próprias ações me parece ser um primeiro passo importante.
Outra questão que levo desse encontro é sobre nosso “esquentar” para o
jogo. Tenho a impressão de que chegamos para o ensaio e, por vezes, “pegamos no
tranco”, levamos certo tempo para estarmos “disponíveis”. Por que isso ocorre?
Como dinamizar nosso estar pronto para o jogo? Essas perguntas me remetem a
exercícios que já fizemos, e a orientações durante esses exercícios: Qual o
pulso do grupo? Qual o ritmo coletivo? O que, individualmente, precisamos
ativar para que esse “tempo” coletivo se faça presente?
Ao fim, saio satisfeito por notar princípios de evolução no dizer o
texto, no jogar com ele e, principalmente, em ouvir melhor o outro, o que o
outro diz e o que eu mesmo digo.
ENCONTRO DO DIA 07/05/2011
Sexta-feira
Daniel Marchi- Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Mais uma
vez trabalhamos as substituições do elenco no espetáculo “Favores da lua”,
um trabalho cansativo para a direção e para todo o grupo de modo geral. No
entanto, é interessante percebermos como um novo ator, com suas características
particulares, corpo, voz pode criar novas significações para uma cena que já
existia. Neste último encontro, Wellington Machado, o “Capelinha”, entra
na montagem do espetáculo e torna claro o trabalho com os elementos de
“materialidade”.
Com as
substituições, meu novo companheiro para a cena do pão é Bernard
Nascimento. Durante a criação de uma nova coreografia, por descuido de minha
parte, acabei o machucando. Isso me fez refletir sobre o quanto eu me ausento
da responsabilidade de “cuidar” do meu parceiro e como eu o “deixo só” na cena
sem entregar-lhe elementos para que possa jogar.
Será que
é por estar sozinho em cena que a cena Galinha é tão “bem sucedida”?
Enquanto
criávamos, percebi que eu parava quando cumpria as indicações da direção,
enquanto Bernard continuava com o jogo. Preciso encontrar caminhos para me
desvincular das orientações como “ordens”, e entende-las como simples
orientações. Talvez isso me impeça de me colocar em estado criativo, resultando
todas essas deficiências.
Quinta-feira
Andreza Tagliaferro - Atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Acredito
que quando estamos inteiros para aquilo que nos propomos a fazer e com atenção
e precisão; não nos colocamos em situação de risco. Este pensamento vem, ao me
deparar com a construção de uma cena do espetáculo “Favores da lua – O
prólogo”; onde atores se machucaram em uma cena de "luta"
pelo pão. Neste momento retorno a questões que discutimos bem no começo do
processo: precisão, corpo atenso, percepção (do objeto, do espaço), como é
importante estar ligado a tudo e praticar muito para que isso se torne como uma
segunda pele. Além desta questão, me atento ao fato do canto em cena, que em
alguma proporção se tornou um desafio, por menor que seja. Isto me traz de
volta a vitalidade, sair da zona de conforto, algo que de certa maneira me
instiga, atrai. Ainda não é o desafio que busco em cena, mas vou trabalhar o
melhor com o que tenho hoje.
Quarta-feira
Bernard Nascimento – Assistente de Direção/Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Bernard Nascimento – Assistente de Direção/Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Bem, já
faz um bom tempo desde minha última partilha que foi uma foto, do ano passado.
O que significa que faz tempo que não dou noticia e sinceramente, não sei como
resumir tudo pelo que passei até aqui, mas vou tentar. Desde o carnaval, quando
me deparei com o medo de altura sem a sensação de segurança é que várias
questões relativas ao meu trabalho de ator começaram a pipocar dentro da minha
cabeça. Também não sei o porquê desse “start”, mas agradeço o fato
dele ter acontecido. Voltaram a me incomodar muito questões mais antigas pra
mim como “porque eu vou além do que preciso em cena?” até questões que
juntamente a essa, baseiam hoje a minha pesquisa enquanto ator sobre o processo
que vivemos na companhia como: 1º “Como minha percepção deve me auxiliar a
levar os conceitos trabalhados na teoria para a cena?” 2º “Como encontrar
as micro-ações e ações que dão balizas à minha cena?” 3º “Como entender o JOGO
em exercício e em cena, como perpetuação e não como emulação?” 4º
“Como combinar as minhas balizas com as balizas do jogo proposto pelo meu
colega de cena?” 5º “Como ir além da cena sem romper suas balizas?” ( está
quinta e ultima questão até o momento surgiu do último ensaio e as questões
estão numeradas por que surgiram nesta ordem). Pois é, no último ensaio eu com
duas sensações contraditórias, felicidade pelo ótimo ensaio do Núcleo em geral
e tristeza pelas contusões. Contusões que já estão sendo rapidamente reparadas
por não serem graves, mas o que me preocupa é a frequência com que elas tem
acontecido pois estive contundido a duas semanas atrás por descuido meu, e
nessa por uma fatalidade de cena, e espero parar por aqui esse ano. Mas ainda
falta-me lhes compartilhar uma última questão e que não vou numerar por
acreditar que esta deve ser uma das que deve nortear quaisquer questões que
apareçam no trabalho de um ator, “Como levar as respostas encontradas para a
cena?” essa questão fundamental acorda comigo todo dia de manhã e vai pra quase
todo lugar, só deixo ela em casa aos sábados quando vou aos ensaios, onde
acredito que não posso levá-la para não intimidar as possíveis respostas que eu
possa encontrar lá enquanto tento deixar minha cabeça trabalhar após o meu
corpo, ao contrário do que normalmente faço no dia-a-dia, e assim acredito
estar cada vez mais perto de achar minha “chave de cena”, mas prefiro acreditar
que ainda a procuro para poder modelar sua curvatura ainda mais, pois sei que
quando eu souber que a encontrei vou me deparar com outra questão ainda mais
crucial. “Como não deixar que minha chave se limite a abrir apenas uma porta
para a cena?”
Bem, como
resumo de 5 meses de trabalho, acho que por aqui está bom, e como me sentia em
falta com isso espero me exercitar para estar aqui nesta partilha com mais
frequência.
Terça-feira
Marina Fazzio - Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Porque
esta minha dificuldade em dizer o texto? Porque será que mantenho sempre a
mesma métrica? Neste último ensaio o Juliano sinalizou esse problema antigo e
são varias as questões que surgem; desde não conseguir dar uma grande risada, a
dar uma fala muito rápida. Sinto necessidade de mais ensaio e acredito que seja
um bom caminho. Agora que me sinto um pouco mais livre para estar em cena, acho
que posso tentar brincar com o texto. Quando comecei com cena do pão era tanta
informação que congelei o texto para me preocupar com o corpo tridimensional,
com o corpo que sofre pressão, o olhar e agora que consigo estar mais tranqüila
e atenta na cena imagino poder me soltar para dar este texto. Embora eu saiba
que não vai ser muito fácil estou com gana para tentar e tenho minha atenção
virada para isso.
Elton Pinheiro – Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Se fosse
pra dizer em uma palavra o que foi nosso último ensaio, eu diria acerto.
O estudo teórico não foi realizado por causa dos acertos, mudanças e
substituições que precisávamos fazer dentro e fora do espetáculo “Favores da
lua – O prólogo”. A minha parte foi uma das que trabalhamos, uma cena que já
vinha me incomodando e que eu queria muito focar e trabalhar em cima dela
isoladamente. Um texto que foi passado de uma atriz para mim, e que acabou se
tornando uma cena “nova”, a meu ver. Como trabalhar o texto junto com o
ator-objeto que tenho em cena de uma forma mais natural, sem ser mecânica e
determinada? Essa é a questão que eu levo para trabalhar.
Segunda-feira
JEZIEL SANTANA - ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
JEZIEL SANTANA - ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
As
discussões no período matutino tomaram uma dimensão que pelo menos pra mim,
causam uma reflexão sobre o nosso papel dentro no núcleo e acabo fazendo
comparações com o mundo corporativo, que de certa forma faz parte de minha
realidade.
A cena do
pão é retomada para quem sabe, a última substituição. É muito bom o desenrolar
da cena, o Juliano se agrada do resultado. O Bernard se machuca e mais tarde
durante a partilha o Daniel verbaliza que poderia ter cuidado do colega de
cena, o que tomo como exemplo para uma das cenas que faço.A primeira cena
também é “reformulada”. Os momentos em que é interrompida para ajustes sobre a
condução, leveza, precisão e outros elementos que são recorrentes em nosso
espetáculo, são necessários para a minha reflexão.
Ao chegar
à cena da lua, parecia que algo me conduzia para o chão, ver a cena ser
trabalhada é um imenso exercício pra mim, até que o Juliano pede que eu
substitua o Dado para que o Elton tenha um elemento diferente e reagir a este
novo elemento. É incrível como também me vejo determinando uma métrica para
algumas falas do espetáculo e penso em como devo me utilizar do material de
cena, deixando tudo mais orgânico.
ENCONTRO DO DIA 30/04/2011
Rafael
Simão – Ator/Assistente de produção do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Uma energia gostosa, com um público gostoso de
ter. Fazer a concentração diante do público fez a diferença na “presentação” do
Favores em Capela. Senti todos nós, atores e público, inteiros,
jogando um com o outro. Em um espaço aparentemente pequeno, o intimismo estava
ainda mais presente, mas de forma alguma senti um desconforto da platéia, que,
pelo contrário, estavam totalmente entregues aos encantos dos FAVORES DA LUA.
Carolina Câmara- atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Capela do
Alto, chegamos!
Dor no
corpo, na boca, no olhar, foi assim que eu amanheci, mas
a vontade
de apresentar era superior a tudo.
O
desespero de não saber o que poderíamos encontrar me invadia positivamente, no
fundo estava adorando
aquela sensação de saber que a qualquer momento poderíamos ser surpreendido com
uma bengala na cabeça, mas, a
surpresa não poderia ser melhor, o público foi irreverente, único, basicamente
formado por homens, tínhamos apenas 3 mulheres na platéia.Sorrisos sinceros,
olhares singelo, foi assim que vi o nosso público inteiro na peça.
Quanto ao
meu trabalho de atriz, as minhas cenas particularmente, eu acho que não
evoluíram desde a apresentação de Iperó, mas no
geral foi uma ótima apresentação. Ah, quanto ao cheiro de queimado que exalava
na primeira cena, era por conta do meu cabelo que eu
estava
queimando durante a cena com a vela...(Bem que eu estava escutando um shuac,
shuac...kkk).
Daniel Marchi – Ator/Audiovisual do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Quando
entrei no elenco este espetáculo já estava montado, precisei buscar muitas
coisas sozinhas durante o curto período de adaptação da peça para a reestréia.
Me lembro do Juliano, por muitas vezes, dizer que o “Favores da Lua – O
Prólogo” não era um espetáculo para ser compreendido, mas sim apreciado. Eu
sinceramente imaginava que poucas pessoas se colocariam neste lugar de
“apreciador.”
Nesta
última apresentação em Capela do Alto percebi que o público não estava
preocupado em teorizar o espetáculo e nem muito menos criar alguma relação de
sentido com nosso texto tão fragmentado. Estavam ali apenas como apreciadores.
O público
vibrava, ria, comentava, atendia celulares, mandava mensagens. Foi à
apresentação mais deliciosa que fiz com o Núcleo. Eles nos enchiam de energia e
jogavam conosco como se estivessem em cena com o elenco.
Francamente,
quero isso para toda vida !!
Janaina Sizinio - Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Chegamos
a Capela , estamos no Bairro do Porto , um bairro bem afastado do centro da
cidade .
Em frente
à escola , uma igreja , algumas crianças olhavam curiosas .No final da tarde
comecei a ficar tensa , pois não havia nenhum movimento próximo ao local da
apresentação , comecei a me movimentar , exercícios para aquecer .
Começamos
a cantar, a música inicial do espetáculo, e como um mantra cada ator ia se
aproximando e assim íamos criando uma estrutura , um movimento coletivo , que
nos conectava uns aos outros e com o publico tímido que ia se aproximando .
Enfim é
chegada a hora da “presentação”, de estar com o outro , dialogar , jogar . E
que venha “Os Favores da Lua".
Um Jogo
ímpar , Maravilhoso ! 27 homens e 2 mulheres compõem a platéia.
Um corpo
ativo , comentários peculiares ,celular que toca , risos tímidos , gargalhadas
, Aplausos! Quero jogar de novo , agradecida a todos pelo momento compartilhado
.
Marina
Fazzio – Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Foi
incrível. Acho que uma das melhores apresentações do Eu Outro. A energia
estava bem, o espetáculo era a soma da platéia com a cena. Senti o aquecimento,
a apresentação, a platéia e comprovei que o espetáculo é sensível. O público
não queria entender, ele simplesmente estava lá para assistir e se encantar.
Ele sentia a cena, não buscava entendimento racional. Afinal “Favores da Lua- O
Prólogo” esta aí para ser recebido.
A
concentração/aquecimento foram bons e nos levaram para dentro do espetáculo. E
há minutos antes de começar ainda tentava entender muitas coisas sobre meu
corpo. A minha inquietação com o texto pulsava, não sabia se durante o
aquecimento havia achado o lugar de dar minha fala, mas essa busca me motivava.
Ainda não encontrei a melhor maneira, mas mesmo assim fico ansiosa para
pesquisar mais. No fim dos exercícios o Juliano passou um exercício que parece
ser um bom meio para achar o que procuro.
Jeziel
Santana – Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Dia de
apresentação. O cuidado para que tudo saia conforme planejado é grande, o
nervosismo “natural” começa a dar as caras, por meio da inquietação, do cuidado
em falar pouco para poupar a voz. Ao arrumar o local da apresentação, uma
torção se estabeleceu que por sua vez gerava vertigem, utilizar dessa situação
para fazer um bom espetáculo coube a cada um de nós. O momento espontâneo de
aquecimento gerou boas energias, os saltos de coelhos, o alongamento da
bailarina, a canção do espetáculo, e todas outras atividades que foram
realizadas sem a preocupação de “esconder” o processo, deixou os nossos
espectadores como participantes da nossa arte.
Leila
Azevedo- Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Dia de
apresentação do espetáculo “Favores da Lua” pelo interior de São Paulo.
Depois de
identificado o local de apresentação, e solucionados problemas técnicos,
iniciamos alguns exercícios e jogos lúdicos para aquecer copo-mente. Obtivemos
sensações incríveis e novas, principalmente quando o público nos acerca no
momento “preparatório”, de concentração, antes de entrarmos em cena.
Vivemos
uma experiência antes não vivida, de estarmos diante de um público que fazem
uma leitura do espetáculo diferente da qual estávamos habituados; leitura esta,
que nos deixa surpresos e satisfeitos em saber que realmente é possível as
diferentes respostas do público (respostas estas, muito positivas) diante de um
espetáculo não realista.
Larissa
Bassoi - Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Dia de
apresentação e todos estavam juntos, se mobilizando para arrumar o que era
preciso, assim o tempo foi bem aproveitado.
Alguns
exercícios foram importantes para revermos certas coisas, de como jogar com o
outro, entrar no jogo do outro, jogar em ritmos diferentes, achar o ritmo
(caminhar) do grupo. Percepção.
Descontração.
Ensaio,
nos organizarmos perante as lanternas.
Após tudo
preparado, tínhamos um longo tempo para começar, bom ver como algumas pessoas
iam se mobilizando para um “aquecimento”, cada um em seu tempo, seu trabalho,
assim outros iam surgindo, e sem perceber acabávamos jogando com o outro.
Exercício
realizado entre eu, Thiago e Marina, pés em uma rampa e um esforço gigante em
se manter em equilíbrio/desequilíbrio através do abdômen, em seguida falávamos
os textos, íamos descobrindo outras maneiras, mesmo com dificuldade o texto
tinha que ser orgânico.
Como
utilizar isso em cena?
Alguns
exercícios energéticos, canto com Lucía, música do início do espetáculo, todos
juntos, volume, volume e volume era o pedido, público já estava ali. Fomos para
a sala, demos início ao espetáculo.
Entro em
cena com energia, energia internalizada, como uma panela de pressão, fervendo por
dentro, era tanto que às vezes até excedia.
Como se
utilizar dessa energia em cena? Quanto é necessário dessa energia?
Foi um
grande dia, com um publico de 27 homens e apenas 3 mulheres, suas reações foram
às melhores possíveis, e ajudou no decorrer da apresentação.
Saio
feliz.
Welinton
Machado - Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
E chega
mais um dia de apresentação, eu como sempre extremamente ansioso e junto com a
ansiedade uma preocupação imensa que carreguei comigo a semana inteira, afinal a
apresentação era em Capela do Alto, minha cidade. Tinha medo de varias coisas,
como por exemplo, a do fato de não termos publico, ou se tivéssemos qual seria
a reação deles, até porque a cidade é pequena, o bairro é bem distante e as
pessoas não estão acostumadas com “isso”. Eis que chega à hora do espetáculo,
para nossa surpresa uma seção com vinte e sete homens e apenas três mulheres. A
peça foi maravilhosa e a reação do publico foi incrível, totalmente diferente
do que eu imaginava, depois disso conversamos e chegamos à conclusão de que o
nosso trabalho é voltado para todos os públicos e não apenas para intelectuais
como já disseram e que esse foi o melhor publico que já tivemos.
Elton Pinheiro – Ator do Eu Outro Núcleo de
Pesquisa Cênica
Sábado de apresentação em Capela do Alto. Após a realização de alguns
exercícios, fizemos uma “brincadeira” para descontrair, um exercício para
aliviar uma possível tensão pré-apresentação. Algo, a meu ver, que foi de
extrema importância para a apresentação, é sempre bom quebrar o gelo.
Momentos antes da apresentação o publico foi chegando, chegando e
entrando no clima do nosso espetáculo, com o nosso canto em roda.
E foi muito interessante apresentar para um público praticamente
masculino!
ENCONTRO DO DIA 23/04/2011
Jeziel Santana - ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Não é fim
de tarde, mas, é outono. A discussão teórica nos coloca a repensar sobre ação e
microação, retomamos como exemplo a cena em que a Jana veste o Felipe, como
referência da ação principal e as microações que compõem a cena, é preciso
repensar as cenas a partir deste olhar. Os jogos propostos são deliciosos, é
bom colocar o corpo em movimento, de certa forma ainda temos uma tendência em
racionalizar ao invés de jogar, de ser o jogo, mais um ponto para pensarmos e
deixar que o jogo se instaure em cena.
Marina Fazzio –atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Neste
sábado voltamos com exercícios mais pesados, sentia falta, começamos a tentar
entender o contato (não me refiro apenas ao contato físico. Parece que o mais
difícil foi compreender o que se pedia, e também entender como o outro te
“tocava”. Ainda estou organizando meus pensamentos, acho que me falta o
“start”, e talvez ele só aconteça com novos encontros.
Daniel Marchi – Ator/Audiovisual do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Dois
times: polícia e ladrões. Ladrões matam e polícia prende.
Objetivo:
Pegar a
bolinha do time adversário e trazer para o seu time.
Como a
tentativa se sistematizar as prisões e as mortes, e a ansiedade de cumprir o
objetivo de pegar as bolinhas atrapalham o jogo.
Como
estabelecer o contato e a relação de pressão entre os corpos se não conseguimos
nos desvincular da vontade de vencermos?
Nessa
ansiedade de encontrar soluções objetivas, deixamos de lado inúmeras possibilidades
de jogo.
Como é
difícil não ser objetivo!
Welinton Machado - Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Como de
costume no período da manhã fizemos nossa discussão teórica, uma conversa muito
clara da qual consegui acompanhar o tempo todo. Na parte da tarde fizemos
exercícios já pensando no espetáculo de dança. Durante os exercícios percebemos
o quanto é importante “jogar” e não querer resolver as coisas o mais rápido
possível, isso vale também para a cena. Fizemos exercícios vocais com a Lucia e
depois ensaio do “Favores da lua - O Prólogo”.
Thiago Leite – Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Saio com
uma satisfação muito grande. Primeiramente, porque as discussões acerca da
teoria caminham e, me parecem, evoluem. Segundo, porque os exercícios práticos
me fazem pensar muito no que é estar em jogo, presentificam
a estrutura Substantivo-Verbo-Verbo-Substantivo e principalmente me fazem ver
que nosso discurso, quanto proposta de investigação, se materializa na prática.
Permitir-se ao jogo é permitir-se à experiência, respeitando seu tempo e seu
desenvolvimento. Encerramos o dia com o ensaio de “Favores da Lua – O Prólogo”.
Como é importante deixar instaurar o jogo em cada uma das cenas.
Experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. (Jorge Larrosa Bondía)
ENCONTRO DO DIA 16/04/2011
Jeziel Santana - ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Que lindo
sábado! Incrível como o isolamento de Baudelaire se fez presente por vários
momentos em nossa discussão teórica, enriquecedor! A precisão que permeia nosso
espetáculo, mais uma vez é o instrumento da vez para a gravação da trilha do
espetáculo. É assim que caminhamos com os favores da lua.
Marina Fazzio – atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Novamente
vejo a teoria na prática. Tudo que discutimos sobre onde esta o pensamento no
momento em que estamos em cena, ficou comprovado no domingo, quando realizei um
trabalho que imaginava ser mais complexo do que era. Trabalhando descobri que
estávamos certos, que qualquer ação que precisasse realizar em cena era
necessária manter o pensamento dentro dela. Não precisava trazer outras
lembranças. Reforcei o que já tínhamos concluído: o ator não precisa pensar em
seu passado ou futuro para “representar”. Fiquei bastante satisfeita com o
caminho que encontramos para realizar o nosso trabalho.
Elton Pinheiro – Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Início de
uma longa conversa. Muitas coisas foram resolvidas, decisões foram tomadas e um
grande debate foi feito no nosso estudo teórico. Com um estudo feito sobre o
TCC do João, é muito interessante discutir o seu trabalho na sua presença,
quase como uma banca. É um assunto bem pertinente que rende longas discussões
gostosas.
Welinton Machado – Ator do Eu Outro Núcleo de PesquisaCênica
No
encontro de sábado não tivemos a parte prática, apenas conversamos. Conversas
de extrema importância para o grupo. Também comentamos sobre os erros e acertos
da apresentação em Iperó e esclarecemos algumas coisas.
Felipe Giovanetti- Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Seguros?
Um dia grande e produtivo, não se da pela quantia de coisas feitas, mas pela
qualidade de cada alto seja ele um ou cinquenta.No ultimo sábado tivemos um
ensaio diferente dos de mais desde o início da companhia, onde tomamos decisões
importantes, conversamos, expusemos opiniões.Esse ensaio nos foi de extrema
importância, optamos por expandir nossos horizontes e pudemos notar que há
diversas formas de se preocupar e se doar a um grupo e qual clara se faz a
seleção natural e qual obrigatória se faz a tomada de decisões e o decisor em
um espaço onde haja mais de duas cabeças pensantes. A balança serve para
apontar erros e aperfeiçoar atitudes. Após o bate-papo sobre a apresentação na
cidade de Iperó pudemos ver quão incomodo é o “desrespeito por cargos” e quão
difícil é tomar as decisões e ponto. Mas tudo foi de estrema valia para
percebermos como somos um grupo unido e capaz de vencer obstáculos.
ENCONTRO DO DIA 09/04/2011
Darlison Barros -Pesquisa Teórica/ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
A
primeira apresentação sem nosso diretor e devo admitir que um certo nervosismo
me domina e percebo que o restante do grupo encontra-se também neste
mesmo estado. Chegamos ao local e notamos as dificuldades do novo espaço. Procuramos
incessantes soluções, quando após um start chegamos à conclusão não devemos
modificar o espaço e sim jogar com ele a partir desse momento focamos nossa
energia para pesquisa que estamos desenvolvendo a respeito de utilização de
espaço.
Minha
reflexão hoje passa por questões antigas do grupo, como o espaço é capaz de
transformar os corpos e impõe novos desafios ao elenco, há um tempo não sentia
essa sensação, pois ensaiamos seguidas vezes no mesmo local, porém estamos
voltando a ensaiar em novos espaços o que modifica completamente as cenas e
consequentemente o espetáculo.
Rafael Simão – Ator/assistente de produção do Eu-Outro Núcleo de
Pesquisa Cênica
Apresentação
em Iperó: João conduziu alguns exercícios. Exercícios para aquecer a coluna e
para dar energia ao corpo antes de entrar em cena, faz toda a diferença. Coluna
bem acordada, certeza de um corpo presente. A apresentação foi maravilhosa.
Carolina Câmara- atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Sábado de
apresentação, mais do que isso, dia de estréia.
Momentos
tensos, momentos leves, primeira passada:
-Não esqueça do corpo tridimensional...Aiiiiii (Gritava para mim mesma e pensava: você sabe disso NÃO esqueça!)
-Não esqueça do corpo tridimensional...Aiiiiii (Gritava para mim mesma e pensava: você sabe disso NÃO esqueça!)
-Segunda
passada...Agora o corpo permaneceu a cena toda tridimensional, mas Carol cuidado
com a xícara..rs
Aiiii(Gritei
mais uma vez...Quando pulei no Jeziel meu companheiro de cena, a xícara voou de
suas mãos, chegando ao chão. Ainda bem que não quebrou!)
Neste
momento eu me encontrava gelada, uma mistura de prazer e medo borbulhando pelo
corpo e pensamento.
Me sinto
feliz agora por compreender as necessidades do espetáculo, acredito que as
minhas cenas tenham saído melhor na apresentação
do que
nos ensaios, pois ali sentia e compreendia o conjunto, luzes, espaço, plateia,
figurino, música, enfim.
Agradeço
a todos os envolvidos direto e indiretamente, pois todos contribuíram para mais
um dia de compreensão.
As
palavras estão nas coisas, e foi assim, com essa frase que começamos mais um
sábado. Hoje colocamos alguns pontos nos is, pontos essenciais e que irão fazer
muitas diferenças.Meu corpo se encontrava dolorido por conta dos exercícios que
havia praticado na quinta-feira 14 de abril,exercícios que irão me ajudar tanto
na parte de resistência física quanto na precisão do meu trabalho.O sábado
findou com muita alegria e realização por tudo que estamos desenvolvendo e que
vamos ainda desenvolver.
ENCONTRO DO DIA 02/04/2011
Carol
Câmara- atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
A luz no
fim do túnel brilha cada vez mais em minha direção.
Sexta-feira
ensaio extra,que prazeroso é sentir, estar - estando em cada cena,sinto minha
própria evolução,por mais pequena e boba que ela pareça, eu agora rio com ela.
Saltos certeiros, precisão pensada, analisada e aos poucos sendo utilizada em
todo o espetáculo.
Thiago
Leite – Ator do Eu- Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
No
encontro desse sábado nos dedicamos à gravação de pequenos fragmentos de
“Favores da Lua - O Prólogo” para um vídeo de divulgação. Um dia cheio de
trabalho, que faz saltar aos olhos várias relações do olhar para a cena.
Pensar na
construção de uma cena para o vídeo demanda uma reorganização do próprio olhar.
Uma nova composição. Nele, luz, som, ângulo, quadro, movimento, se estruturam
de maneira diferente do que na cena sem mediação da câmera, se faz necessário
ainda mais precisão. Compor com precisão. O distanciamento que é colocado pelo
próprio mecanismo de gravação talvez possa ser levado para a cena teatral como
possibilidade de reflexão e compreensão do rigor que o processo de criação
exige e da atitude, que se faz imprescindível, do ator que cria/age.
Daniel
Marchi – Ator/Audiovisual do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
No último
encontro pude experimentar a necessidade da precisão fotográfica e na atuação
dos atores.
Como um
ator “grandão” em cena deve se “diminuir” para caber no ponto focal exato das
lentes? Como sua “super voz” deve aparecer com um microfone bem próximo à sua
boca?
Quando
ainda trabalhava nos estúdios da UNISO resmungava quando alunos de artes
cênicas traziam seus materiais em vídeo. Tudo grande, dilatado, barulhento !!
Agora
entendo toda essa dificuldade.
Seria o
ator de cinema e vídeo, um outro ator que não o de teatro ??
Jeziel
Santana - ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Almoço
com conversa e um longo dia de trabalho pela frente. A precisão é a palavra do
dia, a experiência mexe com todo o elenco e agora temos um elemento novo (a
câmera), que sem sabermos faz pressão sobre nós. É incrível como o objeto nos
manipula, isso deve permanecer em cena – PRECISÃO e MANIPULAÇÃO.
Elton
Pinheiro – Ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Sem ter
apresentação, foi dada a largada para nosso trailer. Com isso tivemos uma ideia
de como será nosso curta. Adoro ver as cenas sendo gravadas e o resultado que
nos impressiona. Mesmo sendo um trabalho cansativo, em que os mínimos detalhes
são analisados e ficamos horas para fazer uma pequena parte da cena, eu adoro e
me sinto mais tentado a explorar esse universo.
Welinton
Machado- ator do Eu Outro Núcleo de pesquisa Cênica
E mais um
sábado começa, depois de algumas conversas necessárias decidimos que iriamos
gravar o trailer do espetáculo “Favores da lua – O Prólogo”. Oito horas, esse
foi o tempo que levamos para finalizar mais um trabalho, e pelo que podemos ver
no vídeo um excelente trabalho, pois as cenas ficaram lindas.
Clarinha
Dianesi- Produtora Cultural do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Um dia
intenso com a gravação do “teaser” do espetáculo. Desta vez posso observar meus
colegas trabalhando num outro âmbito: o do “cinema”. A repetição exaustiva, a
gravação não seqüencial...
A cada
cena a beleza de nosso espetáculo se destaca. A câmera é capaz de relevar
detalhes ainda não observados.
Parece
que a cada ensaio do núcleo a equipe pode experimentar novas formas do fazer
artístico, outras vivências.
Resta a
questão: como esta experiência “cinematográfica” poderá influir no trabalho
cênico de cada um deles?
Leila
Azevedo- atriz do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Dia de
gravação. Começamos a produzir os teasers do espetáculo. Foi um processo
bastante longo, que exigia certa compreensão do grupo na forma da realização
deste trabalho, pois, nos causou certo estranhamento, por não estarmos
habituados com este tipo de exercício de cena. Particularmente, acredito que temos
muito que aprimorar nossa visão de disciplina e doação no que diz respeito ao
“novo”.
Samira
Albuquerque- atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
A
ansiedade, que me acompanhou durante a semana toda, teve seu lugar ocupado pela
decepção em decorrência do cancelamento da apresentação em Capivari. Disso,
ficou para mim a sensação de impotência. Quantas vezes nos deparamos com
situações em que, embora haja muita disposição e seriedade de nossa parte, nos
vemos à mercê de decisões alheias? Volta a ansiedade que aguarda comigo o
próximo sábado em Iperó.
Da
decepção, partimos para os trabalhos produzidos de um modo peculiar nesse
encontro.
O teatro
no cinema. Primeira vez que participo de uma produção nesse sentido e as
impressões que ficaram dessa vivência foram a precisão na composição das cenas
e o poder da iluminação para a confecção artística, seja qual for.
Claro que
existem diferenças gigantes entre as duas artes, mas solidificou em mim a
importância da microação, o detalhe que enriquece absurdamente uma cena, e a
luz que dialoga diretamente com os atores na proposta do trabalho.
Cansaço e
produtividade caminham de mãos dadas num processo de criação. Muito curiosa
para ver na telona o resultado da gravação.
ENCONTRO
DO DIA 26/03/2011
Welinton
Machado- ator do Eu Outro Núcleo de pesquisa Cênica
Feliz e
ansioso.
Thiago de Castro Leite – Ator do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Como os fins de tarde de outono são penetrantes. Grande delícia essa de
mergulhar o olhar pela imensidão do céu e do mar. Solidão, silêncio.
A lua, que é um capricho em si...
Lua! O público quer mais! Ole!
Quero
passar, experimentar, compreender melhor. A cada vez que a cena se constrói,
mais coisas fazem sentido, mais dúvidas saltam. O exercício do ator: Criar
escritas na cena, para que o leitor (espectador) apreenda, (não) compreenda,
codifique. Quais os exercícios? Quais os caminhos? Continuar à procura de uma
ação mais justa.
Elton Pinheiro – ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
É noite,
janelas e portas cobertas, tudo escuro. Estamos prontos para um ensaio
completo. Com luz, figurino, disposição e muita vontade de ensaiar. As horas
vão passando e como num piscar de olhos passamos duas vezes o espetáculo.
Detalhes na maquiagem foram feitos e ainda tivemos tempo para aproveitar um
pouco mais da noite gostosa e produtiva que tivemos.
Daniel Marchi – Ator/Audiovisual do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Somos
tantos e tantos lugares que é quase impossível de acreditar que o Eu-Outro NPC
consegue reunir todos esses profissionais.
Cosmopolita
seria o termo correto?
De
qualquer forma, seguimos viagem com os Favores. E que Capivari abra nossa
temporada!
Samira Albuquerque- atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Somas.
Ações.
Pesos.
Pontuações.
Balança
que pende e pesa nos ombros.
Ombros
que carregam por muitos.
Instituição.
Fusão de objetivos pessoais.
Cobrança
– ação se cobra?
Pré-posições
estáticas.
Coerência,
escrita e agida.
Pronomes
pessoais e determinados.
Nomes
qualificados, mas desconhecidos.
Então, é
pelo suor. Não de uma. Mas de todas as camisas.
Lavadas à
mão. Com sabão de coco.
No breu a
pressão das cores amarela, vermelha, verde e azul.
O pão que
deixei de dar.
O preto e
o branco que deformam. Acentuam e apagam.
Dores.
Meu
possível.
O
transporte perdido.
Caminhar
distraí o corpo da mente. Mas a mente não se distrai das inquietações.
São
tantas.
Minha
quimera me acompanha entre ruas e rostos desconhecidos.
Garras
cravadas no meu peito há quantos anos que já nem incomodam mais.
Se ela
fosse embora eu poderia sentir saudade.
Procuro a
Lua no céu e rogo a ela, a Deus, ou a quem puder me atender.
Não peço
fortunas. Não peço paixões. Não quero conforto e nem quero entender.
Elaborar.
Re-significar. Não. Nada disso. Cansada de tudo isso.
Esquecer.
Só quero esquecer.
Dá para
abrir os olhos e não lembrar de mais nada?
Quando se
é criança, tem-se a falsa idéia de que adulto não sente medo.
Medo.
Medo do Medo. Horror. Pavor. Pânico.
Leva-me a
crer, nessas horas, que a ignorância chega a ser uma virtude.
No meu
universo espero.
Sento e
espero.
Só eu
escuto as batidas do martelo?
Carolina Câmera- atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
A lua
chegou com o ensaio, com o ensaio chegou espaço novo e ponteiros fora do lugar
comum.
O novo
que não é novo se apresentava de uma outra forma, mais bonito porém menos
aconchegante. Quero agarrar, quero sentir, quero estar já estando. Desejosa
pela estréia!
ENCONTRO DO DIA 19/03/11
Daniel Marchi – Ator/Audiovisual do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
1)Sinto
um frio na barriga [e nem é Gelol! – piada interna] com as apresentações
chegando!
Eu tento sempre olhar para o Favores da Lua – O prólogo com um olhar profissional, sem me deixar levar pela beleza das palavras do Baudelaire. Mas eu realmente fico deslumbrado com a beleza e a força gigantesca deste espetáculo.
Eu tento sempre olhar para o Favores da Lua – O prólogo com um olhar profissional, sem me deixar levar pela beleza das palavras do Baudelaire. Mas eu realmente fico deslumbrado com a beleza e a força gigantesca deste espetáculo.
Em breve,
Capivari. E eu vou me deixar levar por todas essas sensações !!
2)) No
nosso último encontro passamos um bom tempo falando sobre nossas angústias
pessoais. Isso me levou a uma série de reflexões sobre o grupo e sobre o
cuidado que temos uns com os outros na companhia. Isso muito me comove.
Não sei
ao certo se este espaço me permite discutir essas coisas, mas entre as
discussões, falávamos dos nossos relacionamentos e a dificuldade dos nossos
companheiros(as) em compreender nossas escolhas profissionais e nossas escolhas
de vida.
Esta
semana escolhi ficar perto da minha família. Meus pais sempre me ensinaram que
a maior riqueza de um homem é a sua sabedoria, o que fazem deles pessoas
extraordinárias.
Eu
compartilhei este desabafo na mesa do jantar, e minha mãe, muito sábia, me
disse:
“Não
existe felicidade onde outra pessoa decide seu destino, não há felicidade onde
seu companheiro escolhe o que você vai fazer, o que você vai vestir e com que
você vai andar.
Não existe felicidade onde existe a constante ameaça de rompimento caso
você não jogue o jogo proposto por uma das partes.
Isso está longe de ser amor, e muito perto de ser doença.
O amor nunca aprisiona, o amor liberta...”
Acredito
que as palavras da minha mãe possam nos servir nesta partilha.
Um forte
abraço.
Clarinha Dianesi- Produtora Cultural do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
Falo hoje
sobre a partilha mais do que sobre o ensaio, já que foi ela quem mexeu comigo.
Ver as pessoas se abrindo, se expondo e confiando inteiramente em todos e o
quanto o grupo é importante para cada um. Percebo que nosso núcleo é mais que
um trabalho, apesar de todos o tratarem como tal e o respeitarem. É um projeto
de vida que acrescenta nas nossas vidas pessoais e principalmente nas nossas
vidas pessoais. Por isso a cada dia a dedicação para a realização deste grande
projeto se torna mais forte e intensa. É muito bom trabalhar com todos vocês.
Obrigada.
Larissa
Bassoi – Atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica.
Encontro
branco...
Sonho
interrompido pelo toque nada sutil de um despertador.
Manhã com
gritos selvagens de Leila em descoberta, assim começamos, revendo a cena, e
encontrando novas possibilidades para; enquanto eu revia anotações que
utilizaria à tarde. Nervos.
Ao chegarem
todos, Baudelaire nos levanta questionamentos, novas formas de enxergar algumas
cenas. Mudanças para tarde.
Almoço.
Duas e
quinze, ao receber um sim no dia anterior começo a parte da tarde com um
aquecimento corporal, me senti muito a vontade e feliz com essa primeira
vivência, poder experimentar junto com meus companheiros um pouquinho do
aprendizado adquirido na oficina do lume, algumas relações que fui fazendo
durante com a nossa peça. Risos, canções, coluna, abraço.
Ensaio
Favores da Lua – O prólogo, cena do pão com a nova visão sobre a parte da
manhã, ensaio completo. Partilha.
Frios na
barriga, agradecimentos, cobranças, sorrisos, dúvidas, medos, silêncio,
sutilezas, não, decisões, choros, franquezas, declarações, apoios, união.
Palavras ocorridas no final, e tudo seguido de uma leveza gigante. Juntos.
Mais um
dia feliz. Realizada.
João
Armando Fabrro- ex-ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Corpo em
Colapso...
Turista,
sim, sou um turista em mim... Estrangeiro naquilo que julgava conhecer
tão bem. A casca é forte, agüenta varias passadas, batidas, tombos certos e
errados que formam calos e calombos. Uma, duas, dez vezes se preciso e até
mais, a casca é forte... No entanto o aquilo que é guardado é novo, sempre
novo, e não quer mais ser guardado, precisa ser compartilhado, partilhado,
mesmo que contraditório a todo dia, o distanciamento faz se necessário, uma vez
que guardá-lo já não é mais possível.
Fácil
seria se não me movesse estar junto; fácil seria se eu simplesmente não
quisesse ser outro, tantos outros que me movem silenciosamente com suas tão
sinceras e felizes presenças, angustias, sonhos e vontades... Seria
tanquilamente fácil se fosse apenas um passa tempo momentâneo, apenas mais uma
tarde de sábado, apenas pessoas e não seres sendo...
No dia
seguinte o corpo acordou febril, dolorido, fraco e sem vontade de viver. Na
segunda um desmaio logo pela manhã, mais febre, mais dores, ânsias feitas e
desfeitas. Quando se colocam muitas coisas para fora de uma vez só, corre-se o
risco de não ter mais estofo...
Hoje é
nada, e como Manoel de Barros, gostaria de ter profundidade sobre o nada...
Agradecido!
Felipe
Giovanetti- ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Tem dias
que a gente se sente como quem partiu ou morreu”
As minhas
manhãs são sempre flores no Eu-outro núcleo de pesquisa cênica, contudo às
vezes até as flores mais cativantes possuem
espinhos.
Nesse
momento de discussão teórica, troca de pontos de vistas, vivencias, em especial
nesse sábado, foi para um tapa na cara com luvas de pelica, como já diria o
proverbio. Quando analisamos cenas aonde a falsidade de vida, o mimo, os ideias
conversam e a conclusão a qual chego é para quem eu estou vivendo revolto em
tantas capas rebuscadas?
Nesses
momentos vemos qual material é nosso trabalho a ponto de interferir claramente
na vida pessoal de cada
um.
Um dia
repleto de emoções desde a manhã ao ensaio e para finalizar a partilha por
palavras de diversas pessoas, que nos ajudam, nos põem a refletir, a discordar
e a
entender.
Por
dias como esses fica obvio a família em trabalhos que somos, mediante a tanto
profissionalismo, atenção ao trabalho, ainda sobram espaços preenchidos por
compromissos profissionais que lhe permitem experiências para vida pessoal.
Jeziel Santana - ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Parece
uma orquestra inteira o som do celular que nos desperta, em seguida recebo um
tratamento sutil de minha querida lua (Larissa) os risos se manifestam logo
pela manhã, engraçado como o isolamento do Baudelaire está presente até em
nossos sonhos. É necessário um ensaio extra para a cena que já teve vários
nomes – piquenique, chicote, mulher selvagem, show de horror e etc.
Assistir
o ensaio aberto de um espetáculo de dança foi incrivelmente inspirador e
reflexivo, como a arte é transcendental, como quebra qualquer barreira que a
sociedade constrói. Manter-se distante das análises dos poemas é difícil, é
incrível como há um envolvimento, a empatia toma conta de alguns atores, a
discussão se prolonga.
As
cantigas de roda me fazem um bem danado, o Felipe com sua criatividade e poesia
as deixa muito mais divertidas.
O retorno
do almoço com as atividades conduzidas pela Larissa é incrivelmente delicioso.
Favores da Lua, suor, luzes coloridas, figurinos, um público, partilha, tensão,
emoções, reflexões, medos, angústias, carinho, declarações públicas,
e decisões.
ENCONTRO DO DIA 12/03/2011
Clarinha Dianesi – Produtora Cultural do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
Manhã de
sábado: estudos voltados ao Favores da Lua – O Prólogo. É impressionante o
tanto de coisas que ficam esquecidas, passam batidas. Voltando aos originais do
Baudelaire vejo quantas nuances ficaram para trás na correria de fazermos o
melhor. Esse tempo de amadurecimento do espetáculo tem sido de grande valia.
Todos crescem muito com isso.
Tarde de
sábado: casa! Não agüentei de dor. Fiz o fluxo de caixa em casa mesmo, com o
pezinho para cima e com muito gelo. Senti muita falta de estar no ensaio.
Cresço muito vendo o trabalho de todos evoluindo. Ansiosa para sábado.
Welinton Machado - ator do
Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Essa foi a primeira vez que assisti
"Favores da Lua - O Prólogo", mesmo sendo um ensaio e com mudanças
técnicas pude compreender porque o grupo gosta tanto da peça. Realmente a peça
é apaixonante e como foi comentado no ensaio é possivel ver a teoria na
prática. Mesmo estando sentado só assistindo me sinto como se estivesse
participando de um exercício, acho que isso se deve a forma com que o nosso
diretor conduz o ensaio. Agora é só aguadar as apresentações e desejar muita
merda para nós.
Leila Azevedo- atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Está
difícil...Pra mim essa palavra está fazendo parte da minha vida essa semana –
em muitos sentidos, (*desculpe acho que isso deveria ser dito na partilha e não
aqui, mas é que realmente está difícil; até a minha capacidade de raciocinar e
colocar as idéias no lugar está complicada!)
Mas, faço
um esforço, afinal tenho responsabilidades para com o grupo e para comigo
mesma. Acredito que foi super importante analisarmos novamente e sob uma nova
perspectiva os poemas...pra mim em específico, depois de um longo tempo
afastado de Baudelaire e de todo o universo que envolve nosso
espetáculo, ta sendo valiosíssimo relembrar e re-analisar, sua
estrutura suas dificuldades, enfim...realmente é um novo espetáculo, e como eu
disse na partilha, me sinto uma nova integrante, minha pesquisa agora é
outra, não enquanto ao espetáculo mas enquanto a personagem, está sendo uma
delícia, é gostoso essa reestruturação, é gostoso eu falo enquanto ao trabalho
de ator, parece que a todo momento a gente é colocado em “xeque”, ou seja,
sempre aparece novos desafios, a gente nunca chega a permanecer na zona de
conforto, mesmo aqueles que não passaram por personagens diferentes no
espetáculo sofreram mutações durante o percurso, e isso é maravilhoso.
Carolina
Câmara- atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Confusa,perdida,nervosa,mas,FELIZ!
Estar no Favores da lua é um grande desafio e uma grande honra!
Estar no Favores da lua é um grande desafio e uma grande honra!
Darlison Barros Pesquisa Teórica/ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
Finalmente
após meses de trabalho meu corpo começa a entender praticamente a questão da
coluna.
Fiquei
muito animado neste sábado, pois nossa apresentação se aproxima, tenho certeza
que será especial, pois além do amor que todos nós do Eu-Outro temos por esse
espetáculo, será também a primeira estréia na peça de alguns integrantes do
núcleo, e com eles novos corpos novas maneiras de se realizar uma ação, a
passagem do subjetivo ao verbo começa a ficar mais clara em alguns dos meus
companheiros isso me incentiva a buscar e a compreender cada vez mais essa
transição.Saio deste ensaio com um pensamento, Como dizem os grandes artistas
para se obter sucesso é preciso 1% de inspiração e 99% de trabalho/suor.
Elton Pinheiro – ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Após uma
semana de carnaval intensa, dedicada e animada que o núcleo nos proporcionou, o
retorno aos ensaios foi muito esclarecedor. Com estudo mais detalhado, uma
analise mais profunda sobre o espetáculo, novas mudanças e perspectivas foram
acrescentadas ao “favores da lua – o prologo”.
A cada
semana, a ansiedade das apresentações e do projeto começar aumenta e é uma
ansiedade muito boa de se sentir, pois acredito no nosso trabalho.
Jeziel Santana - ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Mais um
dia chuvoso, a água que cai precisa levar consigo o cansaço, que de alguma
forma toma posse dos corpos. O momento de análise dos poemas de Baudelaire nos
faz olhar para o nosso espetáculo e retomar algumas coisas que ficaram
perdidas, isso me faz bem. Retomar o ensaio do espetáculo Favores da Lua: O
prólogo me deixa feliz quando revejo a cena da Janaína... “enfim sós”.
Daniel Marchi – Ator/audiovisual – Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Após o
carnaval, corpo ainda cansado, dores de uma gripe que ameaça se manifestar em
breve.
O
rendimento do ensaio visivelmente foi baixo, o que me prova que minhas horas de
descanso são triviais para o trabalho. Talvez tenha sido minha primeira
experiência neste sentido.
Como
lidar com a fadiga e as dores no corpo quando se está em cena?
O que
posso extrair deste corpo gripado que me possa ser útil?
Poderia
sim me descobrir mais nesta pesquisa, mas sinceramente, espero estar muito bem
para o próximo ensaio!
ENCONTRO DO DIA 05/02/2011
Por João Armando Fabrro- ex-ator do Eu Outro núcleo de Pesquisa Cênica
Manhã
confusa. Muitas informações que não convergem no meu desconexo sábado: carnaval,
festa, favores, bebidas, conversas, compromissos, agilidade... Falas são
atropeladas e meus pés gelados não querem pisar o chão que temos...
A volta é
rápida também. Atropelo-me em processos e me percebo cansado, sonolento. Fixar
o olhar significa ir longe na translucida visão daqueles que estão prestes a
cair no sono. Estou letárgico...
Algumas
mudanças, risos, clima leve e chuva fria que se mistura à delicada e fina
sonoplastia. Os pés, ainda gelados incomodam profundamente. Inquieto, apenas
observo. Quando solicitado o cansaço parece se dissolver. Corpo desperta e
busca ser ágil, mas não está concentrado, está longe e disperso... Uma inquieta
sensação de insatisfação para comigo me toma antes do fim... Não houve fim, e
está sensação se sentiu no direito de se estender ao longo da semana... Talvez
sejam os pés gelados, ou uma nuvem de chuva, ou qualquer outro talvez
insólito...
Welinton Machado - Ator do Eu
Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
O sábado foi bem corrido, de manhã conversas
necessárias sobre o carnaval. Durante o período da tarde ensaio do
"Favores da Lua - O Prólogo". Adorei assistir o ensaio, afinal nunca
havia assistido à peça. No domingo a ansiedade me dominava, era o dia de
desfilarmos com o nosso bloco. O desfile foi demais, sentir a energia do povo
não tem explicação, a festa depois do desfile também foi ótima. Na terça lá
estávamos nós de novo pra mais um dia de desfile, imaginei que tudo seria bem
mais fraco, mas me enganei totalmente, a quantidade de pessoas e a energia era
praticamente a mesma, ganhamos muito merecidamente o premio de animação e
melhor fantasia. Quando acabou fiquei com a sensação de dever cumprido.
Marina Fazzio- atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Me vejo a
espera de um novo e ainda presa ao velho. Todos nossos projetos me deixam
agitada, quero fazer tudo sem parar. estou morrendo de vontade de apresentar
nossos espetáculos. É tudo muito gostoso. Fico muito feliz por ver todos com
vontade de trabalhar\apresentar.
Por Dalison Barros- ator do Eu Outro núcleo de Pesquisa Cênica
Foi um
dia bem corrido, voltamos nossa atenção para o espetáculo favores da lua-o
prólogo.
No outro
dia uma grande ansiedade me consumia não parava de pensar em nosso desfile que
ocorreria a noite. Mas no fim tudo saiu como esperado e a sensação de desfilar
e ver crianças e pessoas cantando nosso enredo ou pelo menos pulando conosco
foi incrível.
Na festa
que realizamos tenho que partilhar com todos uma surpresa feliz, Andresa me
surpreendeu positivamente em vários sentidos. D muito Obrigado!
Agradeço
também outros integrantes como Jana e Ber que com muita paciência se
disponibilizaram a fazer não apenas minha maquiagem, mas a de outros
integrantes.
Leilinha
a você um grande abraço a nossa maravilhosa princesa, seu sorriso sua simpatia
conquistou a todos na avenida de modo que alguns momentos lhe chamavam de
rainha, e a voz do povo é a voz de Deus.
Apesar de
não citar todos os integrantes do núcleo aqui, muito obrigado se não fosse por
cada um de vocês não haveria um desfile tão belo, então a todos os que fazem
parte e que contribuirão diretamente ou indiretamente para o sucesso do nosso
bloco meu MUITO OBRIGADO!
ENCONTRO DO DIA 26/02/2011
Por
Jeziel Santana - ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
A
vertigem
Na cidade
de Tatuí, um grupo de pessoas sai para reconhecimento do local de trabalho. As
estratégias de ataque e defesa começam a serem desenhadas, parece que os vilões
planejam raptar alguns integrantes do Eu Outro Núcleo de Pesquisa, é preciso
colocar em prática o corpo atenso, a vertigem se manifesta; um vilão não
suporta e é derrotado por ela. Os heróis precisam defender a cidade, lutar nas
alturas, voar, escalar andaimes, dilatar os movimentos e vencer. Ufa!!!
Felizmente os heróis possuem sua sede num país tropical onde o samba é sua
música, os heróis comemoram a vitória ao som de Favores da lua, o estado de
corpo agora, mesmo estando em solo, também é vertiginoso, será a vertigem uma
aliada dos heróis/atores?
Por
Darlison Barros - ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Entre
heróis e Vilões...
Bolhas
nas mãos
Hematomas
pelo corpo
Dores na
garganta
Cansaço
Tudo isso
me causa uma grande alegria, pois volto para casa com o sentimento de dever
cumprido.
Por Leila
Azevedo- atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Nossa!
Tivemos um dia de trabalho bem diferente! Acredito mais divertido que penoso;
contudo, apesar da diversão, todos estavam focados em obter um bom desempenho,
pois, estavam todos diante de uma situação nova, inédita ao nosso trabalho
corriqueiro, porém, não era inédita a disposição do trabalho do ator diante da
dificuldade com o espaço, afinal, este fator tem sido a base que nos move em
nossas pesquisas e estudos enquanto corpo-ator.
Por
Larissa Bassoi- atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Em meio a
devaneios busco certo entendimento, certa compreensão.
Caminho
entre símbolos, sonhos, luzes, certa tridimensionalidade nas coisas, no outro,
na relação com o outro seja ele pessoa, seja ele objeto, espaço.
Deparo-me
com torções, essas que podem funcionar em cena, e torções que bagunçam aqui
dentro.
Pesquisas,
filósofos, teorias, me intrigam e me perturba, a sensação de não saber como
“linkar” uma coisa na outra, como deixar isso orgânico, e levar isso para cena.
Ao mesmo tempo em que tenho certeza que chegaremos a algum lugar; adquirimos
confiança no trabalho, uns nos outros, o que fortalece o grupo.
Assim vou
me deparando com certezas e incertezas, questionamentos, vou descobrindo a cada
dia uma nova possibilidade, uma nova maneira, de como ser e estar sendo, uma
explosão aqui dentro, às vezes contida às vezes gigante, mas sim, me
descobrindo, me realizando, e saindo feliz a cada encontro...
Por Érica
Azevedo- atriz do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Poder ser
parte disso nesse tempo me provoca um emaranhado de sensações que, felizmente,
vão na direção contrária do que eu considero confortável. Felizmente porque
desconforto, nesse caso, tem a ver com estar em movimento, assumindo riscos,
encontrando dificuldade... e dessa forma ganho a possibilidade de crescer
e me superar.
Pra
tentar vivenciar o grupo e todas as propostas o mais plenamente possível eu me
dôo, e faço isso com a tranqüilidade de saber que nem um pingo do meu suor e do
meu tempo são mal utilizados. Presencio o tempo todo evidências da acuidade e
da responsabilidade do Núcleo com o próprio trabalho. Por trás dos resultados
há estudo, reflexão e experimentação. Pequenas características individuais são
percebidas e utilizadas, o que requer grande sensibilidade e torna o processo
ainda mais proveitoso. E faz ainda mais sentido quando constato que os
princípios do Eu-Outro são os meus princípios.
A cada
descoberta me convenço de que o caminho que estou iniciando é mais árduo e
delicioso do que pensei, e isso me dá uma baita fome! Preciso lidar com esse
apetite, já que me frustra não conseguir alcançar o prato principal... mal
comecei a saborear a entrada.
Enfim, no
que eu puder estar, vou estar. No que não der, é porque outro processo pede pra
acontecer primeiro... e como resultado dessa ordem que se estabeleceu, talvez
em um próximo momento eu esteja / seja(!) mais...
ENCONTRO
DO DIA 19/02
Por Felipe Giovanetti – ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Estar no
Eu-Outro é como estar em um sonho, contudo um sonho palpável. Um sonho onde
cada loucura se passa nos exercícios, nas atividades, onde nossos esforços são
tidos em cada movimentação corporal, em cada limite superado.O alimento para
esse sonho acontece no momento em que os estudos sobem ao palco, no instante em
que o grupo se reúne e troca experiências, compreende melhor a trajetória da
arte que tanto prezamos e amamos e que nesse tempo se mostra tão infinita, tão carente
de atenção e a cada nova aprendizagem o sentimento de não conhecer nada só
aumenta e isso nos instiga a ser um grupo de pesquisa cênica com mais força a
cada novo encontro.Esse grupo se descaracteriza como um grupo quando estamos
juntos e se torna uma família em trabalho, em carinho, em apoio e em respeito.
Thiago Castro Leite- ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
COMPOSIÇÃO É A PALAVRA
Dois braços, três pernas, cinco
pescoços.
Por favor, dois cubos de
diferentes tamanhos...
Um corpo tridimensional, mais 9
lanternas...
Mais pressão, a luz amarela
pressiona.
Um pé, outro pé... Uma boca...
Palavra.
Qual som preenche e pressiona
essas imagens?
Um barco se move no mar...
Penteie seu cabelo... Penteie seu
cabelo...
Um corpo atenso... um corpo atento...
Prolongamento...
Na liberdade do movimento do
samba
A princesa atensa, atenta esbanja
um corpo cênico.
É preciso esforço, é preciso
reforço, é preciso estar inteiro e relaxado...
E ao fim o herói se reconcilia,
Depois da falha trágica, do
pathos,
O mito, universal.
Por João Armando Fabbro – ex ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
Peso e
dor de um ciclo inquieto...
Hoje a
cabeça parece não me pertencer, é a cabeça, não a minha cabeça. Pesa, dói,
pensa mais do que eu gostaria que pensasse. As palavras nela se perdem e em mim
busco olhos mais presentes, mas não há. Os textos propostos atacam minha ética
e minha moral: acho-os chato, mas deveria achar interessante – hoje não – então
me acho burro e me conforto.
Ao final
da manhã uma pouca conversa que propunha outra no começo da tarde. Almoço
aflito e chego trinta minutos antes. Conversamos. A confusão explode e a
angustia por não ter tido oportunidade de mais tempo para falar me toma mais e
mais... Descontraio-me sumindo de mim, desligando-me com pensamentos
desconexos, pensamentos coisas que fogem a qualquer substantivo... Começamos a
cantar. Meu relaxamento é tenso e meus ombros parecer tencionar o dobro quando
me preocupo. Ainda não me acostumei com as diversas pausas ao longo das
propostas, isso me leva a crer que estou em outro tempo de trabalho, um tempo
de experimentação que talvez necessite do erro para possibilitar um acerto mais
meu – mesmo não crendo nos erros muito menos nos acertos – tempo este que não
temos com apenas um encontro na semana. Coloco-me em xeque, não temos tempo e o
pouco que tenho não estou sabendo utilizar. Cobro-me daquilo que gostaria de
ter. Mais encontros na semana? Mais tempo? Ou talvez fosse mais comprometimento
no curto tempo? Estar junto estando distante? Fazer-se presente por interesse e
compromisso? Talvez sim, talvez não... Os exercícios e as novas propostas hoje
são menos dissociados do trabalho “cantado”. Pregamos a não separação do corpo
e da voz, mas separamos o trabalho, estabelecemos está dicotomia. Como ser uno,
como corpo e voz ser “corpoemvoz”? Não sei, e é justamente ai que bate a
angustia do tempo, da necessidade de mais tempo de pesquisa, de trabalho,
estudo... Não sei... Belas propostas, boas idéias, lindas imagens, mas quero
estar em tudo isso de forma mais concreta, ser a imagem e não apenas
contemplá-la. Grande parte de tudo ainda me é elucubração. Preciso tornar minha
imaginação orgânica transformando as imagens em ações... Em fim, é só o começo,
de um novo recomeço...
Por Clarinha Dianesi - atriz e produtora do Eu Outro Núcleo de Pesquisa
Cênica
Tem sido
muito agregador nossos estudos teóricos, fazendo com que o sábado já inicie-se
produdivo e estimulador. Em seguida adentramos na parte prática de nosso
trabalho e eu, que não participo dos exercícios e das montagens, prendo-me ao
trabalho de todos, vendo florecer diante de mim novos espetáculos (O Touro
Branco e Favores da Lua - O Diário de Bordo) e o aprofundamento do trabalho com
Favores da Lua - O Prólogo. Cada novo movimento contém uma ramificação de
significados que estão embasados pelos estudos teóricos e pelos exercícios
realizados.
Resta-me
apenas iniciar os projetos dos próximos espetáculos para iniciarmos parcerias
para realizá-los e ir em busca das novas apresentações.
Por Thiago Castro Leite – ator do Eu Outro Núcleo de Pesquisa Cênica
P-O-R U-M
C-O-R-P-O T-R-I-D-I-M-E-N-S-I-O-N-A-L
Estar em
cena, mais que um estado físico e corporal pressupõe principalmente o diálogo.
E ao falar em diálogo não se pode pensar apenas na emissão de um texto, falado
ou cantado. Quer-se dizer, aqui, de um momento em que os criadores da obra, ao
estarem prontos para a cena, estão prontos para ouvir, para falar, para
iluminar, para pressionar. Favores da Lua, mais que uma obra de arte nascida a
partir dos textos de Charles Baudelaire e imagens de Paul Gauguin, é o diálogo
entre seres humanos consigo e com os elementos que compõem a cena. Um ponto
convergente que necessita de espaço para a respiração, para que o pensamento
ganhe corpo, para que as ações se clarifiquem e se propulsionem no outro
(ator/público). Durante nosso processo, vários foram os temas de discussão e de
proposições para o estar em cena. Buscamos um corpo que responda aos estímulos
que são lançados ao espaço cênico, por meio da pressão da luz, dos atores, das
palavras ou da música. Esse corpo que se constrói em uma relação dialógica com
esses elementos, que se configura como a argila pronta para ser modelada e
remodelada, tanto aos olhos do encenador quanto daquele que atua como
espectador, que confere à obra uma leitura única e singular devido a todo
histórico que o levou àquele momento, é o que chamamos de C-O-R-P-O
T-R-I-D-I-M-E-N-S-I-O-N-A-L.
Por Lucía Spivak - Pesquisadora vocal e atriz do Eu Outro NPC
Eu nasci
do outro lado da fronteira. Lá onde a rua cheira a tango e as manhãs e
tardezinhas transcorrem com o chimarrão de mão em mão... Depois, fui
crescendo e comecei namorar a arte. Primeiro foi a música, que me escolheu de
um jeito irrecusável. Logo depois, o teatro que sempre ficou aí, me
paquerando sem definir nada muito certo. A dança ocupou sempre o seu posto
certeiro de ser a que me da felicidade ao mexer o corpo... Mas foi através da
música que acabei atravessando a fronteira e cheguei com as minhas malinhas
cheias de sonhos a essa terra na qual me apaixonei na hora.
O que eu
certamente não imaginava era que seria aqui, no Brasil, nesse lugar
estrangeiro, com uma língua diferente e longe da família, aonde o teatro
chegaria para se plantar de cheio na minha vida... Ela é assim essa vida, nos
leva por onde menos pensamos (aí que esta a graça da coisa). E assim foi que
conheci ao Juliano Casimiro e, por pura intuição, peguei a mão dele e me deixei
levar. E o bem que fiz! Ele me levou com muita doçura, eficiência, profundidade
e prazer a entender que não sou uma musicista que quer brincar de atuar, se não
uma atriz com todas as letras. E depois, foi além e me mostrou como ser
profissional e humano ao mesmo tempo, e como melhorar a própria experiência da
vida através da arte. E como se tudo isso não fosse suficiente, o caminho nos
levou (com bastantes pedras no meio!) a formar esse maravilhoso grupo que é o
EU-OUTRO, onde acontece algum tipo de magia louca, de vontade comum de criar,
jogar, estudar, melhorar, crescer, inventar, experimentar, amar, ajudar entre
tantas outras coisas...
Então
aqui estou hoje, desse lado da fronteira, assobiando baixinho algum tango,
tomando um chimarrão sozinha ou com algum brasileiro corajoso. Feliz de ter
achado esse grupo de pessoas para caminhar juntos até onde seja que o caminho
nos levar...
Diário de bordo de ensaios de Jeziel Santana -ator do Eu Outro NPC
Depoimento 1:
Olá, meus queridos!
Hoje
baixou a “Dita” em mim, e resolvi lavar o meu carro e como todo virginiano sou
detalhista, portanto é claro que vou demorar mais que qualquer outra pessoa pra
limpar este bendito carro... hehe
Alguns
devem se perguntar, porquê resolvi falar isso. Durante o meu processo de
limpeza do carro comecei a perceber como minha coluna conduzia meus movimentos
para conseguir limpar os cantos, que só os virginianos vêem, alguns momentos eu
me contorcia todo. Outra coisa que percebi, era o quanto eu forcei o meu
abdômen para limpar o carro, principalmente quando fui encerar, até porque eu
troquei de braço (usei por várias vezes o braço esquerdo, para não cansar
muito) e como eu percebi os músculos do abdômen “presentes” de certa forma
estavam contraídos, mas havia certa agilidade em meu corpo para conseguir o
resultado, que era o brilho do carro.
Comecei a
pensar, sobre a pergunta que o Ju fez no diário de bordo que depois eu também
fiz o meu, para estudar um pouco mais sobre o corpo atenso, e aí, a pergunta
volta a minha cabeça. Será que é este corpo que deve ir à cena? Este que está
presente, que não tenciona, que é guiado pela coluna, que é orgânico, afinal eu
não tinha preocupação alguma em mostrar nada a alguém, pois acredito que este é
um grande problema meu; parece-me que as vezes, de forma inconsciente, quero
sempre mostrar ao invés de ser o substantivo.
Mas, ao
mesmo tempo em que encontro a resposta para a minha pergunta e do Juliano,
continuo o questionamento se este corpo pode estar em cena.
Depoimento 2:
Substantivo
– verbo – verbo – substantivo
Exercício
que devemos utilizar a cena em que o artista “trabalha” em sua obra de arte.
Em dupla
deveríamos explorar a atividade de um artista plástico com seu respectivo
material de trabalho. Em princípio a atividade deveria ser explorada
individualmente, até cada dupla definir quem seria a obra de arte e o artista;
este deveria ser “moldado” a partir da coluna do artista.
Comentários
sobre o exercício:
Observado
que havia um esforço muito maior no rosto, que na coluna de onde deveria partir
o movimento para realizar as ações.
Há uma
diferença entre o corpo cotidiano e o corpo “atenso”. Em exercícios anteriores
eu já fazia a pergunta a mim. Qual a diferença destes corpos? Já que preciso
entrar em cena com o corpo que tenho, este corpo que não precisa tencionar, não
precisa relaxar, é o corpo com o qual me relaciono com família, amigos e
colegas de trabalho, este corpo que corro, caminho, pratico esportes, durmo,
como, etc. Será que por pensar desta forma que o Juliano não vê a diferença
entre os dois corpos, em mim, na execução do exercício?
O corpo
“atenso” não deve ter o olhar para dentro, não precisa tencionar os ombros ou
qualquer outra parte do corpo que o ator venha escolher, mas é preciso
prontidão, agilidade, sentidos aguçados (os cinco sentidos) e que este corpo
“atenso” seja natural e verossímil para quem o assiste.
Acredito
que ainda há uma grande preocupação em mostrar e não de ser a ação. É
necessário encontrar um estágio de plenitude de ação, onde não há preocupação
com o resultado, mas há uma atenção com o processo, que o objetivo torne-se o
processo e por este processo o resultado seja uma conseqüência.
O que é
necessário para despertar o corpo “atenso”?
Como é
este processo?
Por Karine Andrade ( ex- atriz do grupo)
Para mim
foi um prazer único fazer parte desse espetáculo. Onde a magia, o encanto, e os
sonhos, se misturavam com a realidade. Num trabalho de extrema competência,
maturidade, comprometimento, responsabilidade e amor à arte, que é fundamental
para que a peça tivesse o resultado que teve e a importância que ainda tem.Um
trabalho que marcou minha vida e que acrescentou na minha experiência como
atriz e fez que eu amasse ainda mais o que faço e tivesse ainda mais certeza de
que é possível um teatro de qualidade e paixão onde quer que a gente se
encontre. Basta que estejamos com gente que vale a pena, para que o trabalho e
o resultado valham a pena também.
Por Marina Fazzio - atriz do Eu Outro NPC
Com o núcleo descobri que todas aquelas
experiências que muitos dizem que o teatro pode dar, são possíveis. Através dos
exercícios e ensaios começo a descobrir o homem e a profissão. Nele me encantei
com plenitude pelo teatro.
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